Na
lição anterior, aprendemos sobre o que Deus espera em relação à adoração
apresentada por Seu povo. Hoje, examinaremos um pouco mais o livro de Malaquias
a fim de compreendermos o justo juízo de Deus sobre os sacerdotes infiéis, pois
a infidelidade dos sacerdotes havia induzido os israelitas a oferecerem ao
Senhor um culto deplorável. O juízo de Deus aplicado aos sacerdotes
contemporâneos de Malaquias serve como um alerta em alto e bom som para os
ministros do Evangelho de Cristo, os quais foram incumbidos com a mais alta
responsabilidade de serem ministros da Nova e Eterna Aliança no sangue de Jesus
Cristo. Portanto, se o rigor para os sacerdotes da Antiga Aliança foi severo,
imagine o rigor aplicado aos ministros da Nova Aliança!
O
culto profano apresentado então pelos israelitas tinha sua origem na atitude
desonrosa dos sacerdotes com relação à glória e majestade do Senhor. Por isto,
aqui o profeta se dirige exclusivamente aos sacerdotes com o objetivo de
confrontá-los acerca da irreverência com que estavam servindo no ministério
sacerdotal. Na aliança feita pelo Senhor com Levi e sua descendência, cabia aos
sacerdotes as seguintes responsabilidades: oferecer o sacrifício do povo de
acordo com a Lei de Moisés, guardar o templo e instruir o povo na Lei de Deus,
e lidera-lo no louvor e culto divino. Portanto, a qualidade do culto dedicado
ao Senhor estava intimamente ligada com a qualidade do serviço prestado pelos
sacerdotes.
Quando
o Senhor confronta os sacerdotes infiéis, seu objetivo principal é tratar a
causa dos sintomas manifestados na conduta desobediente e no culto irreverente
dos israelitas. Seria inútil o profeta Malaquias confrontar o povo se os
sacerdotes permanecessem na mesma atitude leviana e irreverente em relação ao
Senhor. Ao confrontar os sacerdotes, o Senhor faz uma ameaça bastante
contundente: “Se não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra
ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós e
amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque vós não
pondes isso no coração” (Ml 2.2). Na Antiga Aliança, os israelitas deviam
cumprir a Lei de Moisés para merecerem as bênçãos prometidas pelo Senhor. No
entanto, notamos, ao longo de toda a história de Israel, os israelitas
frequentemente vivendo a “maldição da Lei” por serem naturalmente incompetentes
para guardá-la perfeitamente. “Maldição” nada mais é que o contrário de
“prosperidade”, logo, o Senhor está prometendo bloquear todo e qualquer
empreendimento israelita que visasse o seu bem-estar e prosperidade.
A
conversão da bênção dos sacerdotes em maldição implicaria no seguinte fato:
Todas as vezes que os israelitas trouxessem suas ofertas no templo para prestar
culto ao Senhor e o sacerdote professasse palavras de bênçãos sobre os
ofertantes, estas palavras teriam, na verdade, o efeito contrário, ou seja,
seriam de maldição. Porquanto o culto era oferecido de forma profana, jamais
poderia resultar em bênçãos genuínas (Dt 28.1-3; Dt 28.15-16).
Na
Antiga Aliança, o Senhor incumbiu Levi e seus descendentes da responsabilidade
do sacerdócio perpetuamente, ou seja, nenhum homem de outra tribo poderia
exercer o ofício sacerdotal (Nm 3.1-4). Uma grandiosa honra foi concedida pelo
Senhor a esta linhagem, contudo, eles perderam de vista a honra que haviam
recebido e retribuíram ao Senhor com desonra. Por isso, o Senhor prometeu
corromper a semente da linhagem levítica, bem como desonrar os sacerdotes
infiéis, lançando o excremento dos animais em seus rostos. Nada mais justo, o
Senhor recompensaria a desonra com desonra (Ez 34.1-5; Os 4.6-10). O concerto
original de Deus com Levi foi de vida e paz, porém, seus descendentes
converteram a benção em maldição por meio da rebelião. Os sacerdotes foram
chamados para serem como anjos do Senhor, ou seja, mensageiros para o povo
israelita se firmar na Lei. Mas os sacerdotes infiéis acabaram por desviar o
povo do caminho e induzi-lo a tropeçar na Lei e, desta maneira, corromperam o
concerto que o Senhor havia feito com Levi.
A
desonra expressa pelos sacerdotes com relação ao Senhor teria também como
repercussão a perda da boa reputação dos mesmos perante o povo, pois os
sacerdotes passariam a ser tratados como homens desprezíveis e indignos,
porquanto foram os principais responsáveis pela indignação do Senhor com o Seu
povo.
Não
podemos nos enganar pensando que o Senhor, na Nova Aliança, afrouxou o Seu zelo
e agora aceita qualquer forma de culto que acharmos adequado oferecer-Lhe.
Infelizmente, muitos cristãos enxergam na Nova Aliança uma espécie de
“liberdade” que na verdade não existe. Na Nova Aliança o pecado não tem domínio
sobre nós, pois não estamos mais debaixo da Lei, mas sim, debaixo da graça,
logo, nosso culto apresentado ao Senhor deve ser impecável, com o mais alto
grau de excelência (Rm 6.16-23). Enquanto na Antiga Aliança os adoradores do
Senhor eram impelidos ao culto pela força da Lei com suas demandas e ameaças,
na Nova Aliança eles são impelidos pela revelação do sacrifício vicário de
Cristo na cruz e pela gratidão. Ou seja, o culto antigamente era motivado por
um senso de obrigação; agora, por um senso de paixão e gratidão.
Na
Antiga Aliança, os sacerdotes eram responsáveis por orientar os israelitas a
oferecerem um culto ao Senhor segundo os preceitos da Lei; já os ministros do
Evangelho são responsáveis por orientar os cristãos a oferecerem ao Senhor um
culto pelo poder do Espírito Santo e pela graça do Evangelho. Enquanto os
sacerdotes na Antiga Aliança lidaram com uma forma de culto que nada mais era
do que figura do que seria consumado através de Cristo, agora, os ministros do
Evangelho, precisam lidar com uma nova realidade de culto que já foi consumada
segundo a graça divina (Rm 12.1).
Com
isso, entendemos o porquê da severidade e instantaneidade com que a oferta
profana trazida por Ananias e Safira foi tratada pelo Senhor (At 5.1-11).
Portanto, nossa geração não pode, em hipótese alguma, ser leviana ou irreverente
na adoração. O Senhor não terá o culpado por inocente (Na 1.2-3).
Lamentavelmente, muitos ministros do Evangelho estão incentivando formas de
culto onde o objetivo é agradar aos “adoradores” e não ao Senhor. Uma espécie
de “culto show” tem dominado a liturgia de muitas congregações cujos líderes
estão mais preocupados em atrair público do que verdadeiramente exaltar ao
Senhor. Mais cedo ou mais tarde, o justo juízo de Deus se manifestará a fim de
lidar com o culto profano de muitas igrejas dos nossos dias, e este juízo terá
seu início com os ministros do Evangelho, os quais receberam do Senhor a missão
de guiar as ovelhas de Cristo na verdade.
A
indignação do Senhor com os sacerdotes era legítima devido à forma irreverente
com que estavam exercendo o sacerdócio diante do Senhor e do povo. O Senhor tem
um zelo tremendo pela glória do seu Santo Nome, portanto, Ele jamais será
tolerante com qualquer prática irreverente ou profana do Seu povo. Sendo assim,
precisamos ser absolutamente reverentes e zelosos quando oferecermos ao nosso
Soberano Senhor o nosso culto racional.
Texto cedido por: EBD – 4º. Trimestre de 2018
LIVRO DE MALAQUIAS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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