Escatologia
é um termo grego que significa “tratado das últimas coisas”. É o estudo acerca
de coisas e acontecimentos finais. A preocupação principal da escatologia
bíblica é interpretar os textos das Escrituras Sagradas que tratam do que Deus
determinou quanto ao fim dos tempos. A revelação do futuro lança luz sobre a
caminhada do povo de Deus em direção à eternidade, assim como fortalece a
esperança e paciência dos fiéis, na certeza de que estas coisas logo se
cumprirão.
A
escatologia bíblica tem sua origem na REVELAÇÃO DIVINA. A Bíblia é a revelação
dos desígnios e da vontade de Deus para o Seu povo. Do começo ao fim, os
objetivos e significados dessa revelação são de ordem claramente escatológica.
Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel,
para que recebessem e guardassem tanto as Suas leis como as promessas acerca de
Cristo, o Salvador (Rm 3.1-2; 9.3-5). Ou seja, todo o Antigo Testamento tratava
de uma esperança escatológica que se cumpriu com a vinda do Filho de Deus ao
mundo (cf. At 3.19-26). A partir de então, judeus e gentios são reunidos, pelo
evangelho, em um só povo, e a Igreja torna-se portadora da revelação divina (Ef
3.5-6; Ap 1.3). E, uma vez mais, essa revelação, feita na pessoa bendita de
nosso Senhor Jesus Cristo, aponta para uma esperança futura: o grande e
glorioso dia do Seu retorno, na consumação dos séculos, para julgar os vivos e
os mortos, e para a nossa redenção final (Mt 24.29-31; Ap 22.12-13; Hb
9.26-27). Assim, a mensagem das Escrituras, de Gênesis a Apocalipse, é
essencialmente escatológica.
A
escatologia bíblica lida com a PROFECIA. O mundo se perde em diversas teorias
sobre o progresso ou os ciclos da história, ora apostando em dias melhores que
ainda virão, ora prognosticando tempos sombrios e incertos para a humanidade.
Contudo, desde o princípio, Deus vem desvendando o futuro aos Seus servos
através da profecia (Is 44.6-8; Am 3.6-7). No passado, os profetas fomentaram a
expectativa de Israel quanto à manifestação do Redentor e da abundante graça
que foi dada a nós pelo evangelho (1 Pe 1.10-12). Por isso o tempo em que
vivemos é caracterizado, à luz da profecia, como “últimos dias” (Hb 1.1), ou
“plenitude dos tempos” (Gl 4.4). Contudo, vemos também que nem todas as coisas
ainda estão cumpridas (cf. 1 Co 15.23-28). Por isso Deus ainda fala pela
profecia, para que estejamos atentos à proximidade de um fim derradeiro, quando
se dará o desfecho de todo o Seu grandioso propósito de salvação (2 Pe
1.19-21).
Uma
vez que trata da profecia bíblica, isto é, da revelação dos desígnios de Deus,
a escatologia é um tema que não pode ser desprezado (1 Ts 5.20; cf. 2 Pe
3.3-4). É verdade que os dois últimos séculos caracterizaram-se por um crescimento
espantoso do interesse pelo estudo da escatologia. Mas aqui também é preciso
ter cuidado com a mera curiosidade intelectual e com vãs especulações (Dt
29.29).
Ter
a CERTEZA do que acontecerá. Este é um privilégio do povo de Deus – saber de
antemão e com toda a certeza o que há de acontecer (Ap 22.6-7). Conhecendo o
que Deus revela sobre o futuro, o fiel não será enganado por falsos alardes,
nem será confundido quando todas estas coisas sobrevierem ao mundo (Mt
24.23-25, 33; 1 Ts 5.1-5). 2. Encher-se de ESPERANÇA. “Se esperamos em Cristo
só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19). Como
esperaremos em Cristo para a outra vida, se ignorarmos o plano de Deus para o
final dos tempos? A expectativa dos acontecimentos que colocarão um fim neste
cenário e descortinarão a eternidade é feliz e gloriosa para o cristão (Tt
2.13; Hb 3.6c). E, ante a compreensão destas coisas, seremos levados a exclamar
com João: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).
Encontrar
CONSOLAÇÃO na aflição. Grande é a consolação e tranquilidade que o cristão pode
obter do conhecimento dos bons e justos desígnios de Deus. Ele pode contemplar
as adversidades por que passa crendo que Deus determinou para elas um resultado
bom e feliz (Rm 8.28-30; cf. Jo 14.1-2). Também sabe que aqu’Ele que é Fiel e
Justo não permitirá que a iniquidade e o mal triunfem, mas no devido tempo fará
que a Sua justiça e verdade resplandeçam (2 Ts 1.4- 10). Ele jamais esquece os
Seus, nem nesta vida, nem na morte (1 Ts 4.13, 14; Ap 14.13).
Despertar
para a VIGILÂNCIA. Como parte do nosso andar com Deus em santificação, somos
exortados a vigiar contra a carne e suas paixões (Mt 26.41). A consciência de
que haveremos de nos apresentar perante o Juiz de toda a terra em um tempo
muito próximo, mas que ignoramos exatamente quando, é um forte apelo à
vigilância e santificação (1 Jo 3.3; Rm 13.11-14; Ef 5.15-17).
Ao
longo da história da Igreja, foram adotados vários métodos de interpretação da
profecia bíblica. Muitas das explicações oferecidas obrigam os cristãos a serem
cautelosos. Na tentativa de defender ou justificar modelos escatológicos
inteiros, textos das Escrituras têm sido torcidos contra o seu sentido mais
óbvio. Para evitar que caiamos nesses extremos, chamamos a atenção para alguns
princípios básicos na interpretação escatológica.
Os
sentidos LITERAL e FIGURADO. Geralmente, a profecia deve ser entendida no
sentido gramatical e histórico do texto, procurando-se interpretar as palavras
conforme seu significado ordinário. Vemos a aplicação deste método em relação a
grande parte das profecias do Antigo Testamento (confira nos evangelhos). Mas
nem sempre a profecia tem apenas um sentido literal. E, às vezes, não tem
nenhum sentido literal, mas apenas figurado (confira em Apocalipse, e nas
visões de Daniel 2 e 7). De qualquer forma, é sempre a Escritura que deverá
determinar se a profecia em análise deve ser entendida literalmente, ou não. Às
vezes, a interpretação poderá ser dada no próprio texto (por exemplo, Dn 7.17;
Ap 1.20). Mas tenhamos sempre cuidado com interpretações baseadas em mera
especulação, ou no que pareça ser razoável ao próprio intérprete.
O
uso da HISTÓRIA. A profecia interpreta a história, e não o contrário. Ela
mostra que Deus está no comando de todas as coisas, conduzindo os eventos em
vista da plena realização dos Seus propósitos. Nossa interpretação não pode ser
sugerida pelas manchetes de jornais. Por outro lado, até os acontecimentos mais
cotidianos são iluminados e abarcados pela profecia.
A
PROFUNDIDADE da profecia. Como em muitos outros campos do conhecimento divino,
nem tudo o que diz respeito aos tempos do fim foi revelado (Ap 10.4; Mt 24.36).
E é certo que nem sempre o que foi revelado está claro, ou pode ser totalmente
compreendido. Contudo, o próprio Deus prometeu dar maior entendimento sobre
estas coisas em nosso tempo (Dn 12.4, 10; Ap 22.10). Desse modo, é certo que
haverá maior luz para aqueles que O buscarem e examinarem diligentemente a Sua
Palavra, a exemplo de Daniel, que “se aplicou a compreender e a se humilhar
perante Deus” (Dn 10.12). E, como disse o próprio Senhor Jesus: “Quem lê,
entenda” (Mt 24.15; Ap 2.29).
Precisamos
renovar nosso entendimento da fé cristã pela melhor compreensão da profecia
bíblica. Deus quer que saibamos que Ele traçou um desígnio, um plano, que tem
começo, meio e fim. E também que nós estamos incluídos nesse Seu propósito
grandioso. É verdade que somos pequenos e incapazes de compreender todos os
intricados meandros dessa história universal escrita e realizada por Deus. Mas,
o que podemos saber nos basta para que nos alegremos por servir um Deus tão
sábio, bom e poderoso, e que nossas vidas, tanto no presente como no porvir,
redundarão juntamente com todas as coisas para a Sua eterna glória e louvor.
Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2018
ESCATOLOGIA
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
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