As
Escrituras Sagradas, particularmente o Novo Testamento, mencionam três eventos relacionados
com os últimos tempos: a atuação do anticristo, a apostasia da fé, por parte de
muitos, e uma grande tribulação sobre os fiéis. Quanto mais nos aproximamos do
fim, maior será a frequência e intensidade com que veremos a manifestação desse
espírito de rebelião e inimizade contra Deus e Cristo, e contra os Seus santos,
até que o próprio Senhor se manifeste na Sua vinda, para salvar o Seu povo e
destruir toda a oposição.
Considerando
que o prefixo “anti” significa oposto; naturalmente, anticristo refere-se
àquele que se opõe a Cristo. O texto da leitura bíblica caracteriza-o como
“homem do pecado”, “filho da perdição”, “iníquo” (vv. 3, 8); por outro lado,
João se refere a muitos que se têm feito anticristos, assim como a um “espírito
do anticristo” (1 Jo 2.18; 4.3). O sentido de anticristo também pode ser o de colocar-se
“em lugar de Cristo”, ou seja, de se apresentar como o verdadeiro Messias que
haveria de vir (v. 4; cf. Mt 24.5, 23-24). Enfim, o anticristo não é um
indivíduo particular, mas um espírito maligno que atua nos homens, nos filhos
da ira, nos mais diversos campos de existência e ação desse mundo, que jaz no
maligno (1 Jo 5.19).
Partindo
da visão das Setenta Semanas, vemos que o tempo da atuação do anticristo tem
início exatamente na metade da última semana, ou seja, a partir da subida de
Jesus ao céu (Dn 9.26, 27). É aí que Satanás, o dragão, vencido pelo
testemunho, e o perdão e a justiça assegurados pelo sangue do Cordeiro, foi
precipitado na terra com os seus anjos (Ap 12.1-5, 7-11; cf. Jo 14.30; Lc
10.18). Até o fim, o adversário agirá com grande ira contra os santos (Ap
12.12-13, 17). Paulo afirma, no texto da leitura bíblica, que o “mistério da
injustiça” já está em operação (vv. 6-8), ou seja, o anticristo já estava
atuando em seu tempo. O que resta apenas é que ele seja manifestado, na vinda de
Cristo, para ser destruído.
O
principal objetivo do anticristo é opor-se formal e sistematicamente ao Senhor
Jesus. Ele faz isto de diversas maneiras. No domínio político, atua através da
“besta que subiu do mar”, ou seja, o conglomerado das nações deste mundo que se
reúnem em oposição ao Cordeiro e aos santos (Ap 13.1-4, 5-7). No âmbito
religioso, manifesta-se como a “besta que subiu da terra”, também chamada de
“falso profeta” (Ap 13.11-14), com todo o engano das falsas religiões,
filosofias e ideologias, levando a humanidade a se colocar em dependência do
sistema desse mundo e a não se sujeitar a Cristo Jesus, o Rei dos reis. Essa
atuação inclusive é acompanhada de sinais, para que sejam enganados aqueles que
fizeram rejeição à graça de Deus oferecida no evangelho (vv. 9-12; 2 Co 4.3-4).
E é o próprio diabo, Satanás, que inspira todas as estruturas de poder e
pensamento deste mundo em oposição a Deus (Ap 16.13-14), além de atuar
diretamente, com os seus demônios, em regiões espirituais (cf. Ef 6.11-13, 16;
1 Pe 5.8-9).
O
termo apostasia significa o abandono deliberado e consciente da fé cristã
anteriormente confessada. Isto ocorre de forma progressiva, na medida em que a
verdade, ou a doutrina bíblica, é negada, alterada e substituída por doutrinas de
homens, finalmente levando ao afastamento completo de Deus, à cauterização da
consciência e ao naufrágio da fé. Os apóstolos, em suas epístolas, falam de
muitos que em seu tempo já haviam incorrido nesse caminho de perdição (2 Tm
2.16-19; 2 Pe 2.12-20; 1 Jo 2.19).
Na
visão das Setenta Semanas, na metade da última semana, o assolador viria “sobre
a asa das abominações”, ou seja, sobre a multiplicação da iniquidade e do
engano. Em outras palavras, o tempo da apostasia é o mesmo da vinda do
anticristo, e tem início com a precipitação de Satanás na terra, e se estende
até o fim. Paulo afirma, pelo Espírito de Deus, que isto ocorreria nos “últimos
tempos”, em “tempos trabalhosos” (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 4.3); e Pedro declara
que, assim como houve falsos profetas em Israel, no passado, a Igreja também
seria incomodada por falsos mestres e heresias (2 Pe 3.1-4; cf. Jd 3-4, 17-19).
João diz que já estamos na “última hora” seu próprio tempo como já sendo a
“última hora”, em razão do abandono da verdade (1 Jo 2.18, 22; 4.1-3).
As
provas de que a Igreja atravessa um momento claro de apostasia são muitos,
incluindo: vida frívola de cristãos descomprometidos com a piedade, a oração, a
santidade (Ap 2.4-5; 2 Tm 3.1-5); desprezo e indiferença pela Palavra de Deus,
substituindo-a por tradições humanas (1 Tm 4.1-4; 2 Tm 4.3-4); o aumento da
ganância de cristãos, inclusive pastores, por poder, dinheiro e fama (Tg 4.1-4;
1 Tm 6.9; 1 Pe 5.1-3); e muitas outras perversões, das quais as Epístolas estão
repletas de exemplos, como coisas que já ocorriam no tempo dos apóstolos.
Um
período de grande aflição e angústia para os servos de Deus está previsto nas
Escrituras. Isto se deve à oposição do mundo, que odeia a Cristo e, portanto,
odeia também aos que O seguem (Jo 15.18-21). A tribulação se manifesta nas
perseguições, aborrecimentos, opressões, ofensas e até a morte por amor à
verdade (Mt 5.11). Na verdade, é necessário que os cristãos passem por
tribulações (At 14.22; 2 Tm 3.10-12).
É
nas visões que teve o profeta Daniel que encontraremos referência ao tempo em
que se dá essa grande aflição do povo de Deus. Nas Setenta Semanas, estão
determinadas assolações até o fim, particularmente após a vinda do assolador, o
anticristo (Dn 9.26, 27). Na visão do capítulo 7 do mesmo profeta, encontramos
que os santos serão entregues nas mãos do reino representado pelo chifre
pequeno “por um tempo, e tempos e metade de um tempo”, para serem afligidos e
mortos (Dn 7.21, 25). Com a precipitação do dragão, Satanás, na terra, este
imediatamente se levantou com grande fúria contra a semente da mulher, a
Igreja, e os combaterá até o fim (Ap 12.17). Começando com os apóstolos, a
maioria – se não todos – foram martirizados por amor ao evangelho. Outros
também tiveram de dar sua vida por amor ao evangelho (At 7.57-60; cf. Hb
10.32-34). E assim, até aos nossos dias, temos incontáveis testemunhos, de
todas as partes do mundo, de cristãos passando por grande tribulação. Mesmo que
em alguns lugares, em algum momento, haja relativa tranquilidade, e alguns cristãos
não sejam diretamente confrontados pelo mundo, entendamos que, no sofrer de um
só membro, toda a igreja deveria se compadecer, como se todos sofressem (1 Co
12.26; Tg 5.13; Rm 12.2).
O
que a torna a tribulação particularmente grande são os fatores já mencionados
na lição: a atuação direta e em grande ira da parte do próprio diabo e de suas
hostes infernais, que sabem que lhes resta pouco tempo; o propósito da besta –
os reinos deste mundo – de se por em lugar de Deus, perseguindo e destruindo
aqueles que não reconhecem o seu poder; o engano do falso profeta,
ridicularizando o evangelho, obscurecendo a luz da verdade; e a humanidade sem
Deus, que jaz prisioneira do pecado e ferrenhamente apegada ao amor deste
mundo, e por isso odeia os que seguem a Cristo e os censura por não andarem no
mesmo desenfreamento das paixões pecaminosas da carne.
A
Igreja realmente se encontra nos últimos dias, no fim dos tempos. Não há nada
mais que se esperar, senão a vinda de Cristo Jesus, nosso Salvador e Senhor,
que porá fim a todo o sistema pecaminoso e corrupto deste mundo, vencendo os
falsos reis da terra e os falsos profetas, assim como destruindo a todos os
Seus adversários. Só então a Igreja será livrada de todas as suas aflições, e
estará para sempre, em paz, com o Senhor.
Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2018
ESCATOLOGIA
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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