Todas
as alianças registradas nas Escrituras apontavam para Cristo; contudo,
referiam-se a uma realidade que ainda haveria de se cumprir. Algo pode ser
muito bom durante determinado tempo, perdendo depois a validade. A nova aliança
é o próprio cumprimento de todas as promessas e, por isso mesmo, tem valor e
importância superiores. É o que veremos na lição de hoje, essa realidade em
Cristo, o autor dessa nova aliança.
Logo
de início nos é afirmado que temos “um sumo sacerdote tal”, enfatizando mais
uma vez a singularidade de Cristo como Sumo Sacerdote, destacando-o e
diferenciando-o dos sumos sacerdotes comuns, frágeis, mortais, da Antiga
Aliança. A palavra “tal”, aqui, evidencia a incapacidade das palavras humanas
para descrever a grandeza de Cristo. Ainda, é enfatizado que Ele está
“assentado nos céus à destra da Majestade” (cf. 1.3; 10.12 e 12.2), indicando
que Cristo, como Sumo Sacerdote perfeito, realizou Sua obra de tal forma que
tem o direito de assentar-se no Seu trono, ao lado direito do Pai. O fato de
estar assentado sugere Sua condição real: Ele se assenta como rei em contraste
com os sacerdotes do velho sistema que ficam de pé oferecendo seus sacrifícios
diários e ineficazes (10.11). Nos céus, Cristo ocupa a posição de mais alta
honra: “à direita de Deus” (Mc 16.19). Ele é o único Ser que tem essa posição
de extremo destaque nos céus. Tal verdade nos é transmitida para que saibamos
que o nosso Mediador não é um ser celeste qualquer, mas aquele que tem posição
de honra, única e destacada, diante de Deus. As nossas orações são levadas a
Ele, que por nós intercede junto ao Pai. É, ainda, descrito que Jesus é:
“ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo” (v. 2). Nos céus, o
verdadeiro tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não por homem, Jesus, como Sumo
Sacerdote constituído por Deus, continua a executar seu ministério como nosso
mediador, intercessor, advogado e Sumo Sacerdote perante o Pai, pois entrou,
uma vez por todas, no Santo dos Santos (Rm 8.34b; Is 64.4; 1 Jo 2.1, 2). É
ressaltado que o tabernáculo no deserto, o sacerdócio e a Lei serviam de
“exemplar e sombras das coisas celestiais” (9.9, 23; 10.1; Cl 2.17). O templo terrestre
era um “modelo” do verdadeiro templo de Deus, o culto terrestre era um reflexo
remoto da verdadeira adoração e o sacerdócio terreno era um esboço, e não pode
conduzir os homens à realidade. Mas Jesus pode conduzi-los à realidade. Seu
sacerdócio verdadeiro é o único que pode tirar os homens deste mundo de
“sombras” para levá-los ao mundo das realidades eternas.
Na
terra, Jesus foi mais do que um sacerdote, Ele foi o “cordeiro de Deus”,
oferecendo-se a Si mesmo como holocausto, entregando Sua vida em nosso lugar
(cf. Jo 10.15, 28). Agora, Ele exerce as funções sumo sacerdotais lá no céu:
“alcançou Ele ministério tanto mais excelente” (v. 6; cf 1.4), maior que o
realizado por todos os sacerdotes e sumo sacerdotes terrenos da Antiga Aliança.
Uma aliança ou pacto é um contrato, uma concordância formal entre duas ou mais
partes e na presença de um mediador. Em um pacto, um lado promete fazer certas
coisas sob condições de que a outra parte concorde em fazer outras. No Antigo
Pacto, vemos Deus de um lado, o povo de Israel de outro e o mediador era o
sacerdote ou o sumo sacerdote. Deus oferecendo salvação e requerendo do povo
obediência irrestrita. A Antiga Aliança foi proposta e estabelecida por Deus,
os sacerdotes fizeram seu trabalho, mas fracassaram, pois foram mediadores
deficientes e falhos. O lado humano, representado por Israel, arruinou-se
apostatando: “como não permaneceram naquele meu concerto” (v. 9; Ex 32.1-8).
Mas Deus, por sua infinita misericórdia, proveu-nos um novo e melhor concerto,
“confirmado em melhores promessas” (v. 6), através da mediação de Cristo (v.
6). O autor declara: “se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria
buscado lugar para o segundo” (v. 7). Mas o fato é que a aliança não levou
ninguém a um andar íntimo com Deus. É reconhecido que a falha não estava na
aliança e, sim, no povo. Não viviam em plena obediência ao 14 Senhor. O
resultado foi que Deus acabou rejeitando a nação judaica como Seu povo
especial: “Eu para eles não atentei, diz o Senhor” (v. 9; Os 1.8, 9; Mt 23.37).
Jesus
trouxe uma Nova Aliança, que se estabeleceu, não em atos exteriores, rituais,
mas no interior do homem, no entendimento e no coração. Por isso, é um melhor
concerto. Observemos alguns aspectos desse “novo concerto”. As Escrituras já se
referiam a este tempo ao dizer: “eis que virão dias”; assinalando que a antiga
aliança de modo algum era perfeita (Jr 31.31-34). Esta aliança não só seria
nova, pois o antigo concerto estava “envelhecido” (v. 13), mas também por ser
considerada qualitativamente superior por causa de seu alcance; ela uniria
aqueles que estavam divididos – “a casa de Israel” e “a casa de Judá”,
eliminaria os cismas e faria com que os antigos inimigos achassem a unidade;
além de ter uma abrangência universal, alcançaria todos os homens – sábios e
ignorantes conheceriam a Deus, desde o menor até o maior (v. 11). Já não
existiria uma classe especialmente privilegiada. O aspecto fundamental desse
novo concerto está na afirmação: “porei as minhas leis no seu entendimento e em
seu coração as escreverei” (v. 10). A antiga aliança dependia da obediência a
uma Lei que se impunha externamente, porém a nova aliança se torna superior,
pois somente o Senhor tem o poder de fixar os seus mandamentos nas nossas
mentes e escrever na tábua dos nossos corações. Para expressá-lo de outra
maneira, os homens obedeceriam a Deus não mais pelo medo ou o castigo, mas sim
porque o amavam; não porque a Lei ordenasse fazê-lo forçosamente, mas sim
porque o desejo de obedecê-lo estaria escrito em seus próprios corações. Por
fim, o resultado dessa aliança é o perdão dos nossos pecados: “serei
misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações
não me lembrarei mais” (v.12). A nova relação se baseia inteiramente no amor de
Deus. Sob a antiga aliança o homem só podia manter esta relação com Deus
obedecendo à Lei, quer dizer, mediante seu próprio esforço. Agora, pelo
contrário, tudo depende não do esforço do homem, mas sim da graça, do amor e da
misericórdia de Deus. A nova aliança coloca os homens em relação com um Deus
que é ainda o Deus de justiça e amor (Jo 3.16-18).
No passado Deus sempre providenciou um modo de
o homem se relacionar com Ele, mesmo tendo o pecado feito a separação. Para
isso, foram determinados os sacrifícios. Esse passado não era um fim em si
mesmo, apontava para Cristo, maior, melhor e eterno. Esse passado não deve ser
mais revivido – isso significaria rejeitar toda a obra de Cristo. É Ele quem
perdoa efetivamente os pecados, segundo suas conquistas, tendo sido o último,
perfeito e suficiente sacrifício, numa nova e eterna aliança.
* Texto cedido por: EBD – 1º. Trimestre de 2018
EPÍSTOLA AOS HEBREUS
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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