As
Escrituras registram que, quando Paulo estava na cidade de Atenas, seu espírito
se comoveu ao ver a cidade tão entregue à idolatria. Apesar do tempo decorrido
deste fato, este cenário não é diferente daquele de muitas cidades brasileiras;
mais do que isso, nosso povo é considerado o mais religioso e supersticioso do
mundo. Além do sincretismo e misticismo religioso que florescem no país, a
ampla maioria da população ainda se diz cristã. Que desafio a verdadeira igreja
de Cristo enfrenta! Mas há algumas questões que devem ser esclarecidas. Que
cristianismo estas pessoas professam? Em que creem? Qual é o deus que servem?
Qual é o “evangelho” em que se baseia sua fé? Esta aula tem por objetivo
apresentar a verdade sobre a revelação de Deus e refutar algumas ideias
errôneas acerca da salvação dos homens, além de apresentar as advertências aos
que negligenciam a grandiosa salvação revelada em Jesus.
Estes versos iniciam exortando os
ouvintes a “atentar, com mais diligência” para a salvação anunciada pelo Filho
de Deus, para que, ao longo da jornada cristã, eles não se desviassem dessas
verdades. No primeiro verso, destaca-se o verbo “desviar”, que transmite a
imagem de um barco atracado em um porto, mas que por descuido do piloto que
dorme, tem sua corda desamarrada do porto ou afrouxada, de maneira que o barco
não está mais preso ao porto e começa a ser levado pela correnteza. Então, o
barco é levado pelas águas e passa a estar à deriva. Neste contexto, presume-se
que aqueles que não prestam atenção à pregação, aqueles que não dão ouvidos ao
Evangelho, são como este barco, que pouco a pouco têm suas cordas afrouxadas,
vão se desgarrando do porto, e logo, logo, serão arrastados pelas correntezas
das águas e por fim, vêm a naufragar. Por isso, o cristão precisa urgentemente
ouvir e atentar para o que é ensinado e permanecer firme ancorado em Jesus, a
rocha da nossa salvação, pois somente a mensagem do Evangelho dá segurança e
conduz à vida eterna. Os que ouvem a voz de Deus alcançam misericórdia, têm
seus pecados perdoados e desfrutam da alegria da salvação em Cristo, enquanto
aqueles que negligenciam a salvação sofrerão o castigo de Deus (Rm 13.2; Jo
3.19).
A advertência é séria: “Se a palavra falada
pelos anjos permaneceu firme, e todo pecado – transgressão e desobediência –
recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma
tão grande salvação”. A palavra “transgressão” significa literalmente
transpassar uma linha e, portanto, desobediência à voz de Deus. O pecado
consiste em fechar os ouvidos aos mandamentos, advertências, conselhos e
convites de Deus. Em consequência, a justiça de Deus é manifestada por meio do
castigo aos transgressores e desobedientes. Se a nação de Israel foi julgada
por Deus por não atentar à mensagem transmitida pelos anjos – a Lei de Deus –
maior castigo receberão aqueles que não ouvirem ao Evangelho da graça, que tem
sua revelação em Jesus Cristo (Hb 3.12, 18-19; 4.11).
Esta salvação é grandiosa, pois a sua
origem é única: foi entregue “pelo próprio Senhor”; é ainda única em sua
transmissão, pois, em seguida, ela foi confirmada pelos que a ouviram, os
apóstolos – as testemunhas oculares dos acontecimentos; e, por fim, é única em
sua efetividade, pois foi testificada através da manifestação do Espírito Santo
com aqueles que eram testemunhas, “por sinais, e milagres, e várias maravilhas,
e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade” (Mc 16.20).
No verso 5, o autor retorna à argumentação
suspensa em Hb 1.14 e acrescenta que não se deve adorar os anjos, porque não
foi aos anjos que Deus sujeitou o mundo, mas ele pertence a Jesus, o Filho de
Deus. Aliás, o autor recorda que não só no futuro, quando Jesus voltar, mas, na
verdade, desde o princípio, Deus deu todo domínio ao Filho, pois em certo lugar
(Sl 8.4-6), alguém testificou: “Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o
filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um 4 pouco menor do que os
anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas
mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés” (vv. 6-8).
No Salmo 8, Davi compreendia que, apesar
de o homem ser tão pequeno, diante da grandeza da criação e do Criador, e
apesar de ser criado um pouco menor que os anjos, não foi a estes que Deus deu
o domínio sobre a Terra, mas sim ao homem (Gn 1.28; 2.15), ou seja, o primeiro
Adão, prefigurando o último Adão – Jesus, o Filho do homem.
A solução à situação da humanidade
subjugada pelo pecado é apresentada no verso 9. Existe, porém, alguém que já
alcançou o destino vislumbrado pelo Salmo: Jesus, o Filho de Deus (Jo 1.29).
Ele já está coroado de glória e honra, porém, por um breve intervalo de tempo,
Ele, que é maior que os anjos, tornou-se inferior a estes para poder provar o
sofrimento e morte por todos os homens. Sua morte foi eficaz e não consistiu de
uma “expiação limitada”, haja vista que Ele suportou o castigo dos pecados de
todos nós (Hb 9.11-14; Rm 3.25, 26; Is 53.4-8).
Nesta seção, Jesus é apresentado como o
“Príncipe da salvação”, um título de honra (cf. Hb 11.2), isto é, aquele que
vai à frente de Seu povo e que mostra o caminho. Sua missão é fornecer a base
sobre a qual a salvação pode ser oferecida a outros (At 3.14, 15; 5.31, 32).
Assim, pois, o que o autor de Hebreus diz é que, por meio do sofrimento, Jesus
foi capacitado inteiramente para a tarefa de ser o autor de nossa salvação.
Vemos
ainda que “o que santifica”, isto é, Jesus Cristo, e aqueles que são
“santificados”, os redimidos da culpa e do poder do pecado e separados como
povo de Deus, têm uma origem comum: o próprio Deus. Os irmãos são aqueles que
pertencem à família da fé e se reúnem para cantar louvores a Deus na
“congregação”. Compreende-se ainda que a missão do Filho foi a de sofrer pelos
Seus irmãos e Sua missão se originou no amor de Deus para com os Seus “filhos”
e do Seu desejo de fornecer um meio eficaz de salvação.
Era
necessário que Cristo se tornasse homem porque aqueles que Ele veio redimir
eram de carne e sangue (v. 14). A superioridade de Cristo não impediu Sua
identificação com o pecador. Quando Deus salvou os homens, Ele o fez por meio
de um homem, e fez isso para destruir, com a Sua morte, aquele que tinha o
poder da morte, isto é, o diabo; e ainda libertou os que, por pavor da morte,
estavam sujeitos à escravidão – a descendência de Abraão. Assim, em Seu
ministério terreno, Cristo foi efetivamente o sacrifício, bem como o próprio
sacerdote, pois Ele se entregou por livre decisão. Dessa maneira, Seu ofício de
sacerdote estava cumprido em Sua encarnação. É justamente essa vitória que o
tornou “sumo sacerdote” de todos os tempos, e consequentemente o único que
realmente pode fazer a intermediação entre nós e Deus de modo perfeito, sendo
filho do homem e também Filho de Deus (Rm 5.10; 2 Co 6.2). Sendo assim, a
Cristo é devida toda confiança e pleno descanso de que Ele pode se identificar
plenamente com todas as nossas dificuldades e problemas pessoais de toda
natureza, diante de Deus (Hb 4.15, 16).
Nossa
vida cristã está alicerçada na vitória de Cristo sobre a morte, e também em
todas as conquistas realizadas em Sua encarnação. Portanto, nossa vida
devocional diária precisa fazer uso efetivo de todas as bênçãos. Podemos ter a
certeza de que temos um sacerdote que se compadece de todas as nossas
limitações e falhas; que temos um rei que tem tudo aos Seus pés, portanto,
temos toda certeza de Sua proteção.
* Texto cedido por: EBD – 1º. Trimestre de 2018
EPÍSTOLA AOS HEBREUS
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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