quinta-feira, 5 de abril de 2018

A doutrina da morte.







Este é um assunto que muitos evitam falar e comentar. Entretanto, o ser humano se vê continuamente ameaçado pela morte. É um fato inescapável que desperta nos corações de muitos indagações como: Qual é o sentido da vida? O que há depois da morte? E, naturalmente: Por que morremos? Nesta lição, estudaremos a questão da morte sob a perspectiva bíblica, pois nela a realidade da morte e seu impacto na vida humana são tratados com clareza e esperança.

Toda criatura enfrenta este dilema (Ec 3.20). Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não consegue fugir à realidade do fim de sua existência (Ec 8.8). Esta constatação tem levado muitos à indiferença; outros, ao desespero. Contudo, as Escrituras afirmam que é sábio aquele que medita sobre este assunto, considerando a brevidade e fragilidade da vida (Sl 34.4-5; 90.12), a transitoriedade do que se faz na terra (Ec 1.14) e o fim inevitável que o trará diante do tribunal de Deus (Ec 7.2; 12.1-7).

Deus não criou o ser humano para a morte, mas ela se manifesta como juízo divino contra o pecado (Ez 18.4; Rm 6.23). Inicialmente, foi introduzida no mundo como castigo de Deus pelo pecado do primeiro homem, Adão (Gn 2.17; 3.19). Por causa da sua transgressão, toda a sua descendência – ou seja, a raça humana inteira – foi sujeita ao poder da morte, como uma terrível e inevitável herança (Rm 5.12). Inclusive toda a criação sofreu o impacto da morte, em consequência do pecado de Adão (Rm 8.20).

À luz das Escrituras, o homem foi formado a partir do pó da terra e recebeu de Deus o fôlego de vida, tornando-se um ser vivo, uma “alma vivente” (Gn 2.7), exatamente como os outros animais (Gn 1.20, 21, 24; cf. Ec 3.19-21). Assim, a palavra “morte” primariamente se refere à privação do fôlego de vida e o retorno do homem à condição inerte de “pó da terra” (Gn 3.19; Ec 12.7; Sl 104.29). Passados alguns dias após a morte, o corpo que resta terá literalmente se desfeito e esvaído, como ilustra o rei Davi: “Porque certamente morreremos, e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais” (2 Sm 14.14a).

A doutrina da morte deve ser entendida à luz da sua relação com o pecado – tal como o efeito e a sua causa. Quando morre, o pecador está ceifando na forma de corrupção (morte) o que plantou na sua carne (pecado) – cf. Gl 6.8; Rm 8.6, 13; Tg 1.14-15. Uma vez que o pecado é a transgressão da lei de Deus, podemos entender que o propósito divino ao introduzir a morte no mundo foi de: a) punir o pecado com uma sentença justa e correspondente à sua gravidade – a morte é o salário do pecado (Rm 6.23); b) mostrar como a santidade, justiça e glória divinas são altamente ofendidas pelo pecado, assim dando ao homem consciência da gravidade do seu estado (Rm 3.19-20; 7.7-9).

Até aqui consideramos a morte no seu sentido mais aparente: a morte “física”. Mas a Palavra de Deus também nos informa que todos nós nascemos em um estado de separação da comunhão e do favor de Deus, identificado pela expressão: “morte em ofensas e pecados” (Ef 2.1, 5). Esse tipo de morte significa, no presente, estar sob o domínio do pecado, trazer a imagem do velho homem “que se corrompe pelas concupiscências do engano” (Ef 4.22). Como se vê, também foi herdada de nosso pai Adão. É uma morte “espiritual”. No sentido futuro, será manifestada no juízo final contra os ímpios, como eterna separação da presença de Deus, pela impossibilidade de arrependimento e perdão (Mt 25.46; 2 Ts1.7-9). É chamada também de “segunda morte” e “lago de fogo” (Ap 20.14-15; 21.8). Será uma morte “eterna”.

Assim como em Adão temos a causa da ruína e morte do gênero humano; assim também em Cristo Jesus temos a única e eficaz solução para o problema do pecado e a crueldade da morte. De fato, Ele veio para conquistar e abolir a morte, trazer à luz “a vida e a incorrupção pelo evangelho” (2 Tm 1.10). De maneira que agora, pela fé no Filho de Deus, já temos vida eterna, porque Ele é a vida (1 Jo 5.11).

Fazendo-se em tudo semelhante ao homem, o Senhor Jesus também sofreu a angústia e a dor da morte. As Escrituras declaram que esta era a vontade do Pai, à qual Cristo se submeteu fielmente (Is 53.10; Jo 12.27; Mt 26.42). Ele, porém, não tinha pecado pelo qual devesse morrer, mas a Sua morte foi por causa dos nossos pecados (1 Pe 2.22-24). Assim, ao bradar na cruz: “está consumado”, Jesus resolveu o problema da morte como punição do pecado, porque: a) cumpriu em Si mesmo a justa sentença de morte que pendia sobre nossas cabeças, liquidando a dívida acumulada diante de Deus através do pecado (Cl 2.13-14); b) enalteceu sublimemente a santidade, justiça e glória divinas, que haviam sido ofendidas pelas nossas transgressões, e fazendo a paz, nos outorgou o direito à vida eterna (Rm 5.17-21). Sua ressurreição, ao terceiro dia, é o mais claro e poderoso testemunho desta realidade (At 2.24; Rm 4.24-25; Ap 1.17-18).

Dentre os inúmeros benefícios adquiridos por Cristo, com a Sua morte na cruz, está a vitória do cristão sobre a morte. No presente, quando é perdoado e justificado pela graça de Deus em Cristo Jesus, o homem é libertado do poder do pecado e da morte, e agora, sob o domínio da graça, vive para Deus (Rm 6.1-4; 8.1-2). Esta já é uma vitória retumbante sobre a morte, como condenação pelo pecado, de tal modo que o crente já tem a vida eterna, e nunca mais morrerá (Jo 5.24; 11.25-26). Mas, ao mesmo tempo, também pode esperar pela futura redenção do corpo (Rm 6.14-16; 8.10, 13 e 23), a qual se dará na ressurreição do último dia, na vinda de Cristo (1 Co 15.20-23). Só então a morte será totalmente aniquilada, e os últimos vestígios de corrupção que ainda trazíamos serão absorvidos na nossa glorificação (1 Co 15.26, 54- 55; Cl 3.3, 4). Diante dessa perspectiva, a morte deixa de ser um castigo para o cristão, para se tornar a prova máxima da fé (Ap 2.10). Quando morre, ele apenas dorme (1 Ts 4.13-14). Ao invés de derrota, a morte significa vitória, ganho, cumprimento da carreira cristã (Fp 1.21; 2 Tm 4.7-8). Já dizia o salmista que “preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15).

Os sofrimentos e aflições desta vida são temporários e aperfeiçoam nossa esperança para enfrentarmos a morte física, que se constitui num trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre para o céu de glória. Corramos dignamente a nossa carreira, sendo fieis ao nosso Salvador, para que, nessa hora irrevogável e decisiva de nossa vida, possamos confessar, assim como Paulo, que guardamos a fé, acabamos a carreira, e só nos resta receber a coroa da vida.




Texto cedido por: EBD –  2º. Trimestre de 2018





ESCATOLOGIA 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP

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