quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Por que cultuar a Deus se Ele não executa o juízo.






Na lição anterior, estudamos a abordagem de Malaquias a respeito de como a deslealdade no matrimônio impede o culto a Deus. Nesta lição, vamos compreender o descontentamento de Deus com as queixas dos israelitas com respeito ao juízo de Deus sobre os maus.

Desde a queda de Adão e Eva, o mal marcou presença em toda história da humanidade. A própria Bíblia registra diversas histórias cujas narrativas evidenciam a multiplicação da iniquidade nas relações humanas. A prosperidade momentânea dos ímpios, bem como a aparente impunidade de suas maldades, frequentemente servem como argumentos para se questionar a efetividade da justiça divina (Sl 73.1-28). É exatamente este o questionamento dos israelitas neste texto em análise. Ao que tudo indica, havia nos corações dos israelitas uma amargura com relação a Deus por Ele não executar rapidamente o juízo sobre seus opressores. Com isso, as suas queixas subtraíam a alegria da genuína adoração. O que precisamos observar atentamente neste questionamento dos israelitas é a cegueira provocada pelo seu orgulho, pois, ao questionarem a aparente ineficácia do juízo de Deus sobre os maus, eles estão se colocando como justos aos seus próprios olhos e desconsiderando a verdade cantada pelo salmista Davi: “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl 14.2-3). Lembremo-nos de que a correção aplicada aos israelitas por Deus, utilizando a opressão dos babilônios e persas, foi a execução do justo juízo do Senhor segundo a Sua Lei. Enquanto julgavam o julgamento divino como ineficaz, tendo em vista a prosperidade de seus opressores, eles não percebiam que, na verdade, o que estava acontecendo era o contrário, porque o Senhor estava exercendo Sua reta justiça sobre Seu povo rebelde e obstinado (Jr 4.5-22).

O orgulho humano sempre distorce a realidade moral, fazendo o homem pensar de si mais do que é devido e, até mesmo, questionar a excelência moral do nosso Criador. Por isso, quando os israelitas foram arguidos quanto às queixas apresentadas por eles com relação ao juízo de Deus, a resposta por eles apresentada foi arrogante e cínica.

Sendo assim, antes de murmurarmos contra o governo e o juízo divino, é sempre bom considerarmos as sábias palavras do profeta Jeremias: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39). É fácil para o pecador acusar Deus como o responsável por suas próprias mazelas, contudo, somente os mansos e humildes de coração podem reconhecer o próprio pecado e confessarem a Deus a sua própria culpa, a fim de alcançarem misericórdia em tempo oportuno (Pv 28.13).

Os ateus contemporâneos, na tentativa de questionar a existência de um Deus criador conforme apresentado nas Sagradas Escrituras, utilizam como argumento principal o contraste entre o caráter benevolente e misericordioso do Senhor com os sofrimentos vivenciados pela humanidade ao longo da história, bem como toda a maldade praticada em larga escala em todas as culturas. A grande pergunta dos ateus é esta: “Se Deus é bom, por que o mal existe?”. Mas esse questionamento pode ir além: “Como um Deus justo, bom e todo-poderoso permite que o mal exista em Seu universo, que ímpios prosperem e pequem abertamente sem serem castigados? E por que Ele permite que o justo sofra neste mundo?” Embora estes questionamentos possam ser mais evidentes entre os ateus, há circunstâncias onde os justos também são tentados a questionar a justiça de Deus. O próprio profeta Habacuque tem dificuldade de compreender a razão pela qual Deus tarda em exercer justo juízo sobre os ímpios. A aparente ou temporária impunidade dos ímpios pode gerar muitos questionamentos até mesmo para os justos no tocante à efetividade da justiça de Deus, no entanto, quando entendemos a realidade do juízo de Deus, fica mais fácil compreendermos como Ele realmente pune os ímpios por suas maldades.

Em primeiro lugar, para compreendermos como o Senhor exerce Seu justo juízo sobre os ímpios, precisamos entender que o maior castigo aplicado por Ele a um ímpio não é na forma de sofrimento, mas sim, na forma de privação de Sua presença e graça (Is 59.1-4; Rm 3.23). Embora um ímpio possa desfrutar de riqueza e boa saúde enquanto pratica suas maldades livremente, ele está morto em ofensas e pecados, entenebrecido no entendimento, alienado da graça divina e privado da presença do Espírito Santo em seu coração. Todos os prazeres e riquezas do mundo não compensam a ausência de Deus no coração humano. Portanto, antes de pensarmos que os ímpios prosperam somente por considerarmos a aparência exterior, primeiro, precisamos considerar a aflição interior sofrida por eles em virtude da separação de Deus.

Em segundo lugar, para compreendermos como o Senhor exerce Seu justo juízo sobre os ímpios, precisamos compreender a dura realidade do Juízo Final, onde todos nós haveremos de prestar contas de nossas obras, sejam elas boas ou más (Mt 25.31-33; Rm 14.10; 2Co 5.10). Não podemos subestimar o juízo de Deus, pois, mais cedo ou mais tarde, Ele trará a juízo todas as coisas (Ec 12. 13,14).

Os filhos de Deus, segundo o testemunho interior do Espírito Santo, têm plena convicção do caráter justo do Pai Celestial. Sabemos que a justiça de Deus jamais falha, logo, toda obra justa será recompensada e toda obra ímpia, condenada. Esta certeza acerca do justo juízo de Deus inspira seus filhos a uma adoração apaixonada, porquanto temos a certeza da nossa recompensa futura. Ao adorarmos ao Senhor por Seu caráter justo não estamos propriamente celebrando a condenação dos ímpios, mas sim, celebrando de antemão o galardão dos justos. Não temos prazer na morte e condenação do ímpio, no entanto, não podemos deixar de exaltar ao Senhor na certeza do Seu justo juízo.

A adoração cristã genuína preza pelo culto ao Senhor, levando em consideração principalmente Seus atributos maravilhosos. Nosso foco na adoração não pode basear-se somente nos feitos do Senhor no presente momento de nossas vidas, pois corremos o risco de duvidar de Sua bondade e justiça. A Bíblia está repleta de histórias de pessoas justas que sofreram terrivelmente, mas não negaram a fé, porque conservaram o foco no caráter de Deus e não em suas circunstâncias (Jó, Daniel, Davi, Isaías, Jeremias, os apóstolos, etc). O vislumbre da perfeição do caráter do nosso Pai Celestial sempre despertará em nós um senso da admiração e reverência intensos (Rm 11.33-36).

A aparente e temporária prosperidade dos ímpios pode gerar muitos questionamentos acerca da efetividade do juízo de Deus, no entanto, quando compreendemos a retidão do caráter de Deus, bem como seu plano para o Juízo Final, temos a certeza da infalibilidade da sua justiça em recompensar os justos e condenar os ímpios. A convicção da retidão do juízo de Deus desperta em nós uma adoração sincera e fervorosa, porquanto nossa recompensa está garantida por Aquele que nos chamou para tomarmos parte desta tão grande e maravilhosa salvação.



Texto cedido por: EBD –  4º. Trimestre de 2018



LIVRO DE MALAQUIAS

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP

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