Paulo
escreveu aos coríntios duas epístolas, cujos assuntos são bem diferentes. Neste trimestre nos ocuparemos apenas do
estudo da primeira epístola. Esta é uma carta eclesiástica, endereçada a uma
igreja particular para tratar de problemas e questões que haviam surgido entre
os irmãos de Corinto. Assim, tanto por iniciativa do apóstolo, como também a
pedido dos próprios coríntios, essas dificuldades são aí tratadas sob a
inspiração divina, com o propósito de corrigir, instruir e exortar a Igreja de
Cristo.
Corinto
era uma grande cidade portuária localizada no sul da Grécia, em uma região
chamada Acaia. Na época, estava sob domínio romano. Próspera pela sua posição
estratégica nas rotas de comércio do Mar Mediterrâneo, era uma cidade
tipicamente grega, famosa pelos seus filósofos e mestres de oratória. O culto
aos falsos deuses, a idolatria, a imoralidade e o interesse por toda espécie de
conhecimento faziam parte do dia a dia deste povo.
O
evangelho de Cristo entrou em Corinto através do ministério apostólico de Paulo
(cf. At 18.1-4). Ali esteve ele pela primeira vez durante a sua segunda viagem
missionária. Permaneceu na cidade por quase dois anos, anunciando a Palavra
tanto a judeus como gentios. Foi também nessa oportunidade que escreveu a sua
epístola aos Romanos, na qual cita alguns irmãos coríntios pelo nome, bem como
cooperadores que estavam ali presentes com ele (Rm 16.21-23).
A
presente epístola foi escrita alguns anos depois, enquanto o apóstolo estava em
Éfeso, durante sua terceira viagem missionária (16.8-9). Nela encontramos
alguns outros detalhes sobre a obra de Deus em Corinto, como a menção aos
primeiros convertidos, dentre os quais Estéfanas e sua família, e Crispo,
principal da sinagoga (1.14-16; 16.15). Também ficamos sabendo de outros
ministros do evangelho que contribuíram com o crescimento da igreja ali, como
Cefas e Apolo (3.22; cf. At 18.24-28). Paulo escreveu esta epístola em conjunto
com o irmão Sóstenes – provavelmente seu amanuense.
O
evangelho prosperou grandemente na cidade de Corinto. Conforme revelação do
próprio Senhor, havia ali um grande número de eleitos, os quais, através da
pregação de Paulo, foram chamados por Deus “para a comunhão de seu Filho Jesus
Cristo” (1.9). O apóstolo considerava os crentes coríntios seus filhos na fé, e
tinha grande afeição por eles (4.14-15; 16.24). Embora vivessem em uma cidade
notoriamente depravada, e eles mesmos tivessem anteriormente participado da sua
corrupção, agora haviam sido perdoados e purificados, e podiam ser chamados de
“santos” (1.2; 6.10-11).
O
apóstolo louvava a Deus pela graça que havia sido manifestada aos coríntios,
enriquecendo-os com toda sorte de dons espirituais, pelos quais eles eram
edificados na palavra e no conhecimento de Cristo Jesus (1.4-7). E, embora na
ocasião precisassem ser corrigidos em muitas coisas, ele estava certo de que a
graça de Deus não se manifestara em vão para com eles. Certamente Deus os
aperfeiçoaria, preparando-os para o dia da vinda de Cristo (1.8).
Poderíamos
citar ainda, como atitude louvável dos irmãos coríntios, sua preocupação em
indagar da parte do apóstolo como deveriam agir e pensar em questões de moral (7.1);
como contribuir com as necessidades dos santos (16.1). E também em levar à sua
consideração os problemas que a igreja passava (1.11; 5.1). Quanto à prática da
caridade, a liberalidade dos coríntios tornou-se notória, de tal modo que será
celebrada por Paulo na segunda epístola (2 Co 9.1-2).
Contudo,
a igreja de Corinto estava longe de ser perfeita. Ocorriam sérios problemas que
poderiam afetar gravemente o testemunho e a vitalidade da igreja. Ciente da situação,
Paulo não hesitou em usar da sua autoridade apostólica para corrigir e
repreender os irmãos faltosos, e apresentar o conselho de Deus para a conduta
dos crentes, em particular, e da igreja, como um todo.
Assim
que, logo de início, o apóstolo passa a considerar o primeiro e talvez mais
grave problema da igreja em Corinto, a saber, o sentimento faccioso, o
partidarismo, que eles haviam criado em torno dos seus principais obreiros: Paulo,
Cefas e Apolo e mesmo Cristo (vv. 11-12). As dissensões e contendas que esse
comportamento reprovável estava suscitando entre os irmãos levaram o apóstolo a
fazer um apelo: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões” (v. 10).
O
partidarismo dos coríntios baseava-se em orgulho e vanglória carnais, como se a
graça que haviam recebido e que os fazia serem cristãos dependesse da
capacidade peculiar daqueles homens de Deus. Para remover esse sentimento,
Paulo os lembra de que lhes havia pregado simplesmente a Cristo e a Sua Cruz,
na qual Ele consumou a nossa salvação (vv. 13, 17). A cruz representava uma
contradição humilhante para o mundo (vv. 21-23). Somente pela fé o homem
poderia contemplar a cruz como o poder de Deus para sua salvação (vv. 24-25) e
gloriar-se em Cristo, como a fonte de toda a sabedoria, justiça, santificação e
redenção (vv. 27-31).
O
apóstolo considerou ainda outros particulares dessa questão nos capítulos
seguintes, os quais estudaremos nas próximas lições: a natureza espiritual do
evangelho (cap. 2), a consideração em que deviam ser tidos os ministros de
Cristo como cooperadores de Deus para benefício da igreja (cap. 3), e particularmente
o papel de Paulo no desenvolvimento espiritual dos coríntios (cap. 4).
A
igreja em Corinto era uma igreja como a nossa: formada por aqueles que têm sido
chamados pelo evangelho para a comunhão de Cristo, e assistida pelo Espírito
Santo com todas as riquezas da graça de Deus necessárias para o desenvolvimento
e aperfeiçoamento espiritual de seus membros. Problemas, desentendimentos e
pecados podem ocorrer, mas devem ser tratados e solucionados por meio do sábio
conselho de Deus revelado nas Escrituras, para que assim provemos a Sua
fidelidade em nos preservar irrepreensíveis até o fim.
Texto cedido por: EBD – 3º. Trimestre de 2018
1ª
CARTA AOS CORÍNTIOS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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