Este
é um assunto que muitos evitam falar e comentar. Entretanto, o ser humano se vê
continuamente ameaçado pela morte. É um fato inescapável que desperta nos
corações de muitos indagações como: Qual é o sentido da vida? O que há depois
da morte? E, naturalmente: Por que morremos? Nesta lição, estudaremos a questão
da morte sob a perspectiva bíblica, pois nela a realidade da morte e seu
impacto na vida humana são tratados com clareza e esperança.
Toda
criatura enfrenta este dilema (Ec 3.20). Não foi sua escolha vir ao mundo, mas
não consegue fugir à realidade do fim de sua existência (Ec 8.8). Esta
constatação tem levado muitos à indiferença; outros, ao desespero. Contudo, as
Escrituras afirmam que é sábio aquele que medita sobre este assunto,
considerando a brevidade e fragilidade da vida (Sl 34.4-5; 90.12), a
transitoriedade do que se faz na terra (Ec 1.14) e o fim inevitável que o trará
diante do tribunal de Deus (Ec 7.2; 12.1-7).
Deus
não criou o ser humano para a morte, mas ela se manifesta como juízo divino
contra o pecado (Ez 18.4; Rm 6.23). Inicialmente, foi introduzida no mundo como
castigo de Deus pelo pecado do primeiro homem, Adão (Gn 2.17; 3.19). Por causa
da sua transgressão, toda a sua descendência – ou seja, a raça humana inteira –
foi sujeita ao poder da morte, como uma terrível e inevitável herança (Rm
5.12). Inclusive toda a criação sofreu o impacto da morte, em consequência do
pecado de Adão (Rm 8.20).
À
luz das Escrituras, o homem foi formado a partir do pó da terra e recebeu de
Deus o fôlego de vida, tornando-se um ser vivo, uma “alma vivente” (Gn 2.7),
exatamente como os outros animais (Gn 1.20, 21, 24; cf. Ec 3.19-21). Assim, a
palavra “morte” primariamente se refere à privação do fôlego de vida e o
retorno do homem à condição inerte de “pó da terra” (Gn 3.19; Ec 12.7; Sl
104.29). Passados alguns dias após a morte, o corpo que resta terá literalmente
se desfeito e esvaído, como ilustra o rei Davi: “Porque certamente morreremos,
e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais” (2 Sm
14.14a).
A
doutrina da morte deve ser entendida à luz da sua relação com o pecado – tal
como o efeito e a sua causa. Quando morre, o pecador está ceifando na forma de
corrupção (morte) o que plantou na sua carne (pecado) – cf. Gl 6.8; Rm 8.6, 13;
Tg 1.14-15. Uma vez que o pecado é a transgressão da lei de Deus, podemos
entender que o propósito divino ao introduzir a morte no mundo foi de: a) punir
o pecado com uma sentença justa e correspondente à sua gravidade – a morte é o
salário do pecado (Rm 6.23); b) mostrar como a santidade, justiça e glória
divinas são altamente ofendidas pelo pecado, assim dando ao homem consciência
da gravidade do seu estado (Rm 3.19-20; 7.7-9).
Até
aqui consideramos a morte no seu sentido mais aparente: a morte “física”. Mas a
Palavra de Deus também nos informa que todos nós nascemos em um estado de
separação da comunhão e do favor de Deus, identificado pela expressão: “morte
em ofensas e pecados” (Ef 2.1, 5). Esse tipo de morte significa, no presente,
estar sob o domínio do pecado, trazer a imagem do velho homem “que se corrompe
pelas concupiscências do engano” (Ef 4.22). Como se vê, também foi herdada de
nosso pai Adão. É uma morte “espiritual”. No sentido futuro, será manifestada
no juízo final contra os ímpios, como eterna separação da presença de Deus,
pela impossibilidade de arrependimento e perdão (Mt 25.46; 2 Ts1.7-9). É
chamada também de “segunda morte” e “lago de fogo” (Ap 20.14-15; 21.8). Será
uma morte “eterna”.
Assim
como em Adão temos a causa da ruína e morte do gênero humano; assim também em
Cristo Jesus temos a única e eficaz solução para o problema do pecado e a
crueldade da morte. De fato, Ele veio para conquistar e abolir a morte, trazer
à luz “a vida e a incorrupção pelo evangelho” (2 Tm 1.10). De maneira que
agora, pela fé no Filho de Deus, já temos vida eterna, porque Ele é a vida (1
Jo 5.11).
Fazendo-se
em tudo semelhante ao homem, o Senhor Jesus também sofreu a angústia e a dor da
morte. As Escrituras declaram que esta era a vontade do Pai, à qual Cristo se
submeteu fielmente (Is 53.10; Jo 12.27; Mt 26.42). Ele, porém, não tinha pecado
pelo qual devesse morrer, mas a Sua morte foi por causa dos nossos pecados (1
Pe 2.22-24). Assim, ao bradar na cruz: “está consumado”, Jesus resolveu o
problema da morte como punição do pecado, porque: a) cumpriu em Si mesmo a
justa sentença de morte que pendia sobre nossas cabeças, liquidando a dívida
acumulada diante de Deus através do pecado (Cl 2.13-14); b) enalteceu
sublimemente a santidade, justiça e glória divinas, que haviam sido ofendidas
pelas nossas transgressões, e fazendo a paz, nos outorgou o direito à vida
eterna (Rm 5.17-21). Sua ressurreição, ao terceiro dia, é o mais claro e
poderoso testemunho desta realidade (At 2.24; Rm 4.24-25; Ap 1.17-18).
Dentre
os inúmeros benefícios adquiridos por Cristo, com a Sua morte na cruz, está a
vitória do cristão sobre a morte. No presente, quando é perdoado e justificado
pela graça de Deus em Cristo Jesus, o homem é libertado do poder do pecado e da
morte, e agora, sob o domínio da graça, vive para Deus (Rm 6.1-4; 8.1-2). Esta
já é uma vitória retumbante sobre a morte, como condenação pelo pecado, de tal
modo que o crente já tem a vida eterna, e nunca mais morrerá (Jo 5.24;
11.25-26). Mas, ao mesmo tempo, também pode esperar pela futura redenção do
corpo (Rm 6.14-16; 8.10, 13 e 23), a qual se dará na ressurreição do último
dia, na vinda de Cristo (1 Co 15.20-23). Só então a morte será totalmente
aniquilada, e os últimos vestígios de corrupção que ainda trazíamos serão
absorvidos na nossa glorificação (1 Co 15.26, 54- 55; Cl 3.3, 4). Diante dessa
perspectiva, a morte deixa de ser um castigo para o cristão, para se tornar a
prova máxima da fé (Ap 2.10). Quando morre, ele apenas dorme (1 Ts 4.13-14). Ao
invés de derrota, a morte significa vitória, ganho, cumprimento da carreira
cristã (Fp 1.21; 2 Tm 4.7-8). Já dizia o salmista que “preciosa é à vista do
Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15).
Os
sofrimentos e aflições desta vida são temporários e aperfeiçoam nossa esperança
para enfrentarmos a morte física, que se constitui num trampolim para a vida
eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de glória. Corramos dignamente
a nossa carreira, sendo fieis ao nosso Salvador, para que, nessa hora
irrevogável e decisiva de nossa vida, possamos confessar, assim como Paulo, que
guardamos a fé, acabamos a carreira, e só nos resta receber a coroa da vida.
Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2018
ESCATOLOGIA
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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