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sexta-feira, 10 de maio de 2024
O ministério do profeta Jeremias
Há uma alienação na compreensão do significado da palavra ministério devido à
comparação com hierarquia eclesiástica, mas ministério não tem nada a ver com isso,
não está circuncidado apenas à organização da comunidade cristã local, o entendimento
deve ser aumentado no sentido mais radical da palavra, na essência. Essa alienação não
é boa...
A Palavra diz que Deus dá dons aos homens, e, é verdade que há dons naturais e
espirituais – toda a boa dádiva vem d’Ele. Discuto aqui inicialmente a questão dos dons
espirituais por intentar tratar sobre ministério eclesiástico, então e por isso, parto da ideia de dons espirituais que são distribuídos para aquilo que o discípulo cristão for útil como destaca o apóstolo Paulo aos Coríntios.
Aqui tem que ser tratada outro assunto importante que é a chamada, pois ela tem a ver
com o dom que o Eterno distribui segundo a sua presciência e soberania de forma
liberal e não fica fazendo cobranças indevidas e fora de tempo, mas é certo que Ele
requererá o que foi feito com o dom como relatada nos Evangelhos, mais
especificamente nas parábolas do reino de Deus.
A incompreensão a meu ver vem do fato que a palavra ministério tem sido utilizada de
forma inconveniente ou incompleta para descrever o desempenho de um cargo
eclesiástico ou pertencer a um (a) grupo/organização religiosa. Mas, não é só isso, ou
esse entendimento, então por isso ministério aqui é tratado como a constância em
trabalhar no reino de Deus com o dom que Ele nos deu.
Como já descrito e comentado anteriormente, Deus deu a Jeremias o dom da profecia
através de uma chamada pessoal e aqui neste tópico estaremos destacando algumas
peculiaridades dessa incumbência.
Jeremias, “Jeová é elevado” era um levita, filho de um sacerdote e morava em Anatote,
na tribo de Benjamim. Profetizou no tempo do rei Josias de Judá até o ano 12 do rei
Zedequias com Jerusalém indo cativo para a Babilônia por mão de Nabucodonosor,
sendo o profeta poupado com vida e com sua liberdade concedida, por cerca de 40 anos.
Em sua chamada o Altíssimo lhe instrui que ele “foi santificado e dado às nações por
profeta” (Jr 1.5) e “ponho-te neste dia sobre nações e reinos” (Jr 1.10) num tempo de
juízo holístico executado pelo Eterno, sendo claramente anunciada uma visitação do
Eterno a toda a terra (ROSSI, 2018).
Ele orienta que o “mal viria no norte sobre os habitantes da terra” (Jr 4.6) e “te
entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia” (Jr 22.25) contra Judá
(lembrando que Israel já tinha sido destruído pela Assíria), mas também contra todos os
países daquela época como descrito no verso 12 do capítulo 12 do livro do profeta
Jeremias” a espada do Senhor devora desde um extremo até outro extremo da terra; não
há paz para nenhuma carne”. Talvez aqui esteja o cerne de sua chamada!
Foram julgadas por Deus as nações do Egito (Jr 46), Filisteus (Jr 47), Moabe (Jr 48),
Amom (Jr 49.1-6), Edom (Jr 49.7-22), Damasco (Jr 49.23-27), Arábia (Jr 49.28-39) e,
até, por fim, a própria Babilônia (Jr 50 e 51). O profeta foi escolhido para essa missão
antes mesmo de se formar no ventre de sua mãe (Jr 1.5) e apesar dele não se achar
eloquente ou capaz para a tarefa na qual estava sendo designado como Davi e Salomão
também assim se exprimiram (Jr 1.6), o Senhor diz a ele para não temer diante de
ninguém, pois, Ele o livraria (Jr 1.8). Ainda foi lhe dada uma visão de uma vara de
amendoeira (Jr 1.11) cuja explicação o próprio Senhor lhe dá: “eu velo sobre a minha
palavra para cumpri-la” (FERREIRA, 2007).
Através de outra visão inicial Deus fala ao profeta que do Norte viria o mal sobre todas
as nações, com uma panela fervendo para a banda do norte (Jr 1.13-15), lembrando ser
uma nova nação se levantando para juízo contra o povo escolhido, pois a Assíria,
também do norte, tinha destruído as tribos de Israel.
Aquele que se considerava incapaz para esta tão significante tarefa, seria colocado como
“cidade forte”, “coluna de ferro”, “muros de bronze” contra toda a terra e pelejariam
contra ele, mas sem prevalecer (Jr 1.17-19). Destacaremos então a seguir as principais
ações do ministério do profeta Jeremias, a meu ver, com semelhanças com o período
atual, num tempo de juízo para toda a terra, agora através da pandemia. O Senhor está
trabalhando!
Como já discutido na introdução, ratifico aqui a ideia de que ministério tem relação
intima com o dom e a chamada, e, é a constância em servir ao Eterno através do dom
recebido com a ferramenta que tem o dom ficando, através da comunhão com o
Altíssimo, mais eficaz/eficiente em sua tarefa espiritual, mostrando ou abrindo campo
par uma nova discussão, agora já no Novo testamento sobre a importância dos frutos ou
como alguns estudiosos gostam de declamar, fruto do Espírito muito bem explicado
pelo apóstolo Paulo aos Gálatas.
Inicialmente Jeremias profetiza sobre a ingratidão do povo que Ele tinha tirado cativo
do Egito (Jr 2.6) e o Senhor diz que entraria em contenda contra eles (Jr 2.9) e os
questiona o desvio dEle “Houve alguma nação que que trocasse os seus deuses, posto
não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum
proveito” (Jr 2.11) e complementa ainda, que eles estavam numa situação como um
ladrão pego em flagrante (Jr 2.26) e que no aperto Ele seria procurado e responderia
para procurarem os deuses que eles adoravam (Jr 2.27-28).
O Juiz de toda a terra propõe ainda uma reconciliação ao seu povo fazendo a
comparação com uma mulher infiel que foi despedida de seu marido, mas o Senhor
disse que ainda a receberia, trazendo um modelo de casamento que deve ser mantido
pela misericórdia e perdão (Jr 3.1-25).
O Espírito o constrange a lamentar tanto desvios e obstinações, como que ouvindo a
buzina tocando e a destruição chegando como correção: “Ah! Entranhas minhas,
entranhas minhas! Estou ferido no meu coração! O meu coração ruge; não me posso
calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra” (Jr
4.19).
Na aparência do povo que habitava em Jerusalém parecia que estava tudo bem.
Contudo, confiavam no templo e sua religiosidade cotidiana pensando que por isso não
aconteceria nada de mal a eles, então o profeta Jeremias na porta do templo exorta o
povo ao arrependimento e os adverte o que tinha sucedido a Siló por causa da maldade
de Israel com a arca levada para a terra dos filisteus, ficando sem adorar ao Eterno por muitos anos e reconstituído por Davi (Jr 7.1-14).
Destaco agora, algumas pessoas que o acompanharam em seu ministério e tiveram
palavras do Senhor de recompensas. Um dos casos foi Baruque que escrevia as suas
palavras num livro (Jr 36.17) sendo admoestado por “procurar grandezas” (Jr 45.5),
porém abençoado pelo Eterno: “darei a tua alma como despojo, em todos os lugares
para onde fores” (de Aguiar, 1997) e o outro foi o etíope Ebede Meleque ao interceder
por ele ao rei Zedequias (Jr 38.8) o ajudou em um momento difícil, tirando-o do
calabouço antes que morresse sendo também alcançado pela misericórdia do Altíssimo,
conforme estas palavras: “mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em
mim, diz o Senhor” (Jr 39.18).
Conforme relata Santiago (2019) o povo que estava em Judá tinha se envolvido no culto
a vários deuses como destaca Amaral (2015) e o profeta Jeremias exorta a “não
aprender os caminhos das nações, porque é vaidade; pois corta do bosque um madeiro,
obra das mãos do artífice com machado” (Jr 10.1-2) incentivando o retorno ao “Deus
vivo e rei Eterno” (Jr 10.10) e chamando as imagens de escultura de “mentira”, “não há
espírito nelas” (Jr10. 14), “vaidade são, e obra de enganos” (Jr 10.15).
No capítulo 13 de seu livro, o profeta Jeremias mostra-se muito obediente, submisso ao
Senhor, cumprindo uma ordem divina de comprar um cinto de linho e colocando-o
sobre os seus lombos escondeu perto do rio Eufrates, sendo realçada a sua prontidão e
disponibilidade ao executar uma nova determinação sem questionamentos do Eterno
para ir ao Eufrates e enterrá-lo em uma fenda de uma rocha. Depois de muitos dias, o
Altíssimo manda Jeremias buscá-lo, e, ele estava apodrecido e para mais nada prestava.
Veio então a Palavra dEle revelando que o seu povo estava desviado, soberbo e duro de
coração, não ouvindo mais as Suas Palavras.
Descrevo nestas poucas linhas de igual forma algumas dificuldades, rejeição,
perseguições enfrentadas pelo profeta Jeremias durante o seu ministério devido a sua
mensagem como a conspiração em Anatote (Jr 11.21), foi ferido e colocado no cepo
pelo sacerdote Pasur (Jr 20.1), tentativa de morte por sacerdotes, príncipes, profetas e pelo povo ao profetizar no átrio da casa do Senhor (Jr 26.1-8), foi ferido/preso pelos príncipes durante o reinado de Zedequias (Jr 37.13-15) e lançado no calabouço de
Malquias (Jr 38.6), entre outras relatadas em seu livro. Entretanto, ressalta-se que o
mensageiro do Eterno era muito bem conhecido no império caldeu, pois o próprio rei
Nabucodonosor dá ordens a seu respeito para o general do exército, isso será comentado
posteriormente.
Apesar de toda dificuldade e perseguições o profeta ainda intercede pelo povo (Jr 14.10)sendo orientado para não rogar pelo bem do povo, pois que “tanto amaram o afastar-se e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da maldade deles e visitará os seus pecados” mostrando que sobre eles não viriam boas coisas. Deus ainda acrescenta a informação de que mesmo que outros servos fiéis de tempos antigos clamassem pelo povo, Ele ainda assim não os ouviriam: “Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo” (Jr 15.1).
O profeta adverte reiteradamente ao povo de Judá a não confiar em possíveis
livramentos humanos: “maldito aquele que confia no homem porque será como a
tamargueira no deserto” (Jr 17.5-6), mas feliz “aquele que confia no Senhor porque será
como a árvore plantada junto às águas” (Jr 17.7-8).
Já em obediência à ordem divina Jeremias vai à casa do oleiro e viu um vaso ser
quebrado e refeito novamente. Toda a nação de Judá era como um vaso de barro em Sua
mão e o Senhor muito mais facilmente faria ao seu povo o seu querer (Jr 18.1-6).
Entretanto, em continuação, é mostrada uma mensagem de forma simbólica e contrária
uma comparação de uma botija de oleiro quebrada, agora uma quebra sem restituição:
“deste modo quebrarei o povo desta cidade” (Jr 19. 11).
Jeremias orienta de forma explícita ao povo a sair e se render aos caldeus, pois, assim,viveriam e teriam a sua vida como despojo, porque o Senhor tinha “posto o seu rosto contra aquela cidade e a entregaria na mão de Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Jr21.10), sendo comparados a figos bons (Jr 24).
No capítulo 35 há o relato de um fato muito interessante e instrutivo registrado no livro do profeta Jeremias. Uma ordem divina no verso 2 para o profeta: “Vai à casa dos
recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do SENHOR, a uma das câmaras e dá-lhes
vinho a beber.” A resposta deles: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de
Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos
filhos “ (Jr 35.6). Faz-se necessário recordar do Antigo Testamento que o nazireu não
podia beber vinho ou bebida forte e Deus disse para Arão que ele e seus filhos não
beberiam vinho nem bebida forte, quando entrassem na tenda da congregação. A
recompensa deles por sua obediência a Jonadabe, seu pai, é que teriam uma
descendência abençoada por Deus e nunca faltaria de sua família alguém que assistisse
perante o Senhor.
Nestas palavras finais considero adequado e oportuno tratar das semelhanças do tempo
vivido por Jeremias e o momento atual no qual o mundo globalizado na qual a
população mundial em sua maioria vive em aglomerações humanas, chamada de
metrópoles ou regiões metropolitas com uma enorme concentração no espaço, e, de
maneira sutil ou não, está sob a influência de um vírus com grande transmissibilidade e
quebrando de certa forma todo esse ajuntamento produzindo uma nova confusão e
espraiamento como aconteceu na confusão das línguas em Babel. Destaco a seguir, três
questionamentos para nossa época.
Em primeiro lugar há claramente um juízo sobre toda a terra pandemizada, e, é prudente
atentar para o que destaca o profeta Joel: “veja a espada e quem a enviou” como foi no
tempo de Jeremias que a orientação divina era para se entregar aos caldeus. Agora, qual
é a direção do Altíssimo?
Em segundo lugar, a Igreja encontra-se com sua militância mais envolvida com a
política do que com a Palavra e o Evangelismo. Então este juízo é certamente e de igual
forma uma chamada para a conversão do cristianismo. O que, como Igreja, no conceito
do apóstolo Pedro (pedras vivas) precisa ser melhorado no particular de cada discípulo?
Por último, como não nenhum país com hegemonia internacional, nem haverá, a
Organização das Nações Unidas - ONU tem procurado atender aos interesses das
grandes corporações e mostra, junto com alguns países, um grande desinteresse com as
pessoas e suas necessidades básicas de trabalho, saúde, etc. A ONU não seria a besta
destacada no Apocalipse que vai contra o interesse das pessoas e a favor da orientação
do Anticristo?
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