Na
lição anterior, estudamos a abordagem de Malaquias a respeito de como a
deslealdade no matrimônio impede o culto a Deus. Nesta lição, vamos compreender
o descontentamento de Deus com as queixas dos israelitas com respeito ao juízo
de Deus sobre os maus.
Desde
a queda de Adão e Eva, o mal marcou presença em toda história da humanidade. A
própria Bíblia registra diversas histórias cujas narrativas evidenciam a
multiplicação da iniquidade nas relações humanas. A prosperidade momentânea dos
ímpios, bem como a aparente impunidade de suas maldades, frequentemente servem
como argumentos para se questionar a efetividade da justiça divina (Sl
73.1-28). É exatamente este o questionamento dos israelitas neste texto em
análise. Ao que tudo indica, havia nos corações dos israelitas uma amargura com
relação a Deus por Ele não executar rapidamente o juízo sobre seus opressores.
Com isso, as suas queixas subtraíam a alegria da genuína adoração. O que
precisamos observar atentamente neste questionamento dos israelitas é a
cegueira provocada pelo seu orgulho, pois, ao questionarem a aparente
ineficácia do juízo de Deus sobre os maus, eles estão se colocando como justos
aos seus próprios olhos e desconsiderando a verdade cantada pelo salmista Davi:
“O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia
algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e
juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl
14.2-3). Lembremo-nos de que a correção aplicada aos israelitas por Deus,
utilizando a opressão dos babilônios e persas, foi a execução do justo juízo do
Senhor segundo a Sua Lei. Enquanto julgavam o julgamento divino como ineficaz, tendo
em vista a prosperidade de seus opressores, eles não percebiam que, na verdade,
o que estava acontecendo era o contrário, porque o Senhor estava exercendo Sua
reta justiça sobre Seu povo rebelde e obstinado (Jr 4.5-22).
O
orgulho humano sempre distorce a realidade moral, fazendo o homem pensar de si
mais do que é devido e, até mesmo, questionar a excelência moral do nosso
Criador. Por isso, quando os israelitas foram arguidos quanto às queixas
apresentadas por eles com relação ao juízo de Deus, a resposta por eles
apresentada foi arrogante e cínica.
Sendo
assim, antes de murmurarmos contra o governo e o juízo divino, é sempre bom
considerarmos as sábias palavras do profeta Jeremias: “De que se queixa, pois,
o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39). É fácil para o
pecador acusar Deus como o responsável por suas próprias mazelas, contudo,
somente os mansos e humildes de coração podem reconhecer o próprio pecado e
confessarem a Deus a sua própria culpa, a fim de alcançarem misericórdia em
tempo oportuno (Pv 28.13).
Os
ateus contemporâneos, na tentativa de questionar a existência de um Deus
criador conforme apresentado nas Sagradas Escrituras, utilizam como argumento
principal o contraste entre o caráter benevolente e misericordioso do Senhor
com os sofrimentos vivenciados pela humanidade ao longo da história, bem como
toda a maldade praticada em larga escala em todas as culturas. A grande
pergunta dos ateus é esta: “Se Deus é bom, por que o mal existe?”. Mas esse questionamento
pode ir além: “Como um Deus justo, bom e todo-poderoso permite que o mal exista
em Seu universo, que ímpios prosperem e pequem abertamente sem serem
castigados? E por que Ele permite que o justo sofra neste mundo?” Embora estes
questionamentos possam ser mais evidentes entre os ateus, há circunstâncias
onde os justos também são tentados a questionar a justiça de Deus. O próprio
profeta Habacuque tem dificuldade de compreender a razão pela qual Deus tarda
em exercer justo juízo sobre os ímpios. A aparente ou temporária impunidade dos
ímpios pode gerar muitos questionamentos até mesmo para os justos no tocante à
efetividade da justiça de Deus, no entanto, quando entendemos a realidade do
juízo de Deus, fica mais fácil compreendermos como Ele realmente pune os ímpios
por suas maldades.
Em
primeiro lugar, para compreendermos como o Senhor exerce Seu justo juízo sobre
os ímpios, precisamos entender que o maior castigo aplicado por Ele a um ímpio
não é na forma de sofrimento, mas sim, na forma de privação de Sua presença e
graça (Is 59.1-4; Rm 3.23). Embora um ímpio possa desfrutar de riqueza e boa
saúde enquanto pratica suas maldades livremente, ele está morto em ofensas e
pecados, entenebrecido no entendimento, alienado da graça divina e privado da
presença do Espírito Santo em seu coração. Todos os prazeres e riquezas do
mundo não compensam a ausência de Deus no coração humano. Portanto, antes de
pensarmos que os ímpios prosperam somente por considerarmos a aparência
exterior, primeiro, precisamos considerar a aflição interior sofrida por eles
em virtude da separação de Deus.
Em
segundo lugar, para compreendermos como o Senhor exerce Seu justo juízo sobre
os ímpios, precisamos compreender a dura realidade do Juízo Final, onde todos
nós haveremos de prestar contas de nossas obras, sejam elas boas ou más (Mt
25.31-33; Rm 14.10; 2Co 5.10). Não podemos subestimar o juízo de Deus, pois,
mais cedo ou mais tarde, Ele trará a juízo todas as coisas (Ec 12. 13,14).
Os
filhos de Deus, segundo o testemunho interior do Espírito Santo, têm plena
convicção do caráter justo do Pai Celestial. Sabemos que a justiça de Deus
jamais falha, logo, toda obra justa será recompensada e toda obra ímpia,
condenada. Esta certeza acerca do justo juízo de Deus inspira seus filhos a uma
adoração apaixonada, porquanto temos a certeza da nossa recompensa futura. Ao
adorarmos ao Senhor por Seu caráter justo não estamos propriamente celebrando a
condenação dos ímpios, mas sim, celebrando de antemão o galardão dos justos.
Não temos prazer na morte e condenação do ímpio, no entanto, não podemos deixar
de exaltar ao Senhor na certeza do Seu justo juízo.
A
adoração cristã genuína preza pelo culto ao Senhor, levando em consideração
principalmente Seus atributos maravilhosos. Nosso foco na adoração não pode
basear-se somente nos feitos do Senhor no presente momento de nossas vidas,
pois corremos o risco de duvidar de Sua bondade e justiça. A Bíblia está
repleta de histórias de pessoas justas que sofreram terrivelmente, mas não
negaram a fé, porque conservaram o foco no caráter de Deus e não em suas
circunstâncias (Jó, Daniel, Davi, Isaías, Jeremias, os apóstolos, etc). O
vislumbre da perfeição do caráter do nosso Pai Celestial sempre despertará em
nós um senso da admiração e reverência intensos (Rm 11.33-36).
A
aparente e temporária prosperidade dos ímpios pode gerar muitos questionamentos
acerca da efetividade do juízo de Deus, no entanto, quando compreendemos a
retidão do caráter de Deus, bem como seu plano para o Juízo Final, temos a
certeza da infalibilidade da sua justiça em recompensar os justos e condenar os
ímpios. A convicção da retidão do juízo de Deus desperta em nós uma adoração
sincera e fervorosa, porquanto nossa recompensa está garantida por Aquele que
nos chamou para tomarmos parte desta tão grande e maravilhosa salvação.
Texto cedido por: EBD – 4º. Trimestre de 2018
LIVRO DE MALAQUIAS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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