Na
lição passada, estudamos a visão das Setenta Semanas determinadas sobre o povo
de Deus. Desta vez, examinaremos as visões dadas a Daniel nos capítulos 2 e 7,
onde Deus revela os Seus desígnios quanto aos reinos ou impérios das nações que
se sucederiam no mundo. Mais uma vez, a compreensão destas passagens é de
grande importância para entendermos o momento em que nos encontramos no
cumprimento dos acontecimentos determinados para o fim dos tempos.
A
revelação divina feita a Daniel com respeito à sucessão dos reinos se deve a um
sonho que teve Nabucodonosor, rei dos caldeus, e à sua persistência em querer saber
exatamente como havia sido esse sonho e qual seria a sua interpretação. Para
isso, mandou chamar todos os sábios e entendidos de Babilônia sobre o assunto,
mas não recebeu nenhuma resposta satisfatória. Indignado com a incapacidade dos
seus conselheiros, o rei determina que todos sejam mortos. Nesse momento Daniel
entra na história, quando ele e seus companheiros são buscados para também
serem mortos. Daniel pede que se lhe dê uma chance de atender ao pedido do rei
e, após os jovens hebreus buscarem instantemente ao Senhor, finalmente são
revelados a Daniel o sonho e sua interpretação.
Na
verdade, o sonho era uma resposta de Deus a uma pergunta que Nabucodonosor
havia feito quanto ao que seria após ele (v. 29). O sonho tratava, em linhas
gerais, de uma estátua e uma pedra. A estátua, de grande altura e aspecto
terrível, estava dividida em cinco partes, cada uma formada de um material
diferente: a cabeça, de ouro; o peito e os braços, de prata; o ventre e as
coxas, de cobre; as pernas, de ferro; e os pés, com os seus dedos, de ferro
misturado com barro. Na segunda parte da visão, a pedra, cortada sem mão, feria
a estátua nos pés de ferro e de barro, e os pulverizava. Ao mesmo tempo, eram
pulverizadas todas as demais partes da estátua, e desapareciam levadas pelo
vento. E então a pedra, que havia ferido a estátua, se fazia um grande monte,
que enchia toda a terra.
Pela
ordem do sonho, Daniel começa com a interpretação da estátua, em suas partes
formadas de diferentes materiais. Primeiro, observamos, pelo uso das palavras
“reis” e “reinos”, que cada parte da estátua simboliza um império deste mundo,
um governo humano e terreno. Segundo, esses reinos se sucederiam ao longo da
história, a começar com o império babilônico, durante o qual havia sido dada esta
revelação. E notamos ainda que os diferentes materiais que formavam as
diferentes partes da estátua indicam que a nobreza desses impérios seria cada
vez menor, antes de serem completamente destruídos.
Embora
a sucessão dos reinos seja descrita claramente na interpretação dada por
Daniel, precisamos recorrer à história bíblica posterior e à história secular
para identificarmos exatamente de que reinos a visão está tratando. O primeiro
(a cabeça de ouro), é o próprio império dos caldeus (ou babilônico), tendo como
seu maior e mais poderoso rei, Nabucodonosor (v. 37-38; cf. Jr 27.6-7). Como
nos informa o próprio livro de Daniel, o povo seguinte a que passou o domínio
(o peito e os braços de prata) foi o persa (ou medo-persa). Isto se deu na
noite em que Belsazar profanou os vasos da casa de Deus (Dn 5.25-31). Os persas
foram sucedidos pelos gregos (o ventre e coxas de cobre), comandados por
Alexandre o macedônio (ou o Grande). Sua vitória sobre os persas, a rápida
conquista e o domínio de toda a terra (v. 39), bem como sua morte prematura e a
divisão do seu império entre seus generais, foram reveladas ao mesmo Daniel
(cf. Dn 8.20-22). O quarto império (as pernas de ferro) foi o romano, notório
pelo seu poderio militar e pela severidade com que reprimia toda rebelião
contra suas leis (v. 40). Era o império que governava nos tempos de Cristo (cf.
Lc 2.1).
Chamamos
a atenção para o império representado pelos pés com os dedos de ferro e de
barro, que é o último na sucessão dos reinos deste mundo e, portanto, existirá
até o fim. Sabe-se que, após a queda do Império Romano (no Ocidente, em 475
d.C. e, no Oriente, em 1453 d.C.), jamais se levantou outro império que
dominasse o mundo conhecido de forma indisputada. Ao invés disso, diversos
povos ou nações procuraram estabelecer o seu próprio domínio, de acordo com
suas identidades étnicas e culturais, dando origem a uma multiplicidade de
reinos, que atualmente denominamos de Estados-Nações. Existe algo de forte
nesses pequenos reinos, porque ainda têm o poder das armas, da violência, da
coerção, das leis. Mas, por outro lado, estão grandemente enfraquecidos por se
basearem em acordos humanos que podem ser facilmente alterados pelas mais
diversas circunstâncias políticas e históricas.
A
pedra, por sua vez, também representa um reino, mas, em contraste com os reinos
terrestres e humanos, esse reino jamais será destruído, e não passará a outro
povo. Não entra na sucessão dos reinos representados pela estátua, mas se
estabelece de forma independente “nos dias desses reis”, ou seja, no tempo em
que estes governos estão se sucedendo na terra. A glória desse reino começa
pequena e de forma simples como uma pedra, mas no fim se torna como um monte
que enche toda a terra. É o reino de Deus que, embora presente entre os homens,
não é deste mundo e nada tem de terreno (Mt 4.17; Jo 18.36). Nele só entram os
que são trazidos por Deus (Cl 1.13; Ap 1.6, 9). Embora sem aparência exterior
(Lc 17.20- 21), é um reino cuja grandeza e glória aumentarão mais e mais até a
sua plena manifestação na vinda de Cristo e na destruição final dos reinos
deste mundo (1 Co 15.24-28). A base deste reino é a pessoa do seu próprio Rei,
Cristo Jesus, identificado como a pedra eleita por Deus (1 Pe 2.4-6).
Pode-se
ver exatamente a mesma sequência de impérios, descrita no capítulo 2, aqui
representada pelos quatro animais e os dez chifres do quarto animal (v. 17).
Desta vez, o leão representa o império babilônico, o urso o medo-persa, o
leopardo o grego, o animal terrível e espantoso o romano. Os dez chifres
resumem o quinto reino, apontando para a multiplicidade de povos ou nações que
dominariam ao mesmo tempo, até o fim (v. 24a).
Um
aspecto novo nesta visão é o chifre pequeno que surge após os dez, abate três e
se exalta terrivelmente contra os santos, e isso por um período de “tempo,
tempos e metade de um tempo” (vv. 21-22, 25). Trata-se do mesmo reino
representado pelos dez chifres – a multiplicidade de estados menores,
soberanias e nações; mas agora coligadas em um sistema final de governo, sob a
égide de uma pretensa “união”, com propósitos hostis e contrários ao reino dos
céus e aos santos de Deus (vv. 21, 25). Estes reinos são os que compõem a besta
mostrada a João, em Apocalipse (cf. 13.6-8; 17.12-14).
Neste
ponto, a visão é ainda mais clara quanto ao estabelecimento do reino de Deus e
sua vitória contra os reinos deste mundo. Primeiro, o tribunal de Deus
estabelecido para julgar e condenar os reinos (vv. 9-12) – o que vem se
realizando na medida em que um reino após o outro passa e nunca mais volta ao
poder, ainda que algo daquilo que construíram permaneça como legado aos povos
seguintes. Esse juízo se cumprirá totalmente na destruição final dos reinos
deste mundo, coligados conforme a figura do “chifre pequeno” (v. 26). A visão
ainda mostra o reino de Deus sendo entregue aos santos, na pessoa do Seu
próprio Rei e cabeça, o Filho do homem – Cristo Jesus (vv. 13-14, 18, 27).
Oportunamente,
estudaremos a destruição final da besta, aqui já apresentada na visão da
estátua e dos animais. A certeza sempre confirmada é a da vitória de Cristo
Jesus – o Rei dos reis.
Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2018
ESCATOLOGIA
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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