sexta-feira, 28 de abril de 2017

A parábola dos trabalhadores na vinha.

Nesta parábola o Senhor Jesus conta a história de um pai de família que contrata trabalhadores para a sua vinha. Os trabalhadores são contratados em diversas horas do mesmo dia. Ao terminar o dia de trabalho, quando o senhor da vinha vai pagá-los, eles haviam trabalhado quantidades de tempo diferentes, no entanto, surpreendentemente, todos recebem um denário – valor referente a um dia de trabalho.

Diante da reclamação dos primeiros contratados, que achavam que receberiam mais do que os outros, o dono da vinha explica que não havia cometido injustiça com eles, pois havia pago exatamente o que combinara com eles. Se ele, por generosidade, deu o mesmo valor para os outros que trabalharam menos, isto não deveria parecer mau diante dos olhos deles.

Diferentes são as interpretações que têm sido dadas a esta parábola, muitas delas totalmente estranhas, principalmente quando as pessoas buscam dar significado a cada elemento que ela contém. Vamos nos concentrar na mensagem principal, buscando no contexto o motivo de Jesus ter usado esta ilustração. O assunto começa na entrevista de Jesus com o jovem rico. No capítulo dezenove nos é dito que o jovem se retirou triste, porque possuía muitas propriedades.

Na sequência, o Senhor diz que é difícil a um rico entrar no reino de Deus e, diante do questionamento de Pedro sobre eles terem deixado tudo, Jesus responde que todo aquele que tiver renunciado algo de valor terá cem vezes mais nesta vida e, no porvir, a vida eterna; porém, muitos primeiros serão derradeiros e muitos derradeiros serão os primeiros.

É para ilustrar esse “porém” que o Senhor conta a parábola dos trabalhadores na vinha. De muitas e variadas formas e de maneira incalculável, o Senhor recompensa os Seus por qualquer obra realizada, até mesmo por um copo de água, mas para o discípulo do Mestre a busca não deve ser da recompensa em si, não é buscar ser o primeiro, como que para ser merecedor da recompensa. O servo deve buscar agradar ao seu Senhor. Se o Senhor nos recompensasse segundo o mérito, a recompensa seria uma vez e não cem vezes mais.

Na parábola, o pai de família, que claramente representa Deus, assalaria trabalhadores para a sua vinha. A verdade aqui ilustrada é que a entrada para o reino de Deus é comparada a ser contratado pelo Senhor para a execução de um trabalho. Isto é totalmente diverso do entendimento de alguns que associam o reino a férias permanentes e a ausência de adversidades. O Senhor nos convida ao trabalho, a exemplo do próprio Mestre: homem de dores e experimentado nos trabalhos; e a exemplo de todos os fiéis servos e servas do passado, que nos inspiram a trabalhar, sofrer com Ele as aflições e fazer a obra para a qual fomos chamados (Is 53.3; Jo 5.17; 2 Tm 2.3-7).

Trabalho pressupõe esforço, dedicação, disciplina, renúncia e fadiga. Renunciamos o nosso tempo e nos dedicamos ao serviço do patrão que nos assalariou. O trabalho tira da ociosidade, livra da vergonha, da fome, troca a incerteza pela esperança e dá sentido à vida; tudo isso desfruta aquele que ingressa no reino de Deus. O trabalho também pressupõe recompensa – o salário. Embora o Senhor supra todas as nossas necessidades, inclusive as materiais; como o reino não é deste mundo, não dá para conceber que a nossa recompensa seja desta terra (Rm 14.17).

Sem dúvida alguma, a principal dificuldade do texto estudado é o fato dos trabalhadores receberem o mesmo valor, tendo trabalhado por períodos diferentes. Não seria injustiça? Seria um desestímulo ao empenho no trabalho? Assim, valeria a pena trabalhar? Tudo isso questiona quem não tem a visão do reino, quem está fora dele, quem se julga merecedor. A maior dificuldade é exatamente quando Deus manifesta a Sua graça com justiça e misericórdia (Sl 85.10; Mt 20.15).

Jesus usa esta história para ilustrar a questão do mérito e da recompensa no reino de Deus; Ele foi claro ao expressar que o Seu reino não é deste mundo e que ele não vem com aparência exterior. Por não ser deste mundo, os conceitos e implicações do reino de Deus são totalmente estranhos e parecem errados às pessoas deste mundo. Somente poderemos ter um real entendimento e compreensão das coisas do reino se ele estiver dentro de nós e nós estivermos nele, ou seja, a verdadeira visão do reino só é dada àqueles que fazem parte dele. Qual seria então a visão do reino? Aquele que já adentrou os portões do reino sabe que já recebeu muito mais de cem vezes, por alguma obra que tenha feito ou que venha a fazer; a única recompensa de que se acha digno é a morte, no entanto, já desfruta da vida eterna.

Não lamenta estar trabalhando desde cedo, pois a sua maior alegria é fazer algo para o seu Mestre, cujos mandamentos não são pesados, e pelo qual se deixa gastar voluntária e alegremente. O estar assalariado desde cedo o tirou da ociosidade, da incerteza, e livrou-o da vergonha e da fome; enquanto outros continuam nessa situação por mais tempo (1 Jo 5.3; At 20.24; 2 Co 12.15) A justiça e a generosidade estão em que Deus concede a exata medida do que cada um necessita. À semelhança do maná que, colhido em quantidades diferentes, era na verdade colhido tanto quanto podia ser comido; as bênçãos de Deus, embora sendo distribuídas em quantidades diferentes, são ilustradas como sendo iguais, pois supre o necessário de cada um dos seus filhos.

Lembremos que o denário era a paga por um dia de trabalho; consequentemente, o necessário para suprir as necessidades de um dia. Finalmente, o que tem a visão do reino de Deus jamais lamentará o benefício concedido a outros, em igual ou maior medida que a si mesmo. Ele aprendeu com o seu Mestre a se alegrar com os que se alegram (Rm 12.15).

Nesta parábola, Jesus ilustra sobre as recompensas que recebem os integrantes do Seu reino. Ele demonstra que a bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos de mérito e retribuição, como se fosse um salário devido, sem, contudo, descambar na arbitrariedade, que não leva em conta a justiça.


Todos participam da bondade e misericórdia divinas, que superam tudo o que os homens consideram como justiça. No Reino não há lugar para o ciúme. Aqueles que julgam possuir mais méritos do que os outros devem aprender que o Reino é dom gratuito. Ao pagar o salário integral aos trabalhadores no final do dia, o senhor da vinha demonstrou uma bondade que vai além da justiça, mas sem ofendê-la.

* Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2017 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
“PARÁBOLAS”

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