Falando
publicamente aos judeus, ou aos discípulos em particular, Jesus ensinou e
advertiu várias vezes sobre uma futura e última vinda, em poder, glória e
majestade. Mas é por ocasião do presente discurso que o Mestre dá maiores
detalhes sobre este acontecimento. Tudo começa quando os discípulos, querendo
impressionar Jesus, chamam a Sua atenção para a estrutura magnífica do Templo,
que era o orgulho de todo o israelita. Cristo então declara que tudo aquilo
seria arrasado, e que não ficaria “pedra sobre pedra, que não fosse derribada”
(v. 2). Diante desta predição, os discípulos fazem a pergunta chave que
originou o grande discurso profético: “Dize-nos quando serão essas coisas, e
que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (v. 3).
Os
judeus eram ansiosos por sinais para que pudessem crer (Mt 16.1; 1 Co 1.22). Os
povos pagãos, por sua vez, se assustavam com qualquer sinal do céu (Jr 10.2).
Por isso, em resposta à pergunta feita pelos discípulos: “Que sinal haverá”,
Jesus trata primeiro daquilo que não deveriam considerar como sinais da Sua
vinda.
Nesta
predição, o Senhor admoesta os discípulos a estarem atentos contra a operação
do engano, pela qual muitos creriam que Cristo já teria voltado, mediante
falsos mensageiros e falsos sinais ou prodígios (vv. 11, 24). Ao contrário de
uma manifestação particular, o sinal da vinda de Cristo será evidente e
inequívoco perante o mundo todo (vv. 25-28; cf. 2 Ts 2.1-2; Ap 1.7).
Pequenas
e grandes guerras têm manchado o planeta com sangue e destruição. A todo
momento surgem novas ameaças de conflitos, desestabilizando qualquer tentativa
de paz duradoura entre as nações. Mas até ao fim haverá guerras e, portanto,
não podem servir como sinais da vinda do Senhor. Assim também outras mazelas da
sociedade humana, como fomes, doenças e catástrofes naturais, assim como
eventos no céu (Lc 21.11), ocorrem a todo o tempo, não podendo ser apontadas de
modo particular como sinais. São antes juízos de Deus sobre as nações, por
rejeitarem o senhorio de seu Filho Jesus, e por adorarem à criatura ao invés do
Criador (Sl 2.1-5).
Jesus
refere-se metaforicamente às dores de parto de uma mulher, que anunciam a hora
de dar à luz uma criança. Os acontecimentos descritos até aqui, embora não
sejam propriamente sinais da vinda de Cristo, demonstram a perplexidade e o
desespero da criatura diante dos males que se evidenciam na terra (Lc 21.25-26;
Dn 12.4); é o pressentimento da chegada do fim dessa agonia (Rm 8.20-22). Ante
o caos dos acontecimentos em que o mundo se precipita, o crente não deve se
assustar, mas considerar que tais coisas apenas prenunciam um juízo ainda mais
terrível sobre o mundo, e vigiar para não se deixar entorpecer pelas distrações
desta vida (Lc 21.34-36; 1 Ts 5.1-5).
Nestes
versículos, Jesus previu acontecimentos que afetariam os Seus discípulos em
particular, mas em todo o tempo – desde os apóstolos até a consumação dos
séculos.
Às
dores que atingem as nações em comum, acrescenta-se a prova da fé a que os
cristãos deveriam se submeter, em aflições e perseguições por amor ao Evangelho
(At 14.22; 1 Pe 4.12-14) – até a própria morte (Jo 16.1-4). O mundo aborrece a
Cristo; logo, aborrecerá também a todos os que quiserem segui-lO (v. 29; Jo
15.18-20; 2 Tm 3.12).
Jesus
aponta os problemas que ocorreriam internamente na igreja. Muitos haveriam de
se escandalizar, abandonando a fé, por causa das perseguições (Mc 4.17; Lc
7.23). Outros ainda fomentariam contendas, divisões e heresias (1 Jo 2.18-20;
Lc 17.1; Rm 16.17,18; 1 Co 11.18-19). Falsas doutrinas seriam sorrateiramente
introduzidas (1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2.1-3; 2 Ts 2.3-4), pelas quais muitos seriam engodados
(2 Tm 4.1-4). O aumento da iniquidade, ou seja, da violação dos princípios
divinos, acabaria solapando o amor a Cristo e ao próximo, e isto traria a ruína
de muitos crentes e igrejas (Ap 2.4-5). Porém, contra esta situação geral de
abatimento e indiferença, haveria aqueles que “perseverariam até ao fim”, ou
que “na paciência possuiriam as suas almas” (Lc 21.18,19).
Apesar
das dificuldades externas e internas, é certo que a igreja subsistiria em todo
o tempo, até o fim, pois a ela fora confiada a obra de pregação do evangelho
(Mt 28.18-20; Ap 6.11; 7.3). E, mesmo quando sob as circunstâncias mais aflitivas,
os cristãos ainda poderiam glorificar a Deus pelo seu testemunho (Lc 21.12-15).
Em
resposta à pergunta dos discípulos, Jesus também fala sobre “quando serão essas
coisas” – no caso, a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém. Isto já
havia sido predito por Daniel (Dn 9.26), e em outras ocasiões pelo próprio
Senhor (Mt 23.33-36; Lc 13.33-35). Em complemento à palavra falada a princípio
(vv. 1-2), Jesus orienta Seus discípulos para que, quando a destruição do
Templo pusesse fim a todo o sistema de adoração mosaico, eles não se
escandalizassem, como os demais judeus (cf. At 6.13-14).
O
sinal claro de que a destruição da cidade havia chegado seria a aproximação das
legiões romanas (Lc 21.20-22); ao invés de mandalos ficar e resistir
obstinadamente ao inimigo – como muitos judeus fizeram – Jesus aconselha os
discípulos a abandonarem Jerusalém, e a região da Judéia, o mais rápido
possível. Observamos que os particulares destacados por Cristo representam as
circunstâncias e características da época, como a estrutura das casas, o
trabalho no campo, a dificuldade de viajar no inverno e as limitações do dia do
sábado.
Os
dias do cerco e da destruição de Jerusalém seriam dias de terrível e
incomparável aflição para o povo judeu. Além da assolação da cidade e do
Templo, do morticínio de milhares e da humilhação dos sobreviventes, toda essa
destruição seria o juízo de Deus sobre o povo de Israel (Lc 21.22-24), por
terem rejeitado o Filho de Deus e por perseguirem os Seus enviados (Mt
21.42-44; 1 Ts 2.14-16).
Tanto
os acontecimentos particulares que se deram no ano 70 d.C., como também os
acontecimentos gerais e os falsos alardes sobre a vinda de Cristo, preditos
como acontecimentos atuais, na verdade foram todos presenciados por aquela
geração, como os próprios apóstolos testificam em suas epístolas. Jesus queria
que tanto eles como nós estivéssemos igualmente preparados e alertas para a Sua
vinda iminente (v. 42), porque o fim vem para todas as gerações – seja por
guerras, fomes, pestes, terremotos, perseguições ou assolações como a que os
discípulos presenciaram na destruição de Jerusalém.
Diante
dos acontecimentos previstos por Cristo, e que presenciamos se cumprirem em
nosso próprio tempo, estejamos certos de que o dia da Sua vinda está muito
perto de nós – na verdade, está às portas da nossa geração. Não sabemos
exatamente quando Ele virá, por isso a exortação será sempre atual: “Vigiai”.
Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2018
ESCATOLOGIA
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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