Em
tempos de incertezas e inseguranças, de esfriamento espiritual, de tolerância
religiosa, do politicamente correto, do relativismo moral e etc., o estudo da
carta aos Hebreus é importante, pois declara que só há um único e verdadeiro
caminho que nos conduz aos céus, Jesus Cristo, o Filho de Deus. Diante de tais
desafios, a igreja deve testificar que, a mensagem aos Hebreus não se trata de
uma obra, transmitida por mais uma tradição religiosa, mas é a voz do próprio
Deus, através de Seu Filho, se revelando à humanidade. Se no passado, a
mensagem, anunciada pelos servos de Deus, era representações e sombra das
realidades celestes, em nossos dias, temos a alegria de desfrutar da glória e
excelência de Cristo Jesus e compreendermos sua superioridade sobre toda obra
da criação e tradições religiosas.
Apesar
de diversas especulações quanto à autoria, o escritor não se identifica, mas
escreveu com entendimento, revelação e autoridade de um apóstolo, além de
conhecer profundamente o Antigo Testamento, em particular, o sistema sacerdotal
e sacrificial levítico (9.1-5). Assim como o autor, os destinatários são também
desconhecidos e apresentados como “irmãos santos, participantes da vocação
celestial”. Aqui o escritor exorta-os a “atentar, com mais diligência, para as
coisas que já temos ouvido” (2.1,3). É possível ainda, que esses irmãos
enfrentavam perseguições por causa da fé em Cristo (12.1-13). A ausência de
qualquer referência à destruição do templo de Jerusalém é um forte indício que
o autor escreveu antes de 70 d.C.
O
propósito do escritor era encorajar os crentes a perseverarem em sua fé em
Cristo a despeito das inúmeras tribulações e aflições que enfrentavam (2.1;
12.1,12), para isso, argumenta que as disposições divinas para a redenção
vistas no antigo pacto se cumpriram e estavam superados pela vigência da Nova
Aliança, estabelecida por Cristo, o Filho de Deus - o autor e consumador da
nossa fé (8.6). Considerando assim, a “glória e excelência de Cristo”,
os leitores devem se esforçar com maior diligência à salvação, atentando para o
perigo de se apostatarem da fé e voltarem às velhas práticas religiosas na
tradição judaica.
O
autor descreve sua obra como uma “palavra de exortação” (13.22). Contém três
divisões principais. A primeira, Jesus, o poderoso Filho de Deus, é
declarado ser a plena revelação de Deus à humanidade, maior do que os profetas
(1.1-3), do que os anjos (1.4-2.18), Moisés (3.1-6) e Josué (4.1-11). Os
leitores são advertidos ao perigo do abandono da fé ou do endurecimento do
coração pela incredulidade (2.1-3; 3.7-4.2). A segunda divisão apresenta
Jesus como o sumo sacerdote, cujas qualificações (4.14-5.10), caráter (7.26-28)
e ministério (8.1-10.18), são perfeitos e eternos. O autor adverte aqueles que
espiritualmente são imaturos e pensam em desistir da fé, depois de se tornarem
participantes de Cristo (5.11-6.12). A divisão final (10.19-13.17)
admoesta, enfaticamente, os crentes a perseverarem na salvação, na fé e na
santidade.
Ainda,
são características deste livro. No Novo Testamento (NT) é o único quanto à sua
estrutura: começa como tratado, desenvolve-se como sermão e termina como carta.
É o texto mais refinado do NT, com exceção à Lucas. É o único escrito do NT que
desenvolve o conceito do ministério sumo sacerdotal de Jesus. A Cristologia do
livro é ricamente variada, apresentando mais de vinte nomes e títulos de Jesus.
A palavra “melhor”, aparece treze vezes: Jesus é melhor que os anjos e
todos os mediadores do AT. Ele provê melhor repouso, concerto, esperança,
sacerdócio, expiação pelo sacrifício vicário e promessas. Contém o principal
capítulo do NT a respeito da fé (cap. 11). Está repleto de referências e
alusões ao AT que oferecem um rico conhecimento da interpretação cristã
primitiva da história e da adoração no AT.
O
autor assegura que a origem da revelação é divina. É certo que existe um Deus
que se comunica e se dá conhecer aos homens. Se “Deus falou”, não
compete aos seus servos questionar, indagar, especular ou filosofar o que Ele
disse, mas ouvir o que Deus falou e revelou a respeito de si mesmo, e então,
obedecer. O sábio ouve o que Deus disse e age em obediência à Sua determinação.
Então, ouvi-Lo é sabedoria e vida, ignorá-Lo é tolice e morte.
No
passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas (Ex
4.10-12); servos que falavam em nome do Senhor (Jr 15.19). Em nossos dias -
hoje, Ele se revela, exclusivamente, por meio de Jesus Cristo, o Filho. Há uma
acentuada distinção entre Jesus e os profetas. A revelação profética foi
importante, porém era sombra das realidades celestes, mas a revelação de Deus
em Jesus é maior, pois é plena, perfeita e definitiva. A mensagem de Jesus não
era uma parte da verdade, mas Ele é a verdade. Se os profetas transmitiam o que
Deus disse, através de Jesus - o Filho, o Pai fala diretamente aos homens; se
os profetas captaram uma parte da mente de Deus, Jesus é a própria mente de
Deus, a plenitude da divindade (Cl 1.19; 2.9). A Palavra de Deus falada
mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi
anteriormente falado da parte de Deus.
Este
texto encerra mostrando várias credenciais que atestam que verdadeiramente
Jesus é o unigênito do Pai. Ele é herdeiro de tudo como uma
consequência natural de sua filiação (Jo 1.1, 14). Tudo o que pertence ao Pai,
pertence a Ele por direito legal. Como Unigênito, Ele é o único herdeiro
legítimo (Jo 17.9-10). O Filho também é o criador – “por quem fez também
o mundo” (Cl 1.16). Jesus é a imagem visível do Deus invisível (Cl 1.15). A expressão
exata do ser de Deus. Aos seus discípulos Jesus disse: “Quem me vê a mim vê
o Pai” (Jo 14.9). Em seguida, é afirmado que o Filho sustenta a criação pela
palavra do seu poder, ou seja, o Filho não é só o criador, mas mantém o
equilíbrio do universo através de seu governo. Cristo ao efetuar o perdão dos
nossos pecados, mediante a sua morte na cruz, assumiu o seu lugar de
autoridade: “assentou-se à destra de Deus” (v. 3). A atividade redentora
de Cristo no céu envolve seu ministério de mediador divino (8.6; 1 Jo
2.1,2).
Nesta
passagem, é exposta a superioridade do Filho e a subordinação dos anjos. A
argumentação está alicerçada nos textos das Escrituras que demonstram que Jesus
Cristo é o Filho de Deus. Este fato é testificado pelo próprio Deus: “Tu és meu
Filho, hoje te gerei.” “Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho” (Sl 2.7;
2 Sm 7.14). Estes textos se referem a Davi e Salomão, que representavam o
governo de Deus sobre a nação de Israel, agora, é aplicado a Jesus Cristo, um
rei sem igual, maior que esses reis e que ocupa definitivamente o trono de
Israel e cumpre as promessas de Deus na história (Mt 12.42). Cristo excedeu
todas as expectativas humanas, pela sua vida, morte e ressurreição, Ele
demonstrou que não era somente um rei, é o Rei prometido, o Filho do Deus Eterno.
E
quem são os anjos? Nos versos 6-7, o contraste é acentuado, os anjos são
criaturas, estão a serviço, anunciam as glórias do Rei e devem adorá-Lo (Mt
4.11; Lc 22.43). Ao citar o Salmo 45.6-7, o autor enfatiza o reinado de Cristo
como justo, ungido e que duraria pelos séculos dos séculos. (Sl 102.25-27). Glorificado seja Deus! Jesus é o Filho de
Deus, é o Rei, de eternidade a eternidade, do início ao fim da história, da
criação à consumação. Os anjos servem e adoram a este Rei e nós devemos fazer o
mesmo. Complementa-se, agora, no verso
14, eles têm uma outra missão: “enviados para servir a favor daqueles que hão
de herdar a salvação”.
Diante
desta magnífica mensagem dos céus, não há como permanecemos indiferentes ante a
voz de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas, nem os anjos, têm maior
autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o
único mediador entre Deus e o homem.
* Texto cedido por: EBD – 1º. Trimestre de 2018
EPÍSTOLA AOS HEBREUS
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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