O
apóstolo Paulo chega ao final de sua epístola, e neste último capítulo
encontramos uma orientação sobre o importante negócio da caridade cristã para
com os irmãos necessitados. Além disso, veremos também uma demonstração do
cuidado deste servo de Cristo pela igreja em Corinto, das suas motivações e
intenções ministeriais, e a menção a alguns particulares das circunstâncias em
que se encontrava naquela ocasião.
Paulo
considera nestes versos uma questão aparentemente apresentada pelos próprios
coríntios, concernente às coletas que eram feitas em favor dos santos. Embora
seja uma necessidade constante da igreja cuidar dos seus necessitados, aqui se
trata de um levantamento de ofertas destinadas aos irmãos de Jerusalém (Rm
15.25-26), pois a Judéia era uma região bastante castigada pela fome e pela
pobreza. Como se trata de um dever extremamente importante da igreja e dos seus
obreiros (cf. At 4.34-35; 6.1-3; Gl 2.9-10), o apóstolo tinha um modelo que
ensinava em toda a parte, e por isso deveria ser seguido também por todas as
igrejas em todos os tempos: “fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da
Galácia” (v. 1).
Dentre
os princípios que podemos destacar nas breves palavras desta orientação
apostólica, notamos a importância desta obra para a igreja, e não apenas para
os crentes em particular. Embora comece com a separação voluntária de cada um
daquilo com que contribuirá, era necessário que houvesse uma “coleta”, ou seja,
um ajuntamento de todas as ofertas individuais, e isto só poderia ser feito no
âmbito da igreja em suas reuniões. Conforme as referências já citadas no
parágrafo anterior, a princípio as ofertas eram trazidas aos pés dos apóstolos;
depois, foram constituídos homens idôneos para este “importante negócio”. Tudo
isto reforça a necessidade de a igreja, como um todo, ter um papel ativo nesta
obra, e não deixa-la apenas à caridade particular de cada cristão.
Por
outro lado, vemos também o caráter consciente e voluntário desta obra no fato
de que cada um deveria separar de antemão uma parte de suas economias ou ganhos
financeiros para este fim sagrado. Sabendo que há uma necessidade constante
entre seus irmãos, o cristão deveria ser movido a atende-la prontamente. Ao
mesmo tempo, sua contribuição deve ser proporcional à sua prosperidade: “cada
um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (v.
2). Não se pede sacrifício daquilo que é necessário para o nosso sustento, mas
a cada um Deus sempre dá uma medida, por menor que seja, que lhe permite
repartir com o mais necessitado (cf. Ef 4.28).
Ao
se referir à possibilidade de ele mesmo acompanhar a entrega das ofertas em
Jerusalém, o apóstolo trata do momento em que se encontrava em seu ministério,
que poderia atrasar sua ida a Corinto para a arrecadação da coleta. Sempre
considerando as necessidades das igrejas de um modo geral, sem deixar o seu
afeto particular por cada uma, ele cita uma viagem prioritária que ainda faria
à Macedônia, para depois poder ficar por mais tempo com os coríntios: “Porque
não vos quero agora ver de passagem, mas espero ficar convosco algum tempo, se
o Senhor o permitir” (v. 7). Naquele momento, porém, ele se encontrava em
Éfeso, onde a obra de Deus tanto prosperava como também encontrava feroz
oposição, e ele não queria abandonar esta “frente de batalha”, onde sua
autoridade apostólica era muito necessária: “Porque uma porta grande e eficaz
se me abriu; e há muitos adversários” (v. 9).
Considerando
também a possibilidade de que, antes dele, outros ministros do evangelho
pudessem ir ter com os coríntios, ele faz recomendações sobre os mesmos, para
que a igreja os recebesse e tratasse dignamente, como covinha a todos os
obreiros de Cristo. Ele os incentiva com a exortação: “Portai-vos varonilmente”
e “todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (vv. 13-14).
Suas
últimas palavras são breves e simples, não havendo necessidade de muita
explicação. Ele recomenda os obreiros locais e, por fim, envia as saudações
daqueles que com ele estavam, mostrando que a igreja de Corinto era muito
querida por outras igrejas: “As igrejas da Ásia vos saúdam”, “todos os irmãos
vos saúdam” (vv. 19, 20). Transmite o seu cuidado pela igreja no alerta último
de que aguardassem a manifestação do Senhor Jesus “Se alguém não ama o Senhor
Jesus Cristo, seja anátema; maranata!”(v. 22). E, para reforçar a importância
do amor em todas as coisas, como já explanou tão ricamente nesta epístola, ele
os incentiva com expressões como: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo”
(v. 20), “o meu amor seja com todos vós em Cristo Jesus” (v. 24).
No
estudo desta carta vimos como a igreja, embora seja amada pelo Senhor, como o
Seu corpo, tem muito a aprender com Ele enquanto se encontra neste mundo, e que
pode errar em suas decisões, em sua prática. Para a igreja de Corinto, Deus
inspirou o apóstolo Paulo para corrigi-los e orientá-los na vontade de Deus;
para nós, Ele deixou esta carta e as demais Escrituras, para que saibamos como
convém andar na casa de Deus e, se errarmos, possamos identificar e corrigir
com ainda maior clareza o que for necessário, a fim de que a igreja seja
verdadeiramente submissa ao seu Marido, a saber, a Cristo.
Texto cedido por: EBD – 3º. Trimestre de 2018
1ª CARTA AOS CORÍNTIOS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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