sexta-feira, 30 de março de 2018

A importância da escatologia bíblica.








Escatologia é um termo grego que significa “tratado das últimas coisas”. É o estudo acerca de coisas e acontecimentos finais. A preocupação principal da escatologia bíblica é interpretar os textos das Escrituras Sagradas que tratam do que Deus determinou quanto ao fim dos tempos. A revelação do futuro lança luz sobre a caminhada do povo de Deus em direção à eternidade, assim como fortalece a esperança e paciência dos fiéis, na certeza de que estas coisas logo se cumprirão.

A escatologia bíblica tem sua origem na REVELAÇÃO DIVINA. A Bíblia é a revelação dos desígnios e da vontade de Deus para o Seu povo. Do começo ao fim, os objetivos e significados dessa revelação são de ordem claramente escatológica. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel, para que recebessem e guardassem tanto as Suas leis como as promessas acerca de Cristo, o Salvador (Rm 3.1-2; 9.3-5). Ou seja, todo o Antigo Testamento tratava de uma esperança escatológica que se cumpriu com a vinda do Filho de Deus ao mundo (cf. At 3.19-26). A partir de então, judeus e gentios são reunidos, pelo evangelho, em um só povo, e a Igreja torna-se portadora da revelação divina (Ef 3.5-6; Ap 1.3). E, uma vez mais, essa revelação, feita na pessoa bendita de nosso Senhor Jesus Cristo, aponta para uma esperança futura: o grande e glorioso dia do Seu retorno, na consumação dos séculos, para julgar os vivos e os mortos, e para a nossa redenção final (Mt 24.29-31; Ap 22.12-13; Hb 9.26-27). Assim, a mensagem das Escrituras, de Gênesis a Apocalipse, é essencialmente escatológica.

A escatologia bíblica lida com a PROFECIA. O mundo se perde em diversas teorias sobre o progresso ou os ciclos da história, ora apostando em dias melhores que ainda virão, ora prognosticando tempos sombrios e incertos para a humanidade. Contudo, desde o princípio, Deus vem desvendando o futuro aos Seus servos através da profecia (Is 44.6-8; Am 3.6-7). No passado, os profetas fomentaram a expectativa de Israel quanto à manifestação do Redentor e da abundante graça que foi dada a nós pelo evangelho (1 Pe 1.10-12). Por isso o tempo em que vivemos é caracterizado, à luz da profecia, como “últimos dias” (Hb 1.1), ou “plenitude dos tempos” (Gl 4.4). Contudo, vemos também que nem todas as coisas ainda estão cumpridas (cf. 1 Co 15.23-28). Por isso Deus ainda fala pela profecia, para que estejamos atentos à proximidade de um fim derradeiro, quando se dará o desfecho de todo o Seu grandioso propósito de salvação (2 Pe 1.19-21).

Uma vez que trata da profecia bíblica, isto é, da revelação dos desígnios de Deus, a escatologia é um tema que não pode ser desprezado (1 Ts 5.20; cf. 2 Pe 3.3-4). É verdade que os dois últimos séculos caracterizaram-se por um crescimento espantoso do interesse pelo estudo da escatologia. Mas aqui também é preciso ter cuidado com a mera curiosidade intelectual e com vãs especulações (Dt 29.29).

Ter a CERTEZA do que acontecerá. Este é um privilégio do povo de Deus – saber de antemão e com toda a certeza o que há de acontecer (Ap 22.6-7). Conhecendo o que Deus revela sobre o futuro, o fiel não será enganado por falsos alardes, nem será confundido quando todas estas coisas sobrevierem ao mundo (Mt 24.23-25, 33; 1 Ts 5.1-5). 2. Encher-se de ESPERANÇA. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15.19). Como esperaremos em Cristo para a outra vida, se ignorarmos o plano de Deus para o final dos tempos? A expectativa dos acontecimentos que colocarão um fim neste cenário e descortinarão a eternidade é feliz e gloriosa para o cristão (Tt 2.13; Hb 3.6c). E, ante a compreensão destas coisas, seremos levados a exclamar com João: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

Encontrar CONSOLAÇÃO na aflição. Grande é a consolação e tranquilidade que o cristão pode obter do conhecimento dos bons e justos desígnios de Deus. Ele pode contemplar as adversidades por que passa crendo que Deus determinou para elas um resultado bom e feliz (Rm 8.28-30; cf. Jo 14.1-2). Também sabe que aqu’Ele que é Fiel e Justo não permitirá que a iniquidade e o mal triunfem, mas no devido tempo fará que a Sua justiça e verdade resplandeçam (2 Ts 1.4- 10). Ele jamais esquece os Seus, nem nesta vida, nem na morte (1 Ts 4.13, 14; Ap 14.13).  

Despertar para a VIGILÂNCIA. Como parte do nosso andar com Deus em santificação, somos exortados a vigiar contra a carne e suas paixões (Mt 26.41). A consciência de que haveremos de nos apresentar perante o Juiz de toda a terra em um tempo muito próximo, mas que ignoramos exatamente quando, é um forte apelo à vigilância e santificação (1 Jo 3.3; Rm 13.11-14; Ef 5.15-17).

Ao longo da história da Igreja, foram adotados vários métodos de interpretação da profecia bíblica. Muitas das explicações oferecidas obrigam os cristãos a serem cautelosos. Na tentativa de defender ou justificar modelos escatológicos inteiros, textos das Escrituras têm sido torcidos contra o seu sentido mais óbvio. Para evitar que caiamos nesses extremos, chamamos a atenção para alguns princípios básicos na interpretação escatológica.

Os sentidos LITERAL e FIGURADO. Geralmente, a profecia deve ser entendida no sentido gramatical e histórico do texto, procurando-se interpretar as palavras conforme seu significado ordinário. Vemos a aplicação deste método em relação a grande parte das profecias do Antigo Testamento (confira nos evangelhos). Mas nem sempre a profecia tem apenas um sentido literal. E, às vezes, não tem nenhum sentido literal, mas apenas figurado (confira em Apocalipse, e nas visões de Daniel 2 e 7). De qualquer forma, é sempre a Escritura que deverá determinar se a profecia em análise deve ser entendida literalmente, ou não. Às vezes, a interpretação poderá ser dada no próprio texto (por exemplo, Dn 7.17; Ap 1.20). Mas tenhamos sempre cuidado com interpretações baseadas em mera especulação, ou no que pareça ser razoável ao próprio intérprete.

O uso da HISTÓRIA. A profecia interpreta a história, e não o contrário. Ela mostra que Deus está no comando de todas as coisas, conduzindo os eventos em vista da plena realização dos Seus propósitos. Nossa interpretação não pode ser sugerida pelas manchetes de jornais. Por outro lado, até os acontecimentos mais cotidianos são iluminados e abarcados pela profecia.

A PROFUNDIDADE da profecia. Como em muitos outros campos do conhecimento divino, nem tudo o que diz respeito aos tempos do fim foi revelado (Ap 10.4; Mt 24.36). E é certo que nem sempre o que foi revelado está claro, ou pode ser totalmente compreendido. Contudo, o próprio Deus prometeu dar maior entendimento sobre estas coisas em nosso tempo (Dn 12.4, 10; Ap 22.10). Desse modo, é certo que haverá maior luz para aqueles que O buscarem e examinarem diligentemente a Sua Palavra, a exemplo de Daniel, que “se aplicou a compreender e a se humilhar perante Deus” (Dn 10.12). E, como disse o próprio Senhor Jesus: “Quem lê, entenda” (Mt 24.15; Ap 2.29).

Precisamos renovar nosso entendimento da fé cristã pela melhor compreensão da profecia bíblica. Deus quer que saibamos que Ele traçou um desígnio, um plano, que tem começo, meio e fim. E também que nós estamos incluídos nesse Seu propósito grandioso. É verdade que somos pequenos e incapazes de compreender todos os intricados meandros dessa história universal escrita e realizada por Deus. Mas, o que podemos saber nos basta para que nos alegremos por servir um Deus tão sábio, bom e poderoso, e que nossas vidas, tanto no presente como no porvir, redundarão juntamente com todas as coisas para a Sua eterna glória e louvor.




 Texto cedido por: EBD –  2º. Trimestre de 2018




ESCATOLOGIA 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP

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