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terça-feira, 21 de maio de 2024
Conquistas e maus acordos com os infiéis: a entrada em Canaã
As primeiras conquistas e, também, as tribos, como a de Manassés que não conseguiram expelir os habitantes de Bete-Seã, nem a Taanaque, nem aos moradores de Dor, Ibleão, Megido (Jz1.27).
A tribo de Efraim também não conseguiu expelir os moradores de Gezer (Jz1.29), nem a tribo de Zebulom os moradores de Quitrom e Naalol (Jz1.30), nem a tribo de Aser também não expeliu os moradores de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba, Afeca, nem de Reobe (Jz1.31). Por último, a tribo de Naftali não expeliu os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate (Jz1.33), entre outras.
Devido a essa mistura com os povos pagãos, os israelitas se desviaram do caminho do Senhor para a idolatria e outras práticas abomináveis sendo infiéis ao seu deus que os tirara, com mão forte da escravidão na terra do Egito.
As primeiras conquistas relatadas no início do texto bíblico do Livros dos Juízes são: Jerusalém (Jz1.8), Hebrom (Jz1.10), Quiriate-Zefer ou Debir (Jz1.11-15), Zefate ou Horma (Jz1.17), Gaza/Asquelom/Ecrom (Jz1.18) e Betel (Jz1.22-25).
Porém não foi só com vitórias que o povo de Israel viveu, infelizmente, e será explanado logo após, os maus acordos ou não deveriam ter feito nenhum acordo pois a orientação divina era de exterminar a todos!
Não foram relatadas somente as conquistas. Houve de igual modo, tribos como as de Manassés que não conseguiram expelir os habitantes de Bete-Seã, nem a Taanaque, nem aos moradores de Dor, Ibleão, Megido (Jz1.27), de Efraim em Gezer (Jz1.29).
De igual modo, a tribo de Zebulom não expeliu os moradores em Quitrom e Naalol (Jz1.30); a tribo de Aser também não expeliu os moradores de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba, Afeca, nem Reobe (Jz1.31) e, Naftali não expeliu os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate (Jz1.33).
A Bíblia mostra que as desobediências sempre trazem consequências desastrosas para os filhos de Deus. Após uma distribuição antecipada das terras, cada tribo em Israel, deveria expelir os moradores do local e ocupar o território que lhes fora destinado. Com isso, vários tropeços apareceram para eles devido a sua mistura com o povo cananeu e adotando ações pagãs que enfureceram ao Senhor Deus de Israel.
É importante ainda destacar que a conquista da terra de Canaã se deve a um ato, antes de tudo, de justiça de Deus, pois Ele mesmo tinha prometido a Abraão: “... porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia” (Gn 15.16 B) e essa observação é extensiva a todos os cristãos para se dispuserem a “conquistar” as promessas do Senhor para cada um como no caso do rei Jeoás que a mando do Senhor apenas feriu a terra três vezes e foi corrigido pelo profeta Eliseu (2 Rs 13.14-19).
Sansão, um herói da fé
Sansão é um herói da fé (Hb 11.32), separado por Deus antes de nascer, e relatado pelo escritor aos Hebreus no verso 38 do capítulo 11 daquela epístola: “(Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra” (Hb 11.38).
O próximo e último juiz de Israel descrito no Livro dos Juízes, Sansão, é analisado por muitos estudiosos como um homem * “controverso” e de ** “caráter indefinido”, sem dúvida é um caso especial, que merece muito cuidado e prudência na análise, pois tem um toque especial do Criador em sua trajetória.
Um anjo aparece para uma mulher estéril da tribo de Dã e anuncia a chegada de mais um juiz em Israel, não poderia comer comida imunda nem tomar bebida forte (Jz 13.2-4).
E continua com mais considerações: “porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus” (Jz 13.5).
Após contar ao seu marido, Manoá implora ao Senhor a volta do mensageiro para que ele ensinasse como deveria ser criado este especial menino (Jz 13.8) e o anjo volta e traz detalhadas explicações (Jz 13.10-20).
Infelizmente, como relatado até agora no Livro dos Juízes, “...os filhos de Israel tornaram a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou na mão dos filisteus por quarenta anos” (Jz 13.1).
Sansão se engraça com uma mulher dos filisteus, fato que desagrada aos seus pais (Jz 14.1-3). Até seus pais não entendiam bem o mover de Deus na vida do jovem: “mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do SENHOR, pois buscava ocasião contra os filisteus, porquanto, naquele tempo, os filisteus dominavam sobre Israel” (Jz 14.4).
Um fato interessante, que merece reflexões é relatado a partir do verso 10 do capítulo 15 do Livro dos Juízes, temos Sansão sendo entregue aos filisteus, amarrado por cordas, pelos seus irmãos... os próprios israelitas estavam com medo de represarias dos dominadores daquele momento (Jz 15.10-13), “...porém o Espírito do Senhor possantemente se apossou dele” (Jz 15.14) e ele fere a mil homens (Jz 15.15, 16).
Sansão é traído por Dalila, persuadida pelos filisteus, ao contar o segredo de sua grande força (Jz 16.17) e o Senhor se retirou dele (Jz 16.20), os filisteus lhe aarancaram os olhos e foi amarrado com cadeia de bronze (Jz 16.21), mas o seu cabelo começou a crescer novamente (Jz 16.22).
E levaram a Sansão como um troféu de guerra para oferecer sacrifício ao deus Dagom dizendo que ele tinha entregado o seu inimigo (Jz 16.23) e era louvado por todo o povo (Jz 16.24) e Sansão é levado para brincar diante deles (Jz 16.25),“ora estava à casa cheia de homens e mulheres; e também ali estavam todos os príncipes dos filisteus; e sobre o telhado havia uns três mil homens e mulheres, que estavam vendo Sansão brincar” (Jz 16.27) pois no ato final “... foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara em sua vida” (Jz 16.30 B).
Deus seja louvado “... por fazer a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato” (Is 28.21 B) e o herói da fé, Sansão, entrega a sua vida para cumprir a missão dada pelo Altíssimo: começar livrar a Israel da mão dos filisteus (Jz 13.5; Hb 11.32).
segunda-feira, 20 de maio de 2024
Adoni-Bezeque e a justiça divina
Derrotaram a dez mil homens (os perizeus e os cananeus) em Bezeque (Jz 1.4) e acharam o líder Adoni-Bezeque. Pelejaram contra ele (Jz 1.5) que consegue fugir mas foi perseguido, preso e lhe cortaram os dedos polegares das mãos e dos pés (Jz 1.6 B).
O próprio Adoni-Bezeque, “o senhor de Bezeque” de acordo com Moody, assim se expressa: “...setenta reis, com os dedos polegares das mãos e dos pés cortados, apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou” (Jz 1.7). Segundo Moody, “a mutilação física desqualificava uma pessoa de ocupar cargo religioso ou civil” (MOODY, p.5).
Uma abordagem bíblica a ser defendida diante deste acontecimento é a consideração de Abraão de que o Senhor é “juiz de toda a terra” (Gn 18.25) ao interceder por seu sobrinho diante da destruição que viria sobre a cidade de Sodoma e Gomorra como também destacado a frase de Moisés que o pecado tem consequências (Nm 32.23 B). Nos Salmos há ainda várias referências da justiça divina: “... os céus anunciarão a sua justiça, pois Deus mesmo é o Juiz” (Sl 50.6), “mas Deus é o juiz; a um abate e a outro exalta” (Sl 75.7) e, “... exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá o pago aos soberbos” (Sl 94.2).
Outra forma de análise do ocorrido com o rei de Bezeque e que serve como ensinamento, com referência a lei da semeadura e colheita pela qual se entende como o apóstolo Paulo ensina aos Gálatas no verso 7, parte B do capítulo 5: “...porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 5.7 B).
O douto mestre ainda explana de forma mais aprofundada quanto à quantidade a ser colhida na segunda carta aos Coríntios na partir do verso 6 do capítulo 9: “... o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará” (2 Co 9.6).
O próprio Messias ensinou que não se deve esperar do próximo um tratamento diferente daquele que oferecemos: “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também” (Lc 6.31) e “dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” (Lc 6.38).
O livro dos juízes
Assim, “...após a morte de Josué, uma geração se levanta que não conhecia ao Senhor, tampouco a obra que fizera a Israel” (Jz 2.10 B).
A geração que entrou em Canaã durante a liderança de Josué tinha ocupado terras de acordo com as divisões já determinadas das tribos de Israel, mas estava longe do seu término devido a fortes grupos de resistência sobreviveram, era necessário, porém, que os israelitas ocupassem o território que lhes fora destinado.
Pelo desvio do Altíssimo, o povo sofre com a ira divina que os entrega nas mãos dos seus inimigos, pelos quais eram agora oprimidos, roubados e vilipendiados, mas quando em arrependimento clamavam ao Deus do Céu, a respostas divina vinha através de um juiz.
O livro de Juízes é de autoria anônima e pode ser descrito como “... cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6 B, 21.25 B), mostrando que as pessoas sem a direção divina tornam-se miseráveis praticando todo o tipo de torpeza como qualquer história de cristão desviado do Eterno não é diferente da dos Juízes, com poucos momentos de felicidade (fidelidade) e muitas decepções, constrangimentos, fútil e atribulada.
Há juízes famosos como Débora (Jz 4.4), Gideão (Jz 6.11), Abimeleque (Jz 9.1-53), Jefté e Sansão, outros também menos conhecidos como Otoniel (Jz 3.9-11), Eude (Jz 3.15-30), Baraque (Jz 4.6), Jael (Jz 4.18), Tola (Jz 10.1-2), Jair (Jz 10.3-5). O livro relata ainda como que os juízes de Israel libertaram o povo repetidas vezes da opressão cruel imposta pelas nações vizinhas. Os juízes exerciam autoridade sob orientação divina, mas, ao falecer o líder, o povo volta a se desviar do Criador (Jz 3.12 B; 4.1; 6.1; 13.1).
O livro de Juízes é uma narrativa abafadiça, mas verídica, irrestritamente. Neste estudo seremos convidados a refletir sobre o testemunho deles que nos instigarão a imitar as boas ações deles, ou mesmo quando estão a falhar, ficará um alerta para que possamos nos desviar dos maus caminhos escolhidos por algum deles e está associado ainda ao caráter de Deus, Sua misericórdia e paciência, “...que trabalha para aquele que nEle espera” (Is 64.4 B) de forma contínua e peremptória.
Por fim, se em alguns versículos se destaca a ausência de um rei como motivo do desvio deles, contudo é certo que o Senhor sempre reinou em Israel (1 Sm 8.7), pois o Espírito Santo falou pelo profeta Balaão: “... entre eles se ouve o alarido de um rei” (Nm 23.21 B) e o juiz de toda a terra (Gn 18.25) não seria juiz em Israel (Jz 11.27)?
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Bênçãos e maldições
O Senhor promete abençoar sob condição de Israel andar nos seus estatutos (vs. 1 a 13). E adverte sob maldição o negligenciar as suas ordenações (vs. 14 a 46). Observemos que os versos 28 a 39 tiveram cumprimento no cativeiro babilônico e, mais tarde, outra vez, na destruição de Jerusalém pelos romanos.
O ano sabático e o ano do jubileu
O ano sabático era cada sétimo ano, quando então dava-se descanso à terra (vs. 1 a 7). Não se plantava nem se colhia; Deus prometeu dar fartura no ano 6º para suprir o necesário nos anos sétimo e oitavo (vs. 20 a 22).
O ano do jubileu era celebrado de cinquenta em cinquenta anos a começar do dia da expiação (vs. 8 a 55), quando se proclamava liberdade na terra a todos os seus moradores. Todos os escravos hebreus eram postos em liberdade e todas as propriedades eram restituídas aos seus donos primitivos. Foi esse o ano que Jesus proclamou, como “ano aceitável do Senhor”. É este tempo em que, pelo Evangelho, se anuncia a salvação. Ver Is 61; Lc 4.19; II Co 6.2.
Festas das trombetas
Dia de descanso e júbilo. Os judeus comemoravam este dia como “o dia do ano novo”(Is 27.13; Ap 11.15).
Solenidade das semanas – o Pentecostes
Pentecostes significa “cinquenta”; no quinquagésimo dia, bolos feitos do que fora colhido no campo eram apresentados ao Senhor. Tudo indica ser a apresentação aoa Senhor das almas colhidas pelo Evangelho, as quais recebem o derramamento do Espírito. (At 2.1 a 4; Ap 14. Vs. 158 e 16).
Lei da mulher após o parto
Isto está relacionado com o sangue e a vida e o pecado da humanidade (Rm 5.12; Sl 51.5) e não com a concepção em si, pelo que, observemos, da criança não se exige expiação pelo pecado, nem pelo suposto “pecado original” e sim a circuncisão, que a inclui no concerto de Abraão.
Nadabe e Abiú morrem perante o Senhor
A queima do incenso era ordem dada a Arão (sumo-sacerdote) e deveria ser feita pela manhã e à tarde (Ex. 30.7 a 9). Não cabia tal coisa a seus filhos e ainda trouxeram fogo estranho (o fogo da queima do incenso era tirado do altar do holocausto (Lv 16.12; Ap 8.5).
Início do Ofício Sacerdotal
Após a reclusão de sete dias, com o que encerrou o Capítulo 8, Arão passa oficialmente a exercer o seu sacerdócio.
Inicia realizando sacrifícios em seu próprio favor (cf Hb 7.26 a 28). Assim oferece sacrifício de expiação pelo pecado e o holocausto (vs. 12 a 14). A seguir ministra em favor do povo: sacrifício de expiação do pecado (vs. 15), holocausto (vs. 16), oferta de manjares (vs. 17), sacrifício pacífico (vs. 18 a 21) e depois os abençoa (vs. 22 e 23).
A Consagração de Arão e seus Filhos
A consagração consistiu da lavagem com água de Arão e seus filhos, o vestir das vestes santas, a unção de Arão, o sacrifício de expiação do pecado, do holocausto, do sacrifício pacífico (da consagração), da aspersão do sangue e da separação por sete dias.
Quem ministrou a consagração de Arão foi Moisés, isto denota uma ordem sacerdotal superior ao sacerdócio levítico, assim como foi superior Melquizedeque e Abrão. Nisto fala-se do sacerdócio de Jesus (At 3.22; Hb 3.1 a 6; 5.5 e 6; 7.1 a 12), que é superior à lei. Pelo exposto neste capítulo e em especial nos versos 10 e 12, parece-nos que este acontecimento se deu quando Moisés levantou o tabernáculo (Ex 40.9 a 13).
Oferta pela Consagração do Sumo-Sacerdote
Era a oferta feita pelo sumo-sacerdote no dia de sua consagração (vs. 22). Constava da oferta de manjares, diferenciando no fato de ser determinada e de ser totalmente queimada sobre o altar. Cremos referir-se à entrega total ou dedicação total de Jesus ao seu ministério (Sl. 40.6).
sexta-feira, 10 de maio de 2024
O ministério do profeta Jeremias
Há uma alienação na compreensão do significado da palavra ministério devido à
comparação com hierarquia eclesiástica, mas ministério não tem nada a ver com isso,
não está circuncidado apenas à organização da comunidade cristã local, o entendimento
deve ser aumentado no sentido mais radical da palavra, na essência. Essa alienação não
é boa...
A Palavra diz que Deus dá dons aos homens, e, é verdade que há dons naturais e
espirituais – toda a boa dádiva vem d’Ele. Discuto aqui inicialmente a questão dos dons
espirituais por intentar tratar sobre ministério eclesiástico, então e por isso, parto da ideia de dons espirituais que são distribuídos para aquilo que o discípulo cristão for útil como destaca o apóstolo Paulo aos Coríntios.
Aqui tem que ser tratada outro assunto importante que é a chamada, pois ela tem a ver
com o dom que o Eterno distribui segundo a sua presciência e soberania de forma
liberal e não fica fazendo cobranças indevidas e fora de tempo, mas é certo que Ele
requererá o que foi feito com o dom como relatada nos Evangelhos, mais
especificamente nas parábolas do reino de Deus.
A incompreensão a meu ver vem do fato que a palavra ministério tem sido utilizada de
forma inconveniente ou incompleta para descrever o desempenho de um cargo
eclesiástico ou pertencer a um (a) grupo/organização religiosa. Mas, não é só isso, ou
esse entendimento, então por isso ministério aqui é tratado como a constância em
trabalhar no reino de Deus com o dom que Ele nos deu.
Como já descrito e comentado anteriormente, Deus deu a Jeremias o dom da profecia
através de uma chamada pessoal e aqui neste tópico estaremos destacando algumas
peculiaridades dessa incumbência.
Jeremias, “Jeová é elevado” era um levita, filho de um sacerdote e morava em Anatote,
na tribo de Benjamim. Profetizou no tempo do rei Josias de Judá até o ano 12 do rei
Zedequias com Jerusalém indo cativo para a Babilônia por mão de Nabucodonosor,
sendo o profeta poupado com vida e com sua liberdade concedida, por cerca de 40 anos.
Em sua chamada o Altíssimo lhe instrui que ele “foi santificado e dado às nações por
profeta” (Jr 1.5) e “ponho-te neste dia sobre nações e reinos” (Jr 1.10) num tempo de
juízo holístico executado pelo Eterno, sendo claramente anunciada uma visitação do
Eterno a toda a terra (ROSSI, 2018).
Ele orienta que o “mal viria no norte sobre os habitantes da terra” (Jr 4.6) e “te
entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia” (Jr 22.25) contra Judá
(lembrando que Israel já tinha sido destruído pela Assíria), mas também contra todos os
países daquela época como descrito no verso 12 do capítulo 12 do livro do profeta
Jeremias” a espada do Senhor devora desde um extremo até outro extremo da terra; não
há paz para nenhuma carne”. Talvez aqui esteja o cerne de sua chamada!
Foram julgadas por Deus as nações do Egito (Jr 46), Filisteus (Jr 47), Moabe (Jr 48),
Amom (Jr 49.1-6), Edom (Jr 49.7-22), Damasco (Jr 49.23-27), Arábia (Jr 49.28-39) e,
até, por fim, a própria Babilônia (Jr 50 e 51). O profeta foi escolhido para essa missão
antes mesmo de se formar no ventre de sua mãe (Jr 1.5) e apesar dele não se achar
eloquente ou capaz para a tarefa na qual estava sendo designado como Davi e Salomão
também assim se exprimiram (Jr 1.6), o Senhor diz a ele para não temer diante de
ninguém, pois, Ele o livraria (Jr 1.8). Ainda foi lhe dada uma visão de uma vara de
amendoeira (Jr 1.11) cuja explicação o próprio Senhor lhe dá: “eu velo sobre a minha
palavra para cumpri-la” (FERREIRA, 2007).
Através de outra visão inicial Deus fala ao profeta que do Norte viria o mal sobre todas
as nações, com uma panela fervendo para a banda do norte (Jr 1.13-15), lembrando ser
uma nova nação se levantando para juízo contra o povo escolhido, pois a Assíria,
também do norte, tinha destruído as tribos de Israel.
Aquele que se considerava incapaz para esta tão significante tarefa, seria colocado como
“cidade forte”, “coluna de ferro”, “muros de bronze” contra toda a terra e pelejariam
contra ele, mas sem prevalecer (Jr 1.17-19). Destacaremos então a seguir as principais
ações do ministério do profeta Jeremias, a meu ver, com semelhanças com o período
atual, num tempo de juízo para toda a terra, agora através da pandemia. O Senhor está
trabalhando!
Como já discutido na introdução, ratifico aqui a ideia de que ministério tem relação
intima com o dom e a chamada, e, é a constância em servir ao Eterno através do dom
recebido com a ferramenta que tem o dom ficando, através da comunhão com o
Altíssimo, mais eficaz/eficiente em sua tarefa espiritual, mostrando ou abrindo campo
par uma nova discussão, agora já no Novo testamento sobre a importância dos frutos ou
como alguns estudiosos gostam de declamar, fruto do Espírito muito bem explicado
pelo apóstolo Paulo aos Gálatas.
Inicialmente Jeremias profetiza sobre a ingratidão do povo que Ele tinha tirado cativo
do Egito (Jr 2.6) e o Senhor diz que entraria em contenda contra eles (Jr 2.9) e os
questiona o desvio dEle “Houve alguma nação que que trocasse os seus deuses, posto
não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum
proveito” (Jr 2.11) e complementa ainda, que eles estavam numa situação como um
ladrão pego em flagrante (Jr 2.26) e que no aperto Ele seria procurado e responderia
para procurarem os deuses que eles adoravam (Jr 2.27-28).
O Juiz de toda a terra propõe ainda uma reconciliação ao seu povo fazendo a
comparação com uma mulher infiel que foi despedida de seu marido, mas o Senhor
disse que ainda a receberia, trazendo um modelo de casamento que deve ser mantido
pela misericórdia e perdão (Jr 3.1-25).
O Espírito o constrange a lamentar tanto desvios e obstinações, como que ouvindo a
buzina tocando e a destruição chegando como correção: “Ah! Entranhas minhas,
entranhas minhas! Estou ferido no meu coração! O meu coração ruge; não me posso
calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra” (Jr
4.19).
Na aparência do povo que habitava em Jerusalém parecia que estava tudo bem.
Contudo, confiavam no templo e sua religiosidade cotidiana pensando que por isso não
aconteceria nada de mal a eles, então o profeta Jeremias na porta do templo exorta o
povo ao arrependimento e os adverte o que tinha sucedido a Siló por causa da maldade
de Israel com a arca levada para a terra dos filisteus, ficando sem adorar ao Eterno por muitos anos e reconstituído por Davi (Jr 7.1-14).
Destaco agora, algumas pessoas que o acompanharam em seu ministério e tiveram
palavras do Senhor de recompensas. Um dos casos foi Baruque que escrevia as suas
palavras num livro (Jr 36.17) sendo admoestado por “procurar grandezas” (Jr 45.5),
porém abençoado pelo Eterno: “darei a tua alma como despojo, em todos os lugares
para onde fores” (de Aguiar, 1997) e o outro foi o etíope Ebede Meleque ao interceder
por ele ao rei Zedequias (Jr 38.8) o ajudou em um momento difícil, tirando-o do
calabouço antes que morresse sendo também alcançado pela misericórdia do Altíssimo,
conforme estas palavras: “mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em
mim, diz o Senhor” (Jr 39.18).
Conforme relata Santiago (2019) o povo que estava em Judá tinha se envolvido no culto
a vários deuses como destaca Amaral (2015) e o profeta Jeremias exorta a “não
aprender os caminhos das nações, porque é vaidade; pois corta do bosque um madeiro,
obra das mãos do artífice com machado” (Jr 10.1-2) incentivando o retorno ao “Deus
vivo e rei Eterno” (Jr 10.10) e chamando as imagens de escultura de “mentira”, “não há
espírito nelas” (Jr10. 14), “vaidade são, e obra de enganos” (Jr 10.15).
No capítulo 13 de seu livro, o profeta Jeremias mostra-se muito obediente, submisso ao
Senhor, cumprindo uma ordem divina de comprar um cinto de linho e colocando-o
sobre os seus lombos escondeu perto do rio Eufrates, sendo realçada a sua prontidão e
disponibilidade ao executar uma nova determinação sem questionamentos do Eterno
para ir ao Eufrates e enterrá-lo em uma fenda de uma rocha. Depois de muitos dias, o
Altíssimo manda Jeremias buscá-lo, e, ele estava apodrecido e para mais nada prestava.
Veio então a Palavra dEle revelando que o seu povo estava desviado, soberbo e duro de
coração, não ouvindo mais as Suas Palavras.
Descrevo nestas poucas linhas de igual forma algumas dificuldades, rejeição,
perseguições enfrentadas pelo profeta Jeremias durante o seu ministério devido a sua
mensagem como a conspiração em Anatote (Jr 11.21), foi ferido e colocado no cepo
pelo sacerdote Pasur (Jr 20.1), tentativa de morte por sacerdotes, príncipes, profetas e pelo povo ao profetizar no átrio da casa do Senhor (Jr 26.1-8), foi ferido/preso pelos príncipes durante o reinado de Zedequias (Jr 37.13-15) e lançado no calabouço de
Malquias (Jr 38.6), entre outras relatadas em seu livro. Entretanto, ressalta-se que o
mensageiro do Eterno era muito bem conhecido no império caldeu, pois o próprio rei
Nabucodonosor dá ordens a seu respeito para o general do exército, isso será comentado
posteriormente.
Apesar de toda dificuldade e perseguições o profeta ainda intercede pelo povo (Jr 14.10)sendo orientado para não rogar pelo bem do povo, pois que “tanto amaram o afastar-se e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da maldade deles e visitará os seus pecados” mostrando que sobre eles não viriam boas coisas. Deus ainda acrescenta a informação de que mesmo que outros servos fiéis de tempos antigos clamassem pelo povo, Ele ainda assim não os ouviriam: “Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo” (Jr 15.1).
O profeta adverte reiteradamente ao povo de Judá a não confiar em possíveis
livramentos humanos: “maldito aquele que confia no homem porque será como a
tamargueira no deserto” (Jr 17.5-6), mas feliz “aquele que confia no Senhor porque será
como a árvore plantada junto às águas” (Jr 17.7-8).
Já em obediência à ordem divina Jeremias vai à casa do oleiro e viu um vaso ser
quebrado e refeito novamente. Toda a nação de Judá era como um vaso de barro em Sua
mão e o Senhor muito mais facilmente faria ao seu povo o seu querer (Jr 18.1-6).
Entretanto, em continuação, é mostrada uma mensagem de forma simbólica e contrária
uma comparação de uma botija de oleiro quebrada, agora uma quebra sem restituição:
“deste modo quebrarei o povo desta cidade” (Jr 19. 11).
Jeremias orienta de forma explícita ao povo a sair e se render aos caldeus, pois, assim,viveriam e teriam a sua vida como despojo, porque o Senhor tinha “posto o seu rosto contra aquela cidade e a entregaria na mão de Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Jr21.10), sendo comparados a figos bons (Jr 24).
No capítulo 35 há o relato de um fato muito interessante e instrutivo registrado no livro do profeta Jeremias. Uma ordem divina no verso 2 para o profeta: “Vai à casa dos
recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do SENHOR, a uma das câmaras e dá-lhes
vinho a beber.” A resposta deles: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de
Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos
filhos “ (Jr 35.6). Faz-se necessário recordar do Antigo Testamento que o nazireu não
podia beber vinho ou bebida forte e Deus disse para Arão que ele e seus filhos não
beberiam vinho nem bebida forte, quando entrassem na tenda da congregação. A
recompensa deles por sua obediência a Jonadabe, seu pai, é que teriam uma
descendência abençoada por Deus e nunca faltaria de sua família alguém que assistisse
perante o Senhor.
Nestas palavras finais considero adequado e oportuno tratar das semelhanças do tempo
vivido por Jeremias e o momento atual no qual o mundo globalizado na qual a
população mundial em sua maioria vive em aglomerações humanas, chamada de
metrópoles ou regiões metropolitas com uma enorme concentração no espaço, e, de
maneira sutil ou não, está sob a influência de um vírus com grande transmissibilidade e
quebrando de certa forma todo esse ajuntamento produzindo uma nova confusão e
espraiamento como aconteceu na confusão das línguas em Babel. Destaco a seguir, três
questionamentos para nossa época.
Em primeiro lugar há claramente um juízo sobre toda a terra pandemizada, e, é prudente
atentar para o que destaca o profeta Joel: “veja a espada e quem a enviou” como foi no
tempo de Jeremias que a orientação divina era para se entregar aos caldeus. Agora, qual
é a direção do Altíssimo?
Em segundo lugar, a Igreja encontra-se com sua militância mais envolvida com a
política do que com a Palavra e o Evangelismo. Então este juízo é certamente e de igual
forma uma chamada para a conversão do cristianismo. O que, como Igreja, no conceito
do apóstolo Pedro (pedras vivas) precisa ser melhorado no particular de cada discípulo?
Por último, como não nenhum país com hegemonia internacional, nem haverá, a
Organização das Nações Unidas - ONU tem procurado atender aos interesses das
grandes corporações e mostra, junto com alguns países, um grande desinteresse com as
pessoas e suas necessidades básicas de trabalho, saúde, etc. A ONU não seria a besta
destacada no Apocalipse que vai contra o interesse das pessoas e a favor da orientação
do Anticristo?
Proposta de reinterpretação da ideia do pecado original
Há um entendimento no meio cristão e entre os estudiosos da Bíblia que
o pecado cometido por Adão foi passado para todos os homens não levando
em consideração algumas passagens bíblicas como: “Eis que todas as almas
são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha:
a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4).
O pecado original é um assunto bastante comentado e há várias
controvérsias como bem explana, entre outros objetivos, com a pretensão de
explicar sobre o possível impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens
nascem.
Na verdade bíblica há uma “desobediência original” de Adão ao comer
da árvore da ciência do bem e do mal através da ilusão da mulher – Eva, pela
serpente contrapondo as ordens divinas que primeiramente come o fruto e
depois leva para o marido. O pecado traz a morte e o homem nasce agora
afastado de Deus, necessitando de reconciliação.
É certo que o homem foi criado com a vocação de ser filho de Deus isso
sendo alcançado pela comunhão com o Criador e o consequente
aprimoramento dos frutos do Espírito.
Entretanto, Aparicio-Gómez (2000, p.4) entende que com a doutrina do
pecado original, muitas vezes a invenção é atribuída a Agostinho (LAMELAS,
2012, p.55), a fé cristã tenta destacar duas coisas: “a validade de um fator
supra pessoal, que distorce a relação homem-Deus; e a presença de uma
graça abundante onde abundará o pecado”.
É também chamado de “pecado inerente” (DE OLIVEIRA, 2004, p.4;
ANTUNES, 2021, p.15) devido ser a raiz interna de todos os pecados atuais,
porque se deriva de Adão e estar presente na vida de cada indivíduo desde o
momento do seu nascimento.
Ao tratar sobre do “vício hereditário” Ricoeur (2008) concorda com a
significação dada pelos pais da Igreja dizendo que o pecado havia passado
para a humanidade através de Adão e não somente “uma imitação como
defendiam os Pelegianos”, destacando a “culpalidade original” inclusive das
crianças mesmo no ventre da mãe sem ainda conhecer o certo ou o errado
RICOEUR (2008, p.3).
Os pais da Igreja grega diziam que há uma corrupção física na raça
humana proveniente de Adão, uma privação da graça divina (VILAR, 1968)
devido ao mal uso da liberdade, ou “drama da fragilidade humana” (MARTINS,
2015, p.201), porém isto não envolve culpa como propõe Cunha (2003) nem
questão sexual (ELIADE, 1984; PILLA, 2013; GATT, 2019), o que corresponde
a uma diferenciação feita no livro de Levítico ao separar o conceito de
propiciação pelo sacrifício de expiacão de pecado e o de propiciação pelo
sacrifício de expiacão de culpa (ou existência de culpa).
Segundo Iwashita (2005) a Igreja Católica, uma antiga igreja cristã,
assim ainda é ensinada nos catecismos e estudos (HERRERA-GABLER, 2014)
que ele foi o primeiro pecado na terra. Com isso todos os descendentes de
Adão e Eva, exceto a Maria, que foi mãe de Jesus, vieram ao mundo com ele e
suas consequências. (Separar a “irmã” Maria é claramente um grande
equívoco!) Pois ela no livro de Lucas apresentou dois pombinhos como
expiação de pecado e não culpa. (Luc 2.24) O sacrifício era para a mãe ou
para o filho? Certamente era para a mãe e um dos motivos era o fluxo de
sangue (“Todo homem que tiver fluxo a sua carne está imundo”).
No livro de Levítico no capítulo 12 isto é explicado melhor: “Se
uma mulher conceber,..., será imunda sete dias”. Para a criança a lei não pede
nada? Não. Então, por quê? Se tivesse pecado aos olhos de Deus, seria
pedido o sacrifício de expiação de pecado ao nascer. Não tem pecado, mas
também não tem vida, a vida espiritual. E, concluindo esta parte, fica claro
biblicamente que Deus não imputou pecado, e ainda no caso de Jacó e Esaú,
no ventre de sua mãe, a palavra diz que não tiveram pecado e sim por eleição
foi dito que o maior serviria o menor (Rm 9.12)
Ainda existem polêmicas sobre este assunto como destacam Meis
Wörmer (1993) e Da Silva (2009). Inclusive, e, historicamente, foi motivo de
cismas, com o Pelagianismo e a religião natural negando o pecado original e o
Molinismo que pregava a não destruição da liberdade da vontade (TEIXEIRA,
2018), possíveis heresias e divisões entre os cristãos desde os séculos iniciais
do cristianismo, além de “visões” divergentes de antropólogos, psicanalistas e
outros sobre o seu real significado.
Neste tópico estaremos discorrendo sobre a premissa bíblica, a bíblia
pela bíblia, apenas. Apenas?! Mas, e a Bíblia, o que diz? E tentando responder
o questionamento estaremos discorrendo sobre o assunto, com diversos
olhares bíblicos e com homogeinidade exegética, como bem explicam os
hermeneutas, que a Palavra deve sempre trazer luz à Palavra!
Bem, como um dever de consciência e verdade pessoal, já tendo
discorrido outras opiniões, gostaríamos de apresentar uma interpretação,
supondo ser a mais próxima da veracidade bíblica. Para isso, discorreremos no
livro sagrado: no livro do Gênesis, no capítulo 3, os primeiros seres humanos e
antepassados da humanidade, Adão e Eva, foram advertidos por Deus de que,
se comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, no mesmo
dia morreriam, o que fizeram tendo sido instigados pela serpente, tendo Eva
aceitado a instigação primeiro e oferecido à fruta a Adão, que aceitou. No
entanto continuaram vivos, apesar da expulsão do Jardim do Éden, então
parece razoável entender que Deus estava falando de outro tipo de morte, a
morte espiritual, que Guerra (2020, p.195) trata como “a consequência mais
dura foi o rompimento da relação entre deus e a humanidade”.
Isso é salientado fortemente também no Novo Testamento: o apóstolo
Paulo descreve o estado dos cristãos na Epístola aos Efésios, no capítulo 2,
antes da conversão como aqueles que estavam “mortos em ofensas e
pecados”, já na primeira epístola ao seu filho na fé, Timóteo, no capítulo 5, ele
declara: “Mas a que vive em deleites, vivendo está morta” e o próprio Cristo
coloca isso claramente também no evangelho segundo Mateus, no capítulo 8,
“Deixa os mortos sepultar os seus mortos”. Então, não foi alterada a
constituição humana, pois, embora o homem não regenerado esteja
fisicamente vivo, ele está morto aos olhos de Deus.
Posteriormente, na epístola aos Romanos, no capítulo 5, há o seguinte
texto no qual, não é devidamente interpretado, pois ao contrário do que está
escrito, gerou muitas convicções equivocadas: “Portanto, como por um homem
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também
a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” O que passou
a todos os homens? Foi o pecado? Não, segundo o texto bíblico foi a
morte, morte espiritual. Assim, a humanidade não está contaminada nem
manchada pelo pecado origina, pois a herança recebida foi morte e não
pecado...
Então, nascendo morto espiritualmente, isto é, separado de Deus,
vivendo só na carne e sem o auxílio divino conforme está escrito: “... Andai em
Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 1.6), só nos resta
abundarmos dos frutos da carne, e assim pecar e continuar pecando. , “... por
isso que todos pecaram.” (Rm 5.12) Assim, concluindo este raciocínio e
respondendo a Gatt (2020), nós não somos herdeiros do pecado original, e,
sim da “morte original” e nascemos fisicamente afastados do Eterno.
Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e
honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se
realiza no cristão à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua
vida de tal maneira que ele subjugue as obras da carne, e ande em comunhão
com Deus (Rm 8.5-14).
Assim, para apenas “não se impor a questão do pecado original, apenas
por razões empíricas” (O'CALLAGHAN, 2014, p.162) e/ou dogmáticas, como a
causa do mal (DE GODOY, 2016), entre outras, não se observando com
precisão as orientações bíblicas, proponho ao teológico cristão uma
reconsideração do conceito de pecado original.
Então, biblicamente, baseado não na tradição ou no dogma, mas apenas
nas Escrituras, há pecados sem culpa e pecados com culpa. Quando se peca
com consciência, entendimento, então há culpa e os defensores dessa ideia
proclamam que o homem nasce já em pecado e, assim, necessita da graça
redentora de Cristo, sim necessitam, mas é para ter vida espiritual, pois
biblicamente nascem mortos espiritualmente.
Proponho assim uma nova reinterpretação de pecado original assim,
concluindo e entendendo ser mais adequado, que se mudasse o tema tão
conhecido e polemizado de “pecado original” para morte original, pois
considero mais preciso biblicamente, ou ainda, para tendência original ou
inclinação para pecar.
As setenta semanas de Daniel
A visão registrada por Daniel no texto em epígrafe é de grande
importância para o estudo da escatologia bíblica. Nesta passagem encontra-se
uma revelação feita por Deus ao profeta sobre um tempo determinado para a
realização de todos os Seus desígnios em relação ao Seu povo. Trata-se de
uma palavra abrangente, que começa a se cumprir ainda antes de Cristo,
estende-se por toda a era cristã e completa-se apenas na consumação deste
mundo.
Tudo começa quando Daniel entende, lendo e refletindo sobre as
Escrituras, que o tempo determinado por Deus para a duração do cativeiro do
Seu povo na Babilônia seria de setenta anos (Jr 25.11-12; 29.10). Aquele era o
primeiro ano de Dario, o medo. O império babilônico já havia passado, e estava
para se cumprir o tempo determinado por Deus através de Jeremias. Isto levou
o profeta Daniel a buscar ao Senhor “com oração, e rogos, e jejum, e pano de
saco, e cinza” (v. 3), ou seja, apoiado nas misericórdias e na fidelidade do
próprio Deus, para que Ele operasse, segundo a Sua palavra, a libertação e
restauração do Seu povo.
Em resposta à oração do profeta, o anjo Gabriel é enviado para instruir
Daniel sobre um novo período de tempo, nunca antes citado – não mais de
setenta anos, mas setenta semanas. Literalmente, setenta vezes sete (uma
semana equivalendo a sete dias). E assim como os setenta anos, já passados,
foram suficientes para a realização do propósito de Deus quanto ao cativeiro de
Israel na Babilônia (cf. 2 Cr 36.21), agora esse tempo de setenta semanas
seria absolutamente perfeito e suficiente para a realização de propósitos
divinos ainda mais elevados e abrangentes.
Vários objetivos são propostos para esse novo período de tempo
determinado por Deus. Todos eles se relacionam com a redenção e felicidade
eterna dos santos, de modo que, no cumprimento de todo o propósito das
setenta semanas, o povo de Deus terá alcançado a plenitude de tudo quanto
Deus havia prometido antes por boca de outros profetas. Portanto, esta visão
abrange um período de tempo muito mais amplo do que a contagem literal de
setenta semanas poderia sugerir, sendo um tempo do conhecimento exclusivo
de Deus – a expressão “setenta semanas” apenas indicando simbolicamente
sua perfeição e completude para o cumprimento dos desígnios divinos (cf. 2 Pe
3.8).
Embora se trate de um período cuja duração de tempo exata é do
conhecimento exclusivo de Deus, o avanço das setenta semanas é assinalado
por eventos que são claramente identificáveis nas Escrituras e na História.
Podemos analisar esses eventos, revelados na própria visão, em dois períodos
principais: o primeiro, nas primeiras “sessenta e nova semanas”, e o segundo,
na última “semana”.
O marco inicial das setenta semanas, e do seu primeiro período,
peculiarmente descrito como “sete semanas, e sessenta e duas semanas”, se
dá no reinado de Ciro, o persa, por volta de 445 a.C., quando foi dada a “ordem
para restaurar e reedificar Jerusalém” (2 Cr 36.22-23; Ed 1.1-3; cf. Is 44.24-28;
45.1, 13). No período pós-cativeiro, aconteceu a reconstrução do Templo e da
cidade de Jerusalém, mas, como diz a profecia, em “dias angustiosos”.
Conforme registrado nos livros de Esdras e Neemias, a obra de restauração
esteve sob constante ameaça dos inimigos vizinhos, chegando até a ser
interrompida por influência destes. E os próprios israelitas viram-se novamente
sujeitos às fraquezas e infidelidades de seus antepassados, como nos revelam
os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias.
Esse período se estende até a chegada do Messias, o Príncipe – isto é,
Jesus Cristo. Neste ponto da história, o tempo avançou sessenta e nove
semanas no “relógio” divino, restando tão somente uma semana para a
conclusão dos desígnios de Deus para o Seu povo na terra. Quer dizer que,
desde a manifestação do Senhor Jesus em carne, há aproximadamente 2000
anos, até o fim, transcorre apenas uma semana na visão de Deus.
O período final é de apenas uma semana. Mas, atenção, pois aqui
ocorre uma repartição na septuagésima e última semana em dois novos
períodos de meia semana cada. Os versos em relevo destacam os eventos que
devem suceder tanto na primeira como na segunda metade desta última
semana.
Em primeiro lugar, é dito no verso 26 que o Messias “será tirado, e não
será mais”. Isto se refere a Jesus sendo rejeitado e morto pelos judeus (Is 53.8;
Jo 1.10) e, pela Sua ressurreição e ascensão, deixando este mundo e voltando
para o Pai (Lc 9.22; Jo 14.19). O verso 27 afirma também, ainda em relação ao
Messias, que Ele “firmará um concerto com muitos” – uma clara referência ao
Concerto da salvação eterna (“por uma semana” – sete tempos), selada no Seu
sangue para a remissão dos pecados de muitos – do Seu povo (Mt 1.21; 20.28;
26.26-28).
Voltando ao verso 26, ali é dito, na sequência da rejeição do Messias,
que “o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário”. O
povo aqui citado é o romano que, no ano 70 d.C., liderado pelo general Tito,
cercou Jerusalém com seus exércitos e arrasou a cidade e o Templo, não
deixando pedra sobre pedra (cf. Mt 24.2; Lc 21.20-24). O verso 27 volta a este
acontecimento, pela citação de que, no meio da semana, o Messias faria
“cessar o sacrifício e a oferta de manjares”. Isto se cumpre, primeiro, quando
Cristo, pelo sacrifício único e perfeito de Si mesmo, tornava inúteis e obsoletos
os sacrifícios e ofertas determinadas pela Lei (Hb 9.11-12; 10.1, 8-12). Mas,
para que cessasse de fato toda religiosidade judaica, o Templo foi destruído, e
nunca mais os judeus puderam realizar tais sacrifícios. A partir desse
acontecimento, transcorre a segunda metade da última semana.
Com o fim de toda a ordem mosaica baseada no Templo e na missão de
Israel como povo de Deus – fim esse assinalado pela destruição de Jerusalém
e do Templo, entramos no período final das setenta semanas. No verso 26,
lemos que “até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações” – que é
uma referência aos acontecimentos catastróficos e aflitivos que se abateriam
sobre as nações até o fim do mundo, como Jesus avisaria os Seus discípulos
(Mt 24.6-7). Observemos ainda, pelo verso 27, que esse é o tempo em que o
Assolador, isto é, o espírito do anticristo, se faz presente no mundo (Jo 14.30; 1
Jo 2.18; 4.3; 2 Ts 2.1-5), manifestando-se na multiplicação do engano e da
iniquidade (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-2; 2 Tm 3.1-4; 2 Ts 2.7, 9-12). Contudo, esse
período também inclui o derramar da ira de Deus sobre todo o sistema e poder
das trevas, com a destruição do próprio Assolador (cf. 2 Ts 2.7-8; Ap 20.10).
Enfim, os principais objetivos descritos no capítulo 9 de Daniel aqui
descritos nestas linhas foram: extinguir a transgressão; dar fim aos pecados;
expiar a iniquidade; trazer a justiça eterna; selar a visão e a profecia; ungir o
Santo dos Santos.
Inicialmente há um período destacado de sete semanas e 62 semanas
(as sessenta e nove semanas) tendo o seu início no reinado de Ciro, quando
foi dada a “ordem para restaurar e reedificar Jerusalém” e que iria até a
chegada do Messias, Jesus, e, então, até a vinda de Cristo são 69 semanas,
faltando apenas uma semana.
Nesse período final de uma semana é já a semana de número setenta; e
no verso 26 e depois o 27 separadamente. No verso vinte e seis é dito que
nesta última semana o Messias Jesus seria tirado e, mais, “o povo do príncipe
que há de vir, destruirá a cidade e o santuário” e “até o fim haverá guerra;
estão determinadas assolações”. Já o verso 27 traz mais detalhes desta
mesma última semana: o Messias “firmará um concerto com muitos por uma
semana”. E, agora, há uma repartição desta semana final ao dizer: “na metade
da semana fará cessar o sacrifício e a ofertas de manjares” e, ainda acontecerá
que “sobre a asa das abominações virá o assolador e isso até a consumação; e
o que está determinado será derramado sobre o assolador”. Enfim, o verso 27
primeiro refere-se ao concerto eterno (sete dias) que Jesus faz pela morte na
cruz e “com muitos”, com os creem em seu nome é o concerto da salvação
eterna, no perdão dos pecados pelo seu sangue.
O clímax das setentas semanas acontece a partir da metade da última
semana, os três e meio dias finais, quando, então, o Messias “faria cessar o
sacrifício e a oferta de manjares” cumpriu-se isto quando Cristo morto pelos
judeus tornava inútil os sacrifícios e ofertas determinadas pela lei e para que
cessasse de fato toda religiosidade vã definida pela lei é que foi destruído o
templo e a cidade de Jerusalém pelo “povo do príncipe que havia de vir” - os
romanos, que, no ano 70 aD, com seus exércitos, não deixou pedra sobre
pedra e desde então nunca mais se realizou tais rituais levíticos. Então de
Jesus morto até o fim dos tempos faltam apenas três dias e meio.
quinta-feira, 9 de maio de 2024
Sacrifício de expiação do pecado
Eram rituais de expiação específicos aos seguintes casos:
A – Pelos erros dos sacerdotes (cap. 4.1 a 12)
B – Pelos erros do povo (cap. 4.13 a 21)
C – Pelo erro do príncipe (cap. 4.22 a 26)
D – Pelo erro de uma pessoa do povo (cap. 4.27 a 35)
E – Por pecados diversos de alguma pessoa (cap. 5.1 a 13).
Estes sacrifícios eram para expiação de pecados por erros em que, parece-nos, não envolviam uma ação direta ou voluntária do pecador ou pelo pecado no seu aspecto geral. Consistiam no sacrifício de um substituto (novilho, bode, cabra, cordeira, duas rolas ou pombos, ou uma porção de farinha), que em alguns casos eram totalmente queimado (parte sobre o altar e parte fora do arraial) e casos em que parte era queimada sobre o altar e o restante pertencia ao sacerdote.
Pela distinção destes rituais observemos que quanto maior a responsabilidade (ou posição) do pecado, maior gravidade era atribuída à sua falha. Dos casos apresentados o Senhor aponta como mais graves o erro do sacerdote, ou seja, do que ministra (Tg. 3.1; Luc. 12.48)
Outro detalhe digno de nota é que a transgressão do ministro (que gera escândalo – cap. 4.3) e o erro de toda a congregação, devem ser expiados à porta da tenda da congregação (cap. 4.4 e 14; I Tm 5.2).
5 – Sacrifício de Expiação de Culpa (cap. 5.14 a 6.7 e cap. 7.1 a 10)
Este ritual era para expiação da transgressão por ignorância contra as coisas sagradas (5.15) e contra os mandamentos (5.17) ou por pecado voluntário (mentira, falso testemunho, outros – 6.2 e 3).
Consistia no sacrifício de um carneiro (Is 53.4 a 7), segundo o ritual do sacrifício em expiação pelo pecado (visto no item 4, acima).
6 – Oferta pela Consagração do Sumo-Sacerdote (cap. 6.19 a 23)
Era a oferta feita pelo sumo-sacerdote no dia de sua consagração (vs. 22). Constava da oferta de manjares, diferenciando no fato de ser determinada e de ser totalmente queimada sobre o altar. Cremos referir-se à entrega total ou dedicação total de Jesus ao seu ministério (Sl. 40.6).
Observações gerais:
Repetimos que os sacerdotes, em sombras e figuras, ministravam. Estavam descritos, nesta seção, vários rituais, sob diversos aspectos e formas, todos simbolizando a expiação, remissão, santificação que há em Jesus. Foram muitos símbolos usados, porque cada um, de per si, era insuficiente para bem apontar ou apresentar tudo o que é e fez por nós o Senhor Jesus. Ou seja, tudo o que a lei determinava é cumprido e toda a necessidade do pecador é suprida em um único sacrifício de Jesus (At 13.37 a 39; Rm 3.19 a 22; 8.1 a 4; I Co 1.30; Hb 7.25, 10.9 a 14).
Sacrifício Pacífico
Parece-nos que se apresentava em três modalidades: sacrifício pacífico, sacrifício pacífico de louvores e sacrifício pacífico por voto ou voluntário (cap. 7.11, 12 e 16). As duas últimas consistiam do mesmo cerimonial da primeira, acrescentando-se uma oferta de manjares e algumas prescrições específicas a cada caso (cap. 3.1, 6, 7 e 12), cujos órgãos, gordura e sangue eram queimados sobre o altar; o peito e a espádua direita eram do sacerdote e o restante do ofertante (cap. 7.28 a 36). Nesta oportunidade a Palavra frisa várias vezes a proibição de se comer o sangue e outras coisas consagradas ao Senhor. Cremos significar este sacrifício a expressão da comunhão entre Deus e o salvo. A nossa paz deve-se à morte redentora de Jesus (Is 53.5; Rm 5.1, 9 a 11; Lc 19.42; Jo 16.33; Ef 2.14).
Oferta de manjares
Era a oferta voluntária de cereais (em grãos, farinhas, etc.), a qual deveria ser acompanhada com azeite e incenso, mas sem fermento e mel. Observemos o azeite símbolo da unção do Espírito, enquanto o incenso, símbolo da oração, era todo destinado a Deus. Parte do cereal era queimada sobre o altar (chamada de memorial) e o restante era do sacerdote. Esta oferta é a do reconhecimento da bondade do Senhor e da gratidão pelo sustento da vida.
Ver ainda os versos I Tm 4.4 e 5; Rm 8.26; Ap. 5.8.
Ofertas ao Senhor: holocausto
Era o sacrifício oferecido pelo israelita para sua dedicação ao Senhor, através de seu substituto, um animal (macho das vacas ou ovelhas, rolinhas ou pombos), que era queimado por inteiro sobre o altar. Era também chamado oferta queimada de cheiro suave ao Senhor (vs. 17). Significava a entrega total e voluntária do ofertantes (vs. 4). Tipificava a entrega voluntária e total de Jesus, de amplitude eterna e nós nEle (Hb 7.24 a 28; 10.8 a 14). Esta entrega total (sem reservas) ao Senhor deve ser levada a efeito por todo o crente, conforme expresso acima e na segunda epístola aos coríntios e aos romanos (II Co 5.14 e 15 e Rm 12.1).
Como estudar os regulamentos do sacerdócio levítico
Assim, este pequeno estudo foi dividido em 11 seções e elas de igual forma subdivididas, de acordo com cada caso, em partes de acordo com os assuntos.
Na seção I são tratadas das ofertas ao Senhor e subdividida em 6 partes sendo descritos desde o holocausto até a oferta pela consagração do sumo-sacerdote. Em seguida, na Seção II será explicada a consagração do sacerdócio desde a consagração de Arão e seus filhos até a morte de Nadabe e Abiú. Após, na Seção III é analisada as leis relativas à purificação até a lei do fluxo.
A Seção IV é utilizada para examinar o dia da expiação e outras instruções sobre os sacrifícios. Já na Seção V são relatadas as advertências contra as abominações (cap. 18 a 20) e na Seção VI são descritas as instruções para os sacerdotes (cap. 21 e 22). Na seção VII são descritas as solenidades do Senhor (cap. 23) até a festa dos tabernáculos (vs. 33 a 44).
Na seção VIII é narrada a lei das Lâmpadas e dos pães da proposição (cap. 24) seguida pela seção IX que estuda o ano sabático e o ano do jubileu (cap. 25). A seção X descreve as bênçãos e maldições (cap. 26) e na seção XI é terminada esta análise com os votos particulares e a avaliação deles (cap. 27).
Deus é um
Através da convivência ou do modo de se relacionar com o Altíssimo é
quem vem às respostas para a pergunta: “Quem é Deus?”. Além dos sentidos que cada um pessoalmente exprime e atribui a Ele em seu trato próprio o Eterno, há ainda, vários outros encontrados na Palavra de Deus e uma das peculiaridades principais defendidas por estas linhas é a sua unicidade com o Filho Jesus e o Espírito Santo.
Ao iniciar estas primeiras linhas, por cuidado e conveniência, faz-se
necessária uma breve elucidação de um dos temas mais discutidos e cujos
teólogos são interpelados cotidianamente que é saber quem é Deus na Bíblia
pois concorda-se com a tese de Gehman (1957, p.12) na qual ele diz que a
Bíblia tem autoridade pois espelha a revelação do Altíssimo, isto é, Ele se
revela aos homens através dela, e, é, a única pela qual os dogmas devem ser
julgados, “a verdade infalível” para os cristãos.
Para Boff (2004, p.2) experimentar o transcendental é “sentir Deus com
a totalidade de nosso ser”, não sendo pensar nEle, nem falar dEle para os
outros, destacando a oportunidade/dever de toda a criatura usufruir do direito
de relacionamento com o Altíssimo pois “ele arde em nossos corações e em
nossa vida”, isto é, provar a Deus (DE FREITAS DA SILVA, CLAUDINEI
APARECIDO, 2017), e, uma das formas é através da Palavra e ela destaca o
ser superior como “Único” (Dt 6.4; 1 Co 8.6), o Todo-Poderoso (Gn 17.1; Ex
6.3), o Criador do céu e da terra (Gn 1.1), que se autodenomina “Eu Sou o Que
Sou” (Gn 20.14).
Alguns não se equivocam quando ao tentar entender o caráter eterno do
Senhor e que a morte física do homem-Jesus, não altera a sua divindade, pois
ressuscitou e vive para sempre? (CAVES,1996, p.96) e Mota (2012, p.897)
destaca que o pensamento ocidental sempre acreditou em Deus como o ser
original, uma definição que precisa ser alcançada pela inteligência humana, e,contrapõe a essa “imposição” de forma a negar e assim tentar compreender a
questão maior que é: “como advém Deus para nós?” (MOTA, 2012, p.914).
Há muitos estudiosos que não conseguem conceber a ideia de um Deus
amoroso, como a sua imagem construída no mundo, principalmente ocidental,
que classifica Deus como sujeito, sábio, único, a razão de toda a ciência,
eterno (TASSINARI 2015, p.331), mas também precisam ser respeitados em
suas visões particulares.
Por exemplo, o ceticismo aflora em Hilda Hilst, como destaca Coelho
(2005) que, ao tentar entender Deus, indo contra os atributos divinos da
onisciência, onipotência, etc. Para ela o Criador, que é explanado de forma
poética, configura-se em contrariedade ao entendimento cristão, como um ser
que “descansa”, não acompanha o desenrolar dos fatos históricos.
Contudo, Jeremias assim se expressou: “o Senhor Deus é a verdade”, “o
Deus Vivo”, “o Rei eterno” e “o Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr
10.10;16). À Moisés, Ele disse: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6). Os serafins louvaram a Deus por
sua perfeita santidade proclamando: “Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”
(Is 6.3).
Outra forma de percepção de Deus é quanto à nossa consciência? A lei
dEle está escrita nos corações humanos como proclama o autor do livro aos
Romanos e aos Hebreus (Rm 2.15; Hb 10.16) e em outra partes bíblicas com
assuntos correlacionados (Jr 31.33), por isso Artaud (1983) questiona como
acabar com a cobrança de nossa consciência quanto a um julgamento divino
por nossas ações?
No livro “Deus existe” de Flew (2008) há o relato de um filósofo ateu
contando as suas experiências particulares com Deus, destaca-se que ele era
um homem, segundo ele próprio dizia, que não acreditava em nada. O povo de
Israel aprendeu a “duras penas” (exílios) que não se pode colocar outros
deuses para adoração, mas os teólogos criam deuses imaginários?
Porém, o homem tendo conhecido a grandeza de Deus, não o
glorificaram como Deus e mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e
de répteis (Rm 1.21,23), criando “outros deuses ou ídolos” que “são prata e
ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas
não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram. Têm
mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua
garganta” (Sl 115.4-7). Jeremias afirmou que esses deuses são vaidade, obras
de enganos, uma mentira e não há espírito neles (Jr 10.14-15) e o apóstolo
Paulo aos Romanos diz que a “as coisas criadas” testifica de Deus (Rm 1.20).
Por fim, acata-se a sugestão de Pfandl (2005) diz que ao se deparar
com uma dificuldade de compreensão bíblica de qualquer assunto, faz-se
necessário dispor de uma análise mais harmoniosa possível com todo o
conteúdo da Palavra.
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