Mais
uma vez Jesus usa uma história sobre os acontecimentos do dia a dia para
ilustrar verdades espirituais, e mais uma vez o contexto é a vida agrária comum
àqueles que O estão ouvindo. Nesta parábola, há fatos e situações semelhantes à
anterior, porém, com sentidos diferentes. A ilustração retrata a coexistência,
neste presente mundo, dos filhos de Deus, comparados à boa semente, e os filhos
do maligno, retratados pelo joio. Da mesma forma que na parábola do semeador,
Jesus não fornece a interpretação para a multidão, mas, depois que Ele se
retira (v. 36), e diante do pedido de seus discípulos, a explicação é dada. Bem
fizeram os discípulos em não “arriscarem” uma interpretação baseada no próprio
conhecimento ou na experiência anterior – do Senhor é a Palavra e o verdadeiro
sentido também vem dEle (Gn 41.16; Dn 2.28).
Jesus
compara o reino dos céus a um homem que semeia boa semente no seu campo. Na
interpretação, o semeador é o Filho do Homem, o próprio Jesus, e a boa semente
são os filhos do reino, os crentes de todas as épocas, gerados pela Sua
semeadura. Podemos entender a existência do reino de Deus e a operação de
Cristo desde o princípio de tudo – Ele é o dono do campo (Jo 1.1). Ao comparar
os filhos do reino ao trigo, Jesus enobrece seus filhos. O trigo era a
principal fonte de alimento da época, responsável pelo sustento e manutenção da
vida. Aqui vemos a grande tarefa e responsabilidade da Igreja: alimentar o
mundo. A parábola diz que, dormindo os homens, veio o inimigo e semeou o joio
no meio do trigo. Em razão do joio, nos seus primeiros estágios, ser muito
parecido com o trigo, ele só é notado depois de crescer. Jesus explica que o
joio são os filhos do maligno e o inimigo que o semeou é o Diabo, o adversário.
As expressões “dormindo os homens” e “retirou-se” falam que a operação do
inimigo normalmente não é notada.
Embora
para muitos seja desejável uma situação de completa separação entre o bem e o
mal, não é este o propósito de Deus para esta época. Diante da surpresa dos
servos – “não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio?” –
a resposta do dono do campo, que tudo sabe, é simples: um inimigo é que fez
isso. Para Ele não é surpresa alguma que tenha joio no meio do trigo. Diante da
proposta dos servos de arrancar o joio (v. 28), a decisão é de mantê-lo até a
época da colheita, para não danificar o trigo. Para o Senhor da seara, não cabe
aos servos fazer separação entre o trigo e o joio; esta decisão é do dono do campo,
e ele o fará na ocasião oportuna. Mesmo se fosse dado a nós a perfeita
distinção dos que são filhos do reino e dos que são filhos do maligno, não nos
seria dado permissão para “arrancá-los”; afinal, o dono do campo tem poder para
transformar joio em trigo, e estaríamos eliminando qualquer oportunidade que
eles teriam para a salvação. Isto deixa totalmente sem sentido as tais
“cruzadas da fé” e a inquisição empreendidas no passado. Na verdade, a
convivência com os maus cria dificuldade e tribulações, mas Deus tem um
propósito – nessa coexistência são manifestos os que são verdadeiros filhos do
reino (1 Co 11.19), e é também a oportunidade de exercitarmos a longanimidade
que o Senhor tanto usou e usa para conosco (Rm 2.4; 2 Pe 3.15). Lembremos
também que, ao sair do Egito, Israel carregou junto uma “mistura de gente” (Ex
12.38). A separação que o Senhor exige do Seu povo não é física ou geográfica;
é, antes de tudo, de atitude, de interesses e de comportamento.
Vivemos
num tempo em que os filhos do reino e os filhos do maligno convivem no mesmo
“campo” e, muitas das vezes, pela simulação dos maus, eles se tornam até
semelhantes; não significa que sejam iguais, sempre haverá distinção entre
justos e injustos (Ml 3.18). A longanimidade de Deus suporta os injustos,
aguardando o arrependimento, mas, no final, toda transgressão recebe a justa
repreensão (Hb 2.2). Jesus compara a colheita ao fim do mundo, quando dará
ordem aos Seus anjos para fazerem a ceifa; haverá então completa distinção
entre o joio, que será queimado, e o trigo, que será recolhido ao celeiro (vv.
39-43). Ele destaca que será a consumação do mundo, revelando que na Sua vinda
será o juízo final e a consumação de todas as coisas, conforme Mateus,
capítulos 24 e 25. Ao justo cabe exercitar a fé e suportar os maus e suas
injustiças, descansando na promessa: ele resplandecerá como o sol, no reino do
seu Pai (v. 43, cf. Hb 11.32-38).
Na
parábola do trigo e do joio, Jesus nos ensina a tolerância com os que não
comungam a mesma fé; eles estão coabitando o mesmo mundo físico que nós, e
devem ser suportados com paciência, longanimidade e fé. A distinção e separação
entre justos e injusto somente pode ser realizada pelo Senhor, e Ele o fará,
permanentemente, no fim dos tempos, quando dará destinos diferentes ao joio e
ao trigo.
* Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2017
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
“PARÁBOLAS”
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