Parece-nos repetitiva a exposição do autor, e sua
ênfase na superioridade de Cristo; mas, Paulo já dizia: “Não me aborreço de
escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós”. Então, nesta aula vamos
verificar que, a despeito de todo o esplendor e glória do tabernáculo e de seus
rituais, a adoração segundo a ordem levítica era limitada. A via de acesso
certamente não estava aberta. Mas a esperança de judeus e gentios é renovada
pela manifestação de Cristo, que ofereceu um sacrifício eterno e eficaz.
A
Antiga Aliança consistia de “ordenanças de culto divino”, com procedimentos
ordenados para a adoração (Ex 25.8, 9; 29.43-46), mas essa adoração era
realizada em um “santuário terrestre”. O escritor descreve o tabernáculo e seus
utensílios. Ele recorda que o “primeiro” ambiente do tabernáculo era denominado
“Santuário” ou “Lugar Santo”; era onde estava o “candeeiro, a mesa e os pães da
proposição”. Além do “segundo véu”, encontrava-se o “Santo dos Santos” ou “lugar
santíssimo”, que tinha o “incensário de ouro e a arca do concerto, ... em que
estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha
florescido, e as tábuas do concerto” (Ex 16.33; Nm 17.10; Dt 10.2- 5), e sobre
a arca, “os querubins da glória que faziam sombra no propiciatório”.
Na
sequência, é destacado o serviço executado pelo sacerdote no Lugar Santo, que
pela manhã e à tarde entrava nesse local a fim de preparar as lâmpadas no
candelabro, oferecer incenso no altar do incenso e, aos sábados, renovava os
pães da proposição (Ex 27.20, 21; 30.7, 8; Lv 24.5-9). Porém, além do véu, a
ministração tinha um significado mais real; mas aqui, só o sumo sacerdote, e em
um único dia do ano – o “Dia da Expiação” (Lv 16.12-14) – com a aspersão
de sangue, oferecia dons e sacrifícios por si mesmo e pelas culpas do povo. Em
tudo isso, o autor compreende a imperfeição desse complexo sistema sacrificial,
ao dizer: “dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do
Santuário não estava descoberto” (v. 8).
O
acesso a Deus não estava livre, pois os leigos não podiam absolutamente entrar
no tabernáculo; o sacerdote só podia ter acesso ao primeiro compartimento; e o
sumo sacerdote, mesmo quando entrava no Santo dos Santos, só podia fazê-lo uma
vez por ano e apenas mediante o sangue. Por isso o autor enfatiza que o
primeiro tabernáculo era apenas uma alegoria para o tempo presente (vv. 9 e 10).
Em
contraste com o antigo pacto, o autor destaca a superioridade da obra de Cristo
e Sua excelência como sumo sacerdote, demonstrada pelos seguintes aspectos: é
uma oferta feita por Cristo em “um maior e mais perfeito tabernáculo”; foi uma
oferta que Cristo fez com “Seu próprio sangue”, não por meio de sangue de bodes
e de bezerros; trata-se de uma oferta eficaz, pois assegurou uma “eterna
redenção”, e não apenas anual; e é uma oferta perfeita, pois foi realizada
somente “uma vez”. Por fim, o autor salienta que os sacrifícios na Antiga
Aliança possuíam um aspecto meramente externo, isto é, cerimonial. Na verdade,
esses muitos sacrifícios apenas “cobriam” provisoriamente os pecados, mas eram
incapazes de removê-los. Por outro lado, o sacrifício de Cristo trata com o
problema do pecado em sua raiz; Seu sangue purifica e limpa a consciência
tornando-a apta para a adoração a Deus (v. 14).
Nos
versos 15-22, o autor apresenta Jesus como o “Mediador de um novo testamento”,
pois ele proveu uma eterna redenção, para que “os chamados recebam a promessa
da herança eterna”. A morte de Cristo (o testador) não está em contradição com
a Sua posição de Mediador de uma nova aliança; pelo contrário, é através de Sua
morte que os participantes da vocação celestial adquirem a herança da salvação.
Além disso nos é rememorado um conceito incontestável, de que os pecados só
podem ser perdoados quando da morte de uma vítima substituta, e “sem
derramamento de sangue não há remissão”.
Nos
versos 23-28 veremos novamente que a morte de Jesus tem eficácia eterna. Assim
como os homens na terra só alcançavam o benefício de Deus depois da oferta de
sangue, Deus está agora acessível aos homens pecadores por causa do sacrifício
de Cristo. É o mesmo apresentado no versículo 24, de que Cristo entrou “no
mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus”. Por fim, o
que resta agora é que Cristo apareça “segunda vez, sem pecado, aos que o
esperam para a salvação” (vv. 26-28).
O
autor refere-se à imperfeição da Lei, afirmando que ela tem “sombra dos bens
vindouros, não a imagem exata das coisas” (v. 1). Pelo fato da lei ser apenas
uma sombra, o autor diz que “nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente
se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam”. Isso mostra a
ineficácia dos sacrifícios levíticos, ao invés de remir, o que os sacrifícios
de animais faziam era lembrá-los de que ainda continuavam pecadores, ou seja,
levavam a uma “comemoração de pecados” (v. 3). A antiga aliança se mostrava
inferior à nova, pois somente Cristo garante o pleno perdão dos pecados.
A
incapacidade inerente ao velho ritual exigia um novo sacrifício, o auto
sacrifício voluntário e proposital de Jesus. Por isso Cristo, entrando no
mundo, disse: “Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste;
holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então, disse: Eis aqui
venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua
vontade”. Atentemos, ainda, para o acordado de que deveria ser tirado o
primeiro (concerto) para estabelecer o novo concerto. O concerto da lei tinha
envelhecido e agora estava acabado (v. 9).
Ao
final, o autor mostra que Cristo que se humilhou na terra está exaltado nos
céus como sacerdote-rei, “assentado para sempre à destra de Deus, esperando até
que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”. Por um único ato
de oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados, confirmado ainda
pelo testemunho do Espírito Santo que diz: “Este é o concerto que farei com
eles ... jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (vv. 15-17).
A
redenção da humanidade decorre da graça, misericórdia, e amor de Deus. A mente
humana, limitada e falível, jamais poderá aquilatar o valor da salvação em
Cristo. Por isso Deus nos deu Jesus, para que por Seu próprio sangue, entrasse
no santuário, efetuando uma eterna redenção.
* Texto cedido por: EBD – 1º. Trimestre de 2018
EPÍSTOLA AOS HEBREUS
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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