Iniciando o estudo da carta de Paulo aos efésios, consideremos que esta pode ser dividida em duas partes. Na primeira parte (capítulos 1 a 3), o apóstolo, num dos trechos mais profundos da Bíblia, transmite o transbordar da revelação divina; fala do mistério da salvação e da eleição divina, com os cristãos sendo um só povo no mérito da morte de Cristo.
Na
segunda parte (capítulos 4 a 6), ele exorta sobre a nova vida que os cristãos
devem ter por estarem unidos a Cristo. Paulo ainda exemplifica a união do povo
de Deus usando três figuras para a Igreja: a de um corpo, do qual Cristo é a
cabeça (Ef 1.22); a de um edifício, do qual Cristo é o fundamento (Ef 2.20); e
a de um casal, no qual a Igreja é a esposa, e Cristo é o marido (Ef 5.25).
Agora,
abrindo a carta e lendo seus primeiros versículos, encontramos Paulo se
apresentando aos irmãos de Éfeso como apóstolo segundo a vontade de Deus (vv. 1
e 2) e, após uma breve saudação, passa a louvar a Deus por suas bênçãos. Estas
bênçãos nasceram em Deus, se concretizaram em Cristo pelo Seu sacrifício na
cruz e são concedidas à igreja pelo Espírito Santo, que é o penhor para a
possessão dessa herança.
No
verso 3 precisamos entender pelo menos duas expressões que Paulo apresenta aos
irmãos de Éfeso: bênçãos espirituais e lugares celestiais em Cristo. A primeira
não se refere somente ao tipo de bênção, e sim que elas são concedidas pelo
Espírito Santo. A segunda se refere à posição que Jesus ocupa após a Sua
ressurreição – à destra de Deus Pai. Ele é a cabeça do corpo, da igreja, de
onde emanam todas as bênçãos concedidas por Deus.
Por
isso o homem separado de Deus não tem acesso a essas bênçãos (Sl 133). Mas,
para a igreja, diz Paulo, Ele nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo
(Ap 13.8), para sermos santos e irrepreensíveis, e nos predestinou para filhos
de adoção, tudo isso segundo a Sua própria vontade (2 Ts 2.13). A expressão “em
Cristo” fala a respeito da nossa união com Ele.
Essa
expressão aparece 106 vezes nas cartas paulinas, em Efésios cerca de 36 vezes.
Destaca-se que toda bênção espiritual e toda a prática da vida cristã
relaciona-se com o estar “em Cristo”. O homem que está em Cristo é, portanto,
participante de todas as bênçãos concedidas por Deus (Rm 8.29). Paulo destaca a
soberania e a graça de Deus nesta eleição, pois, se somos escolhidos em Cristo,
então isso não está em nós mesmos. Não procede de algo que porventura
mereçamos, mas sim porque Deus nos introduziu, através da bênção da adoção, no
corpo de Cristo. Ou seja, não há mérito algum em nós, é a salvação de Deus em
Cristo (Jo 15.16).
Todas
as bênçãos mencionadas acima foram projetadas por Deus. Mas o homem e as
bênçãos de Deus são de naturezas diferentes. Por isso o homem carnal não
entende as coisas espirituais, e então se faz necessário uma mudança de
natureza. Por isso Deus também projetou o resgate do homem através da morte de
Jesus na Cruz, morte esta expiadora de nossos pecados, reconciliando-nos
conSigo mesmo (Rm 5.10).
Através
dessa obra foi pago o preço do resgaste, e o homem foi redimido do poder do
pecado e transportado das trevas para a Sua maravilhosa luz. Assim o homem
passou a conhecer tudo aquilo que lhe foi dado gratuitamente através de Cristo;
passou também a conhecer o mistério da Sua vontade que, na dispensação dos
tempos, tornaria a congregar todas as coisas em Cristo Jesus, unindo na igreja,
que é o Seu corpo, judeus e gentios. O salvo é enxertado na boa oliveira e
então passa a usufruir da vida pelo Espírito de Cristo (Jo 15.5; 14.6).
Todos
os que são alcançados pelo evangelho são selados pelo Espírito Santo, o qual é
o penhor da herança, a garantia da redenção da possessão de Deus. Quantas
riquezas escondidas em Cristo (Cl 2.2, 3), que para serem gozadas é necessário
ser cheio do Espírito Santo, pois é Ele que nos revela os mistérios de Deus (1
Co 2.9, 10, 16), e que nos leva aos mais profundos relacionamentos com Deus.
As
bênçãos de Deus conquistadas por Cristo são para desfrute aqui, enquanto
peregrinamos por este deserto. Há dois grandes enganos no meio do povo quando
se trata dessas bênçãos – alguns só pensam no céu, esquecendo-se de
desfrutá-las desde já; e outros só pensam na terra. Lembremo-nos do verso 3 -
elas já são nossas, portanto o gozo da vida espiritual é para agora, e
continuará pela eternidade (Rm 12.12; Lc 10.20).
A
cada tópico que termina, Paulo destaca que todas essas bênçãos são para louvor
da glória de Deus, ou seja, tudo o que Deus se propôs a fazer não foi por conta
de méritos humanos, mas segundo a Sua própria vontade. A eleição e
predestinação para adoção de filhos nasceu em Deus antes da fundação do mundo e
se manifesta agora no presente pela redenção. Tudo isso tem a marca do selo do
Espírito Santo, que é o penhor dessa herança.
* Texto cedido por: EBD – 3º. Trimestre de 2017
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
“CARTA AOS EFÉSIOS”
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