sexta-feira, 1 de junho de 2018

O milênio.







Dentro dos estudos escatológicos, o texto da leitura bíblica é frequentemente citado em alusão ao “Milênio”, um período de mil anos em que diversos acontecimentos devem se suceder, conforme mostrado a João. Embora seja referida por muitos a um tempo futuro, veremos que esta visão trata de eventos relacionados com o povo de Deus em todo o tempo, e que se encerrarão com a vinda de Cristo.

Por se tratar de uma visão do livro de Apocalipse, o texto em análise deve ser considerado à luz do contexto deste livro. O último livro da Bíblia trata de coisas que deveriam acontecer brevemente, e que foram mostradas a João para que ele as transmitisse aos seus irmãos, servos de Deus (Ap 1.1-3). Portanto, o conteúdo de Apocalipse é pertinente à Igreja, relacionando-se com coisas que devem se cumprir ainda nesta dispensação, antes da vinda de Cristo (Ap 22.6-7, 10).

Não encontramos literalmente a palavra “milênio”, mas “mil anos”. Considerando, porém, que o tempo de Deus não pode ser tomado ou contado à maneira dos homens, devemos nos resguardar no parecer de Pedro, de que para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Em outras passagens de Apocalipse, encontramos diferentes contagens de tempo, todas elas simbólicas e complementares umas das outras. Não é diferente com esse período de mil anos: é um tempo definido por Deus, unicamente do Seu conhecimento, no qual muitos acontecimentos se dão. Contudo, há elementos suficientes no texto para entendermos a que tempo se refere, quando começou e quando acabará.

O período de mil anos tem início com o aprisionamento do dragão, que é o diabo, Satanás, para que não mais engane as nações. Parece que o diabo está solto, considerando a sua influência sobre o mundo (2 Co 4.3-4; Ef 2.2). Mas, na realidade, ele atua apenas na sua esfera de escuridão e cegueira espiritual, em que se encontra aprisionado desde a sua queda da presença de Deus (Jd 6; 2 Pe 2.4). Deus é luz, e o diabo não discerne as coisas de Deus (1 Jo 1.7; Mt 16.23). Por outro lado, ele está restrito, não faz o que quer, mas só o que Deus permite, e por isso não toca o crente (1 Jo 5.18). Considere-se ainda que, com a morte, ressurreição e glorificação de Cristo Jesus, o diabo tem perdido o domínio sobre muitos povos, que pela pregação do evangelho têm sido libertos das trevas do engano (cf. Ap 12.7-9; Cl 2.13-15; Mt 12.28-29).

Temos explicado em outra lição que a besta é o aglomerado de reis ou reinos que, particularmente neste tempo final, seriam contrários a Cristo e fariam guerra contra os Seus santos e os venceriam (Ap 13.1-2, 5-7; 17.12-14; Dn 7.24-26). Mas, apesar de sucumbirem ante a perseguição da besta, aos olhos de Deus os fiéis estão vencendo pela fé (Hb 11.33), e provando fazer parte do Seu reino, que não é deste mundo, e que vem sendo levantado desde os dias do império caldeu (Dn 2.44). Por isso, estes são representados como vivendo para Deus e reinando com Cristo, em suas gerações (Ap 1.6; 5.9-10; cf. Hb 12.28; Cl 1.13). Portanto, estes mil anos se referem a todo o tempo em que Deus vem recrutando os Seus eleitos, incluindo-os no reino dos céus e dando testemunho de que venceram pela fé, por perseverarem até ao fim sob as mais terríveis perseguições.

Nesses mil anos, o Evangelho está sendo pregado ao mundo, aos homens mortos em ofensas e pecados; todo aquele que crê passa da morte para a vida (Jo 5.24-25), sendo vivificado, ressuscitado, por Cristo (Ef 2.1, 5-6; Cl 2.13; 3.1-4). Mas os “mortos” que não vêm para Cristo, que não alcançam testemunho de Deus, não são trazidos para o Seu reino, não revivem, permanecendo espiritualmente mortos, até o fim dos mil anos – isto é, até o fim desta dispensação, com a vinda de Cristo (Jo 5.28-29). Observe-se ainda que os que vivem pelo Evangelho fazem parte da “primeira ressurreição”, não tendo sobre eles poder a segunda morte, a morte eterna (Ap 2.11; cf. Jo 6.47; 11.25-26).

O término dos mil anos se dará com a vinda de Jesus. Nessa ocasião, os reinos deste mundo serão aniquilados (1 Co 15.22-25). De fato, à medida que o tempo se aproxima, os preparativos para este confronto – esta grande batalha – estão sendo realizados. A Besta, o Falso Profeta e o próprio Dragão conduzem enganosamente a humanidade em direção à sua própria destruição (Ap 16.12-16). A batalha se dará de forma rápida, e a besta e o falso profeta serão vencidos pelo Cordeiro de Deus. Os demais, que os seguiram, serão mortos pela justiça e verdade da espada que sai da Sua boca (Ap 19.19-21).

Contudo, ao término dos mil anos, e destruídos os reinos e todo o sistema deste mundo, assim como todos os homens ímpios (2 Pe 3.7), Satanás será solto “por um pouco de tempo”. Mais uma vez, o seu propósito será levantar-se contra Deus e fazer o mal contra o “arraial dos santos”, a “cidade amada”, os céus. Não podendo mais contar com a besta e o falso profeta, pois já não existem, reunirá as incontáveis hostes de demônios, que no passado havia arrastado consigo na sua queda (Ap 12.4; cf. Ef 6.12) e tentará uma última investida contra os céus. Mas aí finalmente encontrarão o seu fim, pois o próprio Deus exercerá a Sua ira e juízo contra eles e os destruirá para sempre, entregando-os ao mesmo fim que tiveram os seus seguidores e mensageiros – o lago de fogo (v. 10; Mt 25.41).


Não é fácil compreender tudo, mas a partir desta lição podemos extrair a consoladora mensagem de que Deus considera os sofrimentos e perseguições do crente pelo mundo como sinal de aprovação e vitória. E, mesmo depois de mortos, Deus dá testemunho de que uma glória ainda maior os aguarda por toda a eternidade.





Texto cedido por: EBD –  2º. Trimestre de 2018



ESCATOLOGIA 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP

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