Na
lição da semana passada, estudamos o questionamento dos israelitas concernente
à efetividade da justiça de Deus sobre os ímpios. Hoje, examinaremos as
Sagradas Escrituras com o propósito de compreendermos claramente o tempo e o
modo do Senhor para executar Seu justo juízo sobre os ímpios. Ainda que muitos
possam ter como tardio o cumprimento das promessas de Deus, sabemos que há um
tempo determinado soberanamente por Deus para o cumprimento de todo propósito
debaixo do céu.
Antes
de o profeta Malaquias profetizar sobre um anjo (mensageiro) enviado por Deus
com a missão de preparar-Lhe o caminho para se manifestar ao Seu povo, o
profeta Isaías já havia profetizado sobre esse mesmo fato (Is 40.1-11). Segundo
estes profetas, a manifestação do Messias de Deus seria precedida por um
mensageiro incumbido pelo Senhor de preparar os israelitas para O receberem.
Este mensageiro é identificado pelo próprio Messias como sendo João Batista (Mt
11.7-14). João Batista, ao trabalhar como um mensageiro para preparar o caminho
do Messias Jesus, aponta para a realeza do ministério do Salvador, porquanto
naqueles tempos somente os monarcas enviavam mensageiros diante de si com a
finalidade de Lhe preparar o caminho rumo aos destinos desejados. Vilarejos e
cidades eram alertados pelos mensageiros para se prepararem para receberem com
a devida honra o monarca que estava a caminho para visita-los ou passar por
suas terras.
João
Batista se distinguiu em muito dos profetas que o antecederam, pois ele foi
cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe, consagrou totalmente sua
vida ao Senhor, porquanto foi morar sozinho no deserto da Judeia e batizou nas
águas do rio Jordão a todos quantos creram em sua mensagem e arrependeram-se de
seus pecados (Lc 1.11-17; Lc 3.1-20). A distinção de João Batista como profeta
não se ateve somente ao modo como ele trabalhou, mas principalmente pela
magnitude do impacto do seu ministério na história da redenção da humanidade,
porque seu ministério é um marco divisório entre a Antiga e a Nova Aliança do
Senhor com Seu povo. A Lei e os profetas vigoraram até João Batista para então
dar lugar à manifestação da graça e da verdade por meio de Jesus Cristo (Jo
1.17-18). João Batista surgiu em Israel num contexto marcado por uma estiagem
espiritual onde o legalismo religioso promovido por líderes religiosos
hipócritas havia atingido o seu ápice. Por isso, o arrependimento sincero
constitui-se no cerne de sua mensagem para preparar os corações para recebem o
Messias de Deus, o Salvador do mundo.
A
justiça própria e o orgulho religioso promovido pelos fariseus representavam
grandes barreiras para o ministério do Cordeiro de Deus, portanto, João
Batista, cheio do Espírito Santo, confrontou severamente toda a leviandade dos
hipócritas com o objetivo de persuadir o povo de seus pecados e da necessidade
de um Salvador (Mt 3.7-10). João Batista é categórico ao afirmar a
insuficiência da tradição religiosa como meio de justificação e livramento da
ira vindoura, portanto, somente o Cordeiro de Deus é competente para remover o
pecado do mundo.
O
Senhor, em reposta aos questionamentos dos israelitas acerca da execução da Sua
justiça sobre os ímpios, promete enviar um anjo do concerto com o propósito de
purificar o Seu próprio povo. Enquanto os israelitas pleiteavam pela justiça de
Deus sobre os seus opressores estrangeiros, o Senhor promete começar a executar
justiça sobre os ímpios presentes no meio de Israel. Esta foi uma resposta
bastante contundente para a hipocrisia daqueles que se consideravam justos aos
seus próprios olhos. É interessante notar a consideração feita por Malaquias
quanto ao fato da vinda do Messias ser desejada por todos, no entanto, Sua
vinda não seria suportada por todos, em virtude da forma em que Ele lidaria com
o pecado do Seu povo.
Malaquias
usou a figura do ourives e do lavandeiro para ilustrar o papel purificador do
ministério do Messias junto aos israelitas. A necessidade de purificação moral
e espiritual do povo era indispensável para garantir um culto agradável ao
Senhor. Contudo, o Messias não utilizou literalmente fogo e sabão para
purificar Seu povo de seus pecados, mas sim o Seu próprio sangue vertido na
cruz do Calvário (Rm 3.21-26). Por esta razão, o Messias constitui-se um
escândalo para os judeus e uma loucura para os gregos (1Co 1.17-25). O
sacrifício do Filho de Deus na cruz para salvação dos pecadores de seus pecados
é um grande mistério cuja compreensão só pode ser alcançada pelo testemunho do
Espírito Santo no homem interior (Ef 3.8-12; Cl 2.1-3). Por isso, o apóstolo
Paulo afirma que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente (1 Co 2.14).
A
purificação do povo, conforme prometida por Deus nesta profecia, visava à
correção, não somente do culto prestado à Deus, mas também da conduta cotidiana
dos israelitas. A vinda do Messias de Deus traz consigo a solução de todos os
problemas abordados pelas profecias de Malaquias, o que nos enche de confiança
e esperança. Ainda que tenham sido necessários aproximadamente quatrocentos
anos para ocorrer o cumprimento de tal promessa, vemos uma vez mais a
fidelidade e imutabilidade do caráter do nosso Deus (Nm 23.19; Jr 1.11-12; Hb
6.18).
Com
um povo santificado pelo sangue da Nova e Eterna Aliança, seria possível um
confronto mais incisivo da conduta dos ímpios no mundo. Desta maneira, o povo
de Deus se tornaria um instrumento divino tanto para salvação como para o juízo
dos ímpios. Enquanto os israelitas estavam questionando a efetividade do juízo
divino, o Senhor estava planejando forjar um povo santo, dentre os israelitas e
dentre os gentios, para cooperar no juízo dos ímpios. Nisto está a maravilhosa
obra da graça divina, a qual manifesta-se a um povo indigno de qualquer favor
da parte do Deus de Jacó, porquanto o cumprimento das promessas divinas se dá
pela fidelidade de Deus antes de haver fidelidade no próprio povo (2 Co
1.19-20; Rm 5.8, 9).
Somos
diariamente cercados por tentações cujo objetivo principal é minar nossa fé em
Jesus Cristo e nas promessas divinas. No entanto, se conservarmos nossos olhos
fixos em Cristo e os nossos ouvidos atentos ao que o Espírito Santo diz à
igreja, certamente seremos sustentados na fé até a conclusão da nossa
peregrinação (1 Pe 1.3-9).
A
resposta de Deus para o questionamento dos israelitas quanto a efetividade da
Sua justiça manifestou-se na bendita pessoa de Jesus Cristo. A imutabilidade do
caráter de Deus e Sua fidelidade em cumprir Suas promessas asseguram a
consumação da redenção de Seus escolhidos. Portanto, temos por certo o triunfo
de Cristo e de Sua igreja sobre este mundo tenebroso.
Texto cedido por: EBD – 4º. Trimestre de 2018
LIVRO DE MALAQUIAS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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