Nesta
parábola o Senhor Jesus conta a história de um pai de família que contrata
trabalhadores para a sua vinha. Os trabalhadores são contratados em diversas
horas do mesmo dia. Ao terminar o dia de trabalho, quando o senhor da vinha vai
pagá-los, eles haviam trabalhado quantidades de tempo diferentes, no entanto,
surpreendentemente, todos recebem um denário – valor referente a um dia de
trabalho.
Diante
da reclamação dos primeiros contratados, que achavam que receberiam mais do que
os outros, o dono da vinha explica que não havia cometido injustiça com eles,
pois havia pago exatamente o que combinara com eles. Se ele, por generosidade,
deu o mesmo valor para os outros que trabalharam menos, isto não deveria
parecer mau diante dos olhos deles.
Diferentes
são as interpretações que têm sido dadas a esta parábola, muitas delas
totalmente estranhas, principalmente quando as pessoas buscam dar significado a
cada elemento que ela contém. Vamos nos concentrar na mensagem principal,
buscando no contexto o motivo de Jesus ter usado esta ilustração. O assunto
começa na entrevista de Jesus com o jovem rico. No capítulo dezenove nos é dito
que o jovem se retirou triste, porque possuía muitas propriedades.
Na
sequência, o Senhor diz que é difícil a um rico entrar no reino de Deus e,
diante do questionamento de Pedro sobre eles terem deixado tudo, Jesus responde
que todo aquele que tiver renunciado algo de valor terá cem vezes mais nesta
vida e, no porvir, a vida eterna; porém, muitos primeiros serão derradeiros e
muitos derradeiros serão os primeiros.
É
para ilustrar esse “porém” que o Senhor conta a parábola dos trabalhadores na
vinha. De muitas e variadas formas e de maneira incalculável, o Senhor
recompensa os Seus por qualquer obra realizada, até mesmo por um copo de água,
mas para o discípulo do Mestre a busca não deve ser da recompensa em si, não é
buscar ser o primeiro, como que para ser merecedor da recompensa. O servo deve
buscar agradar ao seu Senhor. Se o Senhor nos recompensasse segundo o mérito, a
recompensa seria uma vez e não cem vezes mais.
Na
parábola, o pai de família, que claramente representa Deus, assalaria
trabalhadores para a sua vinha. A verdade aqui ilustrada é que a entrada para o
reino de Deus é comparada a ser contratado pelo Senhor para a execução de um
trabalho. Isto é totalmente diverso do entendimento de alguns que associam o
reino a férias permanentes e a ausência de adversidades. O Senhor nos convida
ao trabalho, a exemplo do próprio Mestre: homem de dores e experimentado nos
trabalhos; e a exemplo de todos os fiéis servos e servas do passado, que nos
inspiram a trabalhar, sofrer com Ele as aflições e fazer a obra para a qual
fomos chamados (Is 53.3; Jo 5.17; 2 Tm 2.3-7).
Trabalho
pressupõe esforço, dedicação, disciplina, renúncia e fadiga. Renunciamos o
nosso tempo e nos dedicamos ao serviço do patrão que nos assalariou. O trabalho
tira da ociosidade, livra da vergonha, da fome, troca a incerteza pela
esperança e dá sentido à vida; tudo isso desfruta aquele que ingressa no reino
de Deus. O trabalho também pressupõe recompensa – o salário. Embora o Senhor
supra todas as nossas necessidades, inclusive as materiais; como o reino não é
deste mundo, não dá para conceber que a nossa recompensa seja desta terra (Rm
14.17).
Sem
dúvida alguma, a principal dificuldade do texto estudado é o fato dos
trabalhadores receberem o mesmo valor, tendo trabalhado por períodos
diferentes. Não seria injustiça? Seria um desestímulo ao empenho no trabalho?
Assim, valeria a pena trabalhar? Tudo isso questiona quem não tem a visão do
reino, quem está fora dele, quem se julga merecedor. A maior dificuldade é
exatamente quando Deus manifesta a Sua graça com justiça e misericórdia (Sl
85.10; Mt 20.15).
Jesus
usa esta história para ilustrar a questão do mérito e da recompensa no reino de
Deus; Ele foi claro ao expressar que o Seu reino não é deste mundo e que ele
não vem com aparência exterior. Por não ser deste mundo, os conceitos e
implicações do reino de Deus são totalmente estranhos e parecem errados às
pessoas deste mundo. Somente poderemos ter um real entendimento e compreensão
das coisas do reino se ele estiver dentro de nós e nós estivermos nele, ou
seja, a verdadeira visão do reino só é dada àqueles que fazem parte dele. Qual
seria então a visão do reino? Aquele que já adentrou os portões do reino sabe
que já recebeu muito mais de cem vezes, por alguma obra que tenha feito ou que
venha a fazer; a única recompensa de que se acha digno é a morte, no entanto,
já desfruta da vida eterna.
Não
lamenta estar trabalhando desde cedo, pois a sua maior alegria é fazer algo
para o seu Mestre, cujos mandamentos não são pesados, e pelo qual se deixa
gastar voluntária e alegremente. O estar assalariado desde cedo o tirou da
ociosidade, da incerteza, e livrou-o da vergonha e da fome; enquanto outros
continuam nessa situação por mais tempo (1 Jo 5.3; At 20.24; 2 Co 12.15) A
justiça e a generosidade estão em que Deus concede a exata medida do que cada
um necessita. À semelhança do maná que, colhido em quantidades diferentes, era
na verdade colhido tanto quanto podia ser comido; as bênçãos de Deus, embora
sendo distribuídas em quantidades diferentes, são ilustradas como sendo iguais,
pois supre o necessário de cada um dos seus filhos.
Lembremos
que o denário era a paga por um dia de trabalho; consequentemente, o necessário
para suprir as necessidades de um dia. Finalmente, o que tem a visão do reino
de Deus jamais lamentará o benefício concedido a outros, em igual ou maior medida
que a si mesmo. Ele aprendeu com o seu Mestre a se alegrar com os que se
alegram (Rm 12.15).
Nesta
parábola, Jesus ilustra sobre as recompensas que recebem os integrantes do Seu
reino. Ele demonstra que a bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos de
mérito e retribuição, como se fosse um salário devido, sem, contudo, descambar
na arbitrariedade, que não leva em conta a justiça.
Todos
participam da bondade e misericórdia divinas, que superam tudo o que os homens
consideram como justiça. No Reino não há lugar para o ciúme. Aqueles que julgam
possuir mais méritos do que os outros devem aprender que o Reino é dom
gratuito. Ao pagar o salário integral aos trabalhadores no final do dia, o
senhor da vinha demonstrou uma bondade que vai além da justiça, mas sem
ofendê-la.
* Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2017
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
“PARÁBOLAS”
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