segunda-feira, 13 de maio de 2024

Bênçãos e maldições

O Senhor promete abençoar sob condição de Israel andar nos seus estatutos (vs. 1 a 13). E adverte sob maldição o negligenciar as suas ordenações (vs. 14 a 46). Observemos que os versos 28 a 39 tiveram cumprimento no cativeiro babilônico e, mais tarde, outra vez, na destruição de Jerusalém pelos romanos.

O ano sabático e o ano do jubileu

O ano sabático era cada sétimo ano, quando então dava-se descanso à terra (vs. 1 a 7). Não se plantava nem se colhia; Deus prometeu dar fartura no ano 6º para suprir o necesário nos anos sétimo e oitavo (vs. 20 a 22). O ano do jubileu era celebrado de cinquenta em cinquenta anos a começar do dia da expiação (vs. 8 a 55), quando se proclamava liberdade na terra a todos os seus moradores. Todos os escravos hebreus eram postos em liberdade e todas as propriedades eram restituídas aos seus donos primitivos. Foi esse o ano que Jesus proclamou, como “ano aceitável do Senhor”. É este tempo em que, pelo Evangelho, se anuncia a salvação. Ver Is 61; Lc 4.19; II Co 6.2.

Festa dos Tabernáculos

Comemorava os dias em que Israel habitou em tendas, quando saiu do Egito (vs. 43; Ne 8.13 a 18).

Festas das trombetas

Dia de descanso e júbilo. Os judeus comemoravam este dia como “o dia do ano novo”(Is 27.13; Ap 11.15).

Solenidade das semanas – o Pentecostes

Pentecostes significa “cinquenta”; no quinquagésimo dia, bolos feitos do que fora colhido no campo eram apresentados ao Senhor. Tudo indica ser a apresentação aoa Senhor das almas colhidas pelo Evangelho, as quais recebem o derramamento do Espírito. (At 2.1 a 4; Ap 14. Vs. 158 e 16).

Lei da mulher após o parto

Isto está relacionado com o sangue e a vida e o pecado da humanidade (Rm 5.12; Sl 51.5) e não com a concepção em si, pelo que, observemos, da criança não se exige expiação pelo pecado, nem pelo suposto “pecado original” e sim a circuncisão, que a inclui no concerto de Abraão.

Nadabe e Abiú morrem perante o Senhor

A queima do incenso era ordem dada a Arão (sumo-sacerdote) e deveria ser feita pela manhã e à tarde (Ex. 30.7 a 9). Não cabia tal coisa a seus filhos e ainda trouxeram fogo estranho (o fogo da queima do incenso era tirado do altar do holocausto (Lv 16.12; Ap 8.5).

Início do Ofício Sacerdotal

Após a reclusão de sete dias, com o que encerrou o Capítulo 8, Arão passa oficialmente a exercer o seu sacerdócio. Inicia realizando sacrifícios em seu próprio favor (cf Hb 7.26 a 28). Assim oferece sacrifício de expiação pelo pecado e o holocausto (vs. 12 a 14). A seguir ministra em favor do povo: sacrifício de expiação do pecado (vs. 15), holocausto (vs. 16), oferta de manjares (vs. 17), sacrifício pacífico (vs. 18 a 21) e depois os abençoa (vs. 22 e 23).

A Consagração de Arão e seus Filhos

A consagração consistiu da lavagem com água de Arão e seus filhos, o vestir das vestes santas, a unção de Arão, o sacrifício de expiação do pecado, do holocausto, do sacrifício pacífico (da consagração), da aspersão do sangue e da separação por sete dias. Quem ministrou a consagração de Arão foi Moisés, isto denota uma ordem sacerdotal superior ao sacerdócio levítico, assim como foi superior Melquizedeque e Abrão. Nisto fala-se do sacerdócio de Jesus (At 3.22; Hb 3.1 a 6; 5.5 e 6; 7.1 a 12), que é superior à lei. Pelo exposto neste capítulo e em especial nos versos 10 e 12, parece-nos que este acontecimento se deu quando Moisés levantou o tabernáculo (Ex 40.9 a 13).

Oferta pela Consagração do Sumo-Sacerdote

Era a oferta feita pelo sumo-sacerdote no dia de sua consagração (vs. 22). Constava da oferta de manjares, diferenciando no fato de ser determinada e de ser totalmente queimada sobre o altar. Cremos referir-se à entrega total ou dedicação total de Jesus ao seu ministério (Sl. 40.6).

sexta-feira, 10 de maio de 2024

O ministério do profeta Jeremias

Há uma alienação na compreensão do significado da palavra ministério devido à comparação com hierarquia eclesiástica, mas ministério não tem nada a ver com isso, não está circuncidado apenas à organização da comunidade cristã local, o entendimento deve ser aumentado no sentido mais radical da palavra, na essência. Essa alienação não é boa... A Palavra diz que Deus dá dons aos homens, e, é verdade que há dons naturais e espirituais – toda a boa dádiva vem d’Ele. Discuto aqui inicialmente a questão dos dons espirituais por intentar tratar sobre ministério eclesiástico, então e por isso, parto da ideia de dons espirituais que são distribuídos para aquilo que o discípulo cristão for útil como destaca o apóstolo Paulo aos Coríntios. Aqui tem que ser tratada outro assunto importante que é a chamada, pois ela tem a ver com o dom que o Eterno distribui segundo a sua presciência e soberania de forma liberal e não fica fazendo cobranças indevidas e fora de tempo, mas é certo que Ele requererá o que foi feito com o dom como relatada nos Evangelhos, mais especificamente nas parábolas do reino de Deus. A incompreensão a meu ver vem do fato que a palavra ministério tem sido utilizada de forma inconveniente ou incompleta para descrever o desempenho de um cargo eclesiástico ou pertencer a um (a) grupo/organização religiosa. Mas, não é só isso, ou esse entendimento, então por isso ministério aqui é tratado como a constância em trabalhar no reino de Deus com o dom que Ele nos deu. Como já descrito e comentado anteriormente, Deus deu a Jeremias o dom da profecia através de uma chamada pessoal e aqui neste tópico estaremos destacando algumas peculiaridades dessa incumbência. Jeremias, “Jeová é elevado” era um levita, filho de um sacerdote e morava em Anatote, na tribo de Benjamim. Profetizou no tempo do rei Josias de Judá até o ano 12 do rei Zedequias com Jerusalém indo cativo para a Babilônia por mão de Nabucodonosor, sendo o profeta poupado com vida e com sua liberdade concedida, por cerca de 40 anos. Em sua chamada o Altíssimo lhe instrui que ele “foi santificado e dado às nações por profeta” (Jr 1.5) e “ponho-te neste dia sobre nações e reinos” (Jr 1.10) num tempo de juízo holístico executado pelo Eterno, sendo claramente anunciada uma visitação do Eterno a toda a terra (ROSSI, 2018). Ele orienta que o “mal viria no norte sobre os habitantes da terra” (Jr 4.6) e “te entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia” (Jr 22.25) contra Judá (lembrando que Israel já tinha sido destruído pela Assíria), mas também contra todos os países daquela época como descrito no verso 12 do capítulo 12 do livro do profeta Jeremias” a espada do Senhor devora desde um extremo até outro extremo da terra; não há paz para nenhuma carne”. Talvez aqui esteja o cerne de sua chamada! Foram julgadas por Deus as nações do Egito (Jr 46), Filisteus (Jr 47), Moabe (Jr 48), Amom (Jr 49.1-6), Edom (Jr 49.7-22), Damasco (Jr 49.23-27), Arábia (Jr 49.28-39) e, até, por fim, a própria Babilônia (Jr 50 e 51). O profeta foi escolhido para essa missão antes mesmo de se formar no ventre de sua mãe (Jr 1.5) e apesar dele não se achar eloquente ou capaz para a tarefa na qual estava sendo designado como Davi e Salomão também assim se exprimiram (Jr 1.6), o Senhor diz a ele para não temer diante de ninguém, pois, Ele o livraria (Jr 1.8). Ainda foi lhe dada uma visão de uma vara de amendoeira (Jr 1.11) cuja explicação o próprio Senhor lhe dá: “eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (FERREIRA, 2007). Através de outra visão inicial Deus fala ao profeta que do Norte viria o mal sobre todas as nações, com uma panela fervendo para a banda do norte (Jr 1.13-15), lembrando ser uma nova nação se levantando para juízo contra o povo escolhido, pois a Assíria, também do norte, tinha destruído as tribos de Israel. Aquele que se considerava incapaz para esta tão significante tarefa, seria colocado como “cidade forte”, “coluna de ferro”, “muros de bronze” contra toda a terra e pelejariam contra ele, mas sem prevalecer (Jr 1.17-19). Destacaremos então a seguir as principais ações do ministério do profeta Jeremias, a meu ver, com semelhanças com o período atual, num tempo de juízo para toda a terra, agora através da pandemia. O Senhor está trabalhando! Como já discutido na introdução, ratifico aqui a ideia de que ministério tem relação intima com o dom e a chamada, e, é a constância em servir ao Eterno através do dom recebido com a ferramenta que tem o dom ficando, através da comunhão com o Altíssimo, mais eficaz/eficiente em sua tarefa espiritual, mostrando ou abrindo campo par uma nova discussão, agora já no Novo testamento sobre a importância dos frutos ou como alguns estudiosos gostam de declamar, fruto do Espírito muito bem explicado pelo apóstolo Paulo aos Gálatas. Inicialmente Jeremias profetiza sobre a ingratidão do povo que Ele tinha tirado cativo do Egito (Jr 2.6) e o Senhor diz que entraria em contenda contra eles (Jr 2.9) e os questiona o desvio dEle “Houve alguma nação que que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito” (Jr 2.11) e complementa ainda, que eles estavam numa situação como um ladrão pego em flagrante (Jr 2.26) e que no aperto Ele seria procurado e responderia para procurarem os deuses que eles adoravam (Jr 2.27-28). O Juiz de toda a terra propõe ainda uma reconciliação ao seu povo fazendo a comparação com uma mulher infiel que foi despedida de seu marido, mas o Senhor disse que ainda a receberia, trazendo um modelo de casamento que deve ser mantido pela misericórdia e perdão (Jr 3.1-25). O Espírito o constrange a lamentar tanto desvios e obstinações, como que ouvindo a buzina tocando e a destruição chegando como correção: “Ah! Entranhas minhas, entranhas minhas! Estou ferido no meu coração! O meu coração ruge; não me posso calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra” (Jr 4.19). Na aparência do povo que habitava em Jerusalém parecia que estava tudo bem. Contudo, confiavam no templo e sua religiosidade cotidiana pensando que por isso não aconteceria nada de mal a eles, então o profeta Jeremias na porta do templo exorta o povo ao arrependimento e os adverte o que tinha sucedido a Siló por causa da maldade de Israel com a arca levada para a terra dos filisteus, ficando sem adorar ao Eterno por muitos anos e reconstituído por Davi (Jr 7.1-14). Destaco agora, algumas pessoas que o acompanharam em seu ministério e tiveram palavras do Senhor de recompensas. Um dos casos foi Baruque que escrevia as suas palavras num livro (Jr 36.17) sendo admoestado por “procurar grandezas” (Jr 45.5), porém abençoado pelo Eterno: “darei a tua alma como despojo, em todos os lugares para onde fores” (de Aguiar, 1997) e o outro foi o etíope Ebede Meleque ao interceder por ele ao rei Zedequias (Jr 38.8) o ajudou em um momento difícil, tirando-o do calabouço antes que morresse sendo também alcançado pela misericórdia do Altíssimo, conforme estas palavras: “mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor” (Jr 39.18). Conforme relata Santiago (2019) o povo que estava em Judá tinha se envolvido no culto a vários deuses como destaca Amaral (2015) e o profeta Jeremias exorta a “não aprender os caminhos das nações, porque é vaidade; pois corta do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice com machado” (Jr 10.1-2) incentivando o retorno ao “Deus vivo e rei Eterno” (Jr 10.10) e chamando as imagens de escultura de “mentira”, “não há espírito nelas” (Jr10. 14), “vaidade são, e obra de enganos” (Jr 10.15). No capítulo 13 de seu livro, o profeta Jeremias mostra-se muito obediente, submisso ao Senhor, cumprindo uma ordem divina de comprar um cinto de linho e colocando-o sobre os seus lombos escondeu perto do rio Eufrates, sendo realçada a sua prontidão e disponibilidade ao executar uma nova determinação sem questionamentos do Eterno para ir ao Eufrates e enterrá-lo em uma fenda de uma rocha. Depois de muitos dias, o Altíssimo manda Jeremias buscá-lo, e, ele estava apodrecido e para mais nada prestava. Veio então a Palavra dEle revelando que o seu povo estava desviado, soberbo e duro de coração, não ouvindo mais as Suas Palavras. Descrevo nestas poucas linhas de igual forma algumas dificuldades, rejeição, perseguições enfrentadas pelo profeta Jeremias durante o seu ministério devido a sua mensagem como a conspiração em Anatote (Jr 11.21), foi ferido e colocado no cepo pelo sacerdote Pasur (Jr 20.1), tentativa de morte por sacerdotes, príncipes, profetas e pelo povo ao profetizar no átrio da casa do Senhor (Jr 26.1-8), foi ferido/preso pelos príncipes durante o reinado de Zedequias (Jr 37.13-15) e lançado no calabouço de Malquias (Jr 38.6), entre outras relatadas em seu livro. Entretanto, ressalta-se que o mensageiro do Eterno era muito bem conhecido no império caldeu, pois o próprio rei Nabucodonosor dá ordens a seu respeito para o general do exército, isso será comentado posteriormente. Apesar de toda dificuldade e perseguições o profeta ainda intercede pelo povo (Jr 14.10)sendo orientado para não rogar pelo bem do povo, pois que “tanto amaram o afastar-se e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles, mas agora se lembrará da maldade deles e visitará os seus pecados” mostrando que sobre eles não viriam boas coisas. Deus ainda acrescenta a informação de que mesmo que outros servos fiéis de tempos antigos clamassem pelo povo, Ele ainda assim não os ouviriam: “Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo” (Jr 15.1). O profeta adverte reiteradamente ao povo de Judá a não confiar em possíveis livramentos humanos: “maldito aquele que confia no homem porque será como a tamargueira no deserto” (Jr 17.5-6), mas feliz “aquele que confia no Senhor porque será como a árvore plantada junto às águas” (Jr 17.7-8). Já em obediência à ordem divina Jeremias vai à casa do oleiro e viu um vaso ser quebrado e refeito novamente. Toda a nação de Judá era como um vaso de barro em Sua mão e o Senhor muito mais facilmente faria ao seu povo o seu querer (Jr 18.1-6). Entretanto, em continuação, é mostrada uma mensagem de forma simbólica e contrária uma comparação de uma botija de oleiro quebrada, agora uma quebra sem restituição: “deste modo quebrarei o povo desta cidade” (Jr 19. 11). Jeremias orienta de forma explícita ao povo a sair e se render aos caldeus, pois, assim,viveriam e teriam a sua vida como despojo, porque o Senhor tinha “posto o seu rosto contra aquela cidade e a entregaria na mão de Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Jr21.10), sendo comparados a figos bons (Jr 24). No capítulo 35 há o relato de um fato muito interessante e instrutivo registrado no livro do profeta Jeremias. Uma ordem divina no verso 2 para o profeta: “Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do SENHOR, a uma das câmaras e dá-lhes vinho a beber.” A resposta deles: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos “ (Jr 35.6). Faz-se necessário recordar do Antigo Testamento que o nazireu não podia beber vinho ou bebida forte e Deus disse para Arão que ele e seus filhos não beberiam vinho nem bebida forte, quando entrassem na tenda da congregação. A recompensa deles por sua obediência a Jonadabe, seu pai, é que teriam uma descendência abençoada por Deus e nunca faltaria de sua família alguém que assistisse perante o Senhor. Nestas palavras finais considero adequado e oportuno tratar das semelhanças do tempo vivido por Jeremias e o momento atual no qual o mundo globalizado na qual a população mundial em sua maioria vive em aglomerações humanas, chamada de metrópoles ou regiões metropolitas com uma enorme concentração no espaço, e, de maneira sutil ou não, está sob a influência de um vírus com grande transmissibilidade e quebrando de certa forma todo esse ajuntamento produzindo uma nova confusão e espraiamento como aconteceu na confusão das línguas em Babel. Destaco a seguir, três questionamentos para nossa época. Em primeiro lugar há claramente um juízo sobre toda a terra pandemizada, e, é prudente atentar para o que destaca o profeta Joel: “veja a espada e quem a enviou” como foi no tempo de Jeremias que a orientação divina era para se entregar aos caldeus. Agora, qual é a direção do Altíssimo? Em segundo lugar, a Igreja encontra-se com sua militância mais envolvida com a política do que com a Palavra e o Evangelismo. Então este juízo é certamente e de igual forma uma chamada para a conversão do cristianismo. O que, como Igreja, no conceito do apóstolo Pedro (pedras vivas) precisa ser melhorado no particular de cada discípulo? Por último, como não nenhum país com hegemonia internacional, nem haverá, a Organização das Nações Unidas - ONU tem procurado atender aos interesses das grandes corporações e mostra, junto com alguns países, um grande desinteresse com as pessoas e suas necessidades básicas de trabalho, saúde, etc. A ONU não seria a besta destacada no Apocalipse que vai contra o interesse das pessoas e a favor da orientação do Anticristo?

Proposta de reinterpretação da ideia do pecado original

Há um entendimento no meio cristão e entre os estudiosos da Bíblia que o pecado cometido por Adão foi passado para todos os homens não levando em consideração algumas passagens bíblicas como: “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4). O pecado original é um assunto bastante comentado e há várias controvérsias como bem explana, entre outros objetivos, com a pretensão de explicar sobre o possível impedimento espiritual e moral, sob o qual os homens nascem. Na verdade bíblica há uma “desobediência original” de Adão ao comer da árvore da ciência do bem e do mal através da ilusão da mulher – Eva, pela serpente contrapondo as ordens divinas que primeiramente come o fruto e depois leva para o marido. O pecado traz a morte e o homem nasce agora afastado de Deus, necessitando de reconciliação. É certo que o homem foi criado com a vocação de ser filho de Deus isso sendo alcançado pela comunhão com o Criador e o consequente aprimoramento dos frutos do Espírito. Entretanto, Aparicio-Gómez (2000, p.4) entende que com a doutrina do pecado original, muitas vezes a invenção é atribuída a Agostinho (LAMELAS, 2012, p.55), a fé cristã tenta destacar duas coisas: “a validade de um fator supra pessoal, que distorce a relação homem-Deus; e a presença de uma graça abundante onde abundará o pecado”. É também chamado de “pecado inerente” (DE OLIVEIRA, 2004, p.4; ANTUNES, 2021, p.15) devido ser a raiz interna de todos os pecados atuais, porque se deriva de Adão e estar presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento. Ao tratar sobre do “vício hereditário” Ricoeur (2008) concorda com a significação dada pelos pais da Igreja dizendo que o pecado havia passado para a humanidade através de Adão e não somente “uma imitação como defendiam os Pelegianos”, destacando a “culpalidade original” inclusive das crianças mesmo no ventre da mãe sem ainda conhecer o certo ou o errado RICOEUR (2008, p.3). Os pais da Igreja grega diziam que há uma corrupção física na raça humana proveniente de Adão, uma privação da graça divina (VILAR, 1968) devido ao mal uso da liberdade, ou “drama da fragilidade humana” (MARTINS, 2015, p.201), porém isto não envolve culpa como propõe Cunha (2003) nem questão sexual (ELIADE, 1984; PILLA, 2013; GATT, 2019), o que corresponde a uma diferenciação feita no livro de Levítico ao separar o conceito de propiciação pelo sacrifício de expiacão de pecado e o de propiciação pelo sacrifício de expiacão de culpa (ou existência de culpa). Segundo Iwashita (2005) a Igreja Católica, uma antiga igreja cristã, assim ainda é ensinada nos catecismos e estudos (HERRERA-GABLER, 2014) que ele foi o primeiro pecado na terra. Com isso todos os descendentes de Adão e Eva, exceto a Maria, que foi mãe de Jesus, vieram ao mundo com ele e suas consequências. (Separar a “irmã” Maria é claramente um grande equívoco!) Pois ela no livro de Lucas apresentou dois pombinhos como expiação de pecado e não culpa. (Luc 2.24) O sacrifício era para a mãe ou para o filho? Certamente era para a mãe e um dos motivos era o fluxo de sangue (“Todo homem que tiver fluxo a sua carne está imundo”). No livro de Levítico no capítulo 12 isto é explicado melhor: “Se uma mulher conceber,..., será imunda sete dias”. Para a criança a lei não pede nada? Não. Então, por quê? Se tivesse pecado aos olhos de Deus, seria pedido o sacrifício de expiação de pecado ao nascer. Não tem pecado, mas também não tem vida, a vida espiritual. E, concluindo esta parte, fica claro biblicamente que Deus não imputou pecado, e ainda no caso de Jacó e Esaú, no ventre de sua mãe, a palavra diz que não tiveram pecado e sim por eleição foi dito que o maior serviria o menor (Rm 9.12) Ainda existem polêmicas sobre este assunto como destacam Meis Wörmer (1993) e Da Silva (2009). Inclusive, e, historicamente, foi motivo de cismas, com o Pelagianismo e a religião natural negando o pecado original e o Molinismo que pregava a não destruição da liberdade da vontade (TEIXEIRA, 2018), possíveis heresias e divisões entre os cristãos desde os séculos iniciais do cristianismo, além de “visões” divergentes de antropólogos, psicanalistas e outros sobre o seu real significado. Neste tópico estaremos discorrendo sobre a premissa bíblica, a bíblia pela bíblia, apenas. Apenas?! Mas, e a Bíblia, o que diz? E tentando responder o questionamento estaremos discorrendo sobre o assunto, com diversos olhares bíblicos e com homogeinidade exegética, como bem explicam os hermeneutas, que a Palavra deve sempre trazer luz à Palavra! Bem, como um dever de consciência e verdade pessoal, já tendo discorrido outras opiniões, gostaríamos de apresentar uma interpretação, supondo ser a mais próxima da veracidade bíblica. Para isso, discorreremos no livro sagrado: no livro do Gênesis, no capítulo 3, os primeiros seres humanos e antepassados da humanidade, Adão e Eva, foram advertidos por Deus de que, se comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, no mesmo dia morreriam, o que fizeram tendo sido instigados pela serpente, tendo Eva aceitado a instigação primeiro e oferecido à fruta a Adão, que aceitou. No entanto continuaram vivos, apesar da expulsão do Jardim do Éden, então parece razoável entender que Deus estava falando de outro tipo de morte, a morte espiritual, que Guerra (2020, p.195) trata como “a consequência mais dura foi o rompimento da relação entre deus e a humanidade”. Isso é salientado fortemente também no Novo Testamento: o apóstolo Paulo descreve o estado dos cristãos na Epístola aos Efésios, no capítulo 2, antes da conversão como aqueles que estavam “mortos em ofensas e pecados”, já na primeira epístola ao seu filho na fé, Timóteo, no capítulo 5, ele declara: “Mas a que vive em deleites, vivendo está morta” e o próprio Cristo coloca isso claramente também no evangelho segundo Mateus, no capítulo 8, “Deixa os mortos sepultar os seus mortos”. Então, não foi alterada a constituição humana, pois, embora o homem não regenerado esteja fisicamente vivo, ele está morto aos olhos de Deus. Posteriormente, na epístola aos Romanos, no capítulo 5, há o seguinte texto no qual, não é devidamente interpretado, pois ao contrário do que está escrito, gerou muitas convicções equivocadas: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” O que passou a todos os homens? Foi o pecado? Não, segundo o texto bíblico foi a morte, morte espiritual. Assim, a humanidade não está contaminada nem manchada pelo pecado origina, pois a herança recebida foi morte e não pecado... Então, nascendo morto espiritualmente, isto é, separado de Deus, vivendo só na carne e sem o auxílio divino conforme está escrito: “... Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 1.6), só nos resta abundarmos dos frutos da carne, e assim pecar e continuar pecando. , “... por isso que todos pecaram.” (Rm 5.12) Assim, concluindo este raciocínio e respondendo a Gatt (2020), nós não somos herdeiros do pecado original, e, sim da “morte original” e nascemos fisicamente afastados do Eterno. Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no cristão à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele subjugue as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (Rm 8.5-14). Assim, para apenas “não se impor a questão do pecado original, apenas por razões empíricas” (O'CALLAGHAN, 2014, p.162) e/ou dogmáticas, como a causa do mal (DE GODOY, 2016), entre outras, não se observando com precisão as orientações bíblicas, proponho ao teológico cristão uma reconsideração do conceito de pecado original. Então, biblicamente, baseado não na tradição ou no dogma, mas apenas nas Escrituras, há pecados sem culpa e pecados com culpa. Quando se peca com consciência, entendimento, então há culpa e os defensores dessa ideia proclamam que o homem nasce já em pecado e, assim, necessita da graça redentora de Cristo, sim necessitam, mas é para ter vida espiritual, pois biblicamente nascem mortos espiritualmente. Proponho assim uma nova reinterpretação de pecado original assim, concluindo e entendendo ser mais adequado, que se mudasse o tema tão conhecido e polemizado de “pecado original” para morte original, pois considero mais preciso biblicamente, ou ainda, para tendência original ou inclinação para pecar.

As setenta semanas de Daniel

A visão registrada por Daniel no texto em epígrafe é de grande importância para o estudo da escatologia bíblica. Nesta passagem encontra-se uma revelação feita por Deus ao profeta sobre um tempo determinado para a realização de todos os Seus desígnios em relação ao Seu povo. Trata-se de uma palavra abrangente, que começa a se cumprir ainda antes de Cristo, estende-se por toda a era cristã e completa-se apenas na consumação deste mundo. Tudo começa quando Daniel entende, lendo e refletindo sobre as Escrituras, que o tempo determinado por Deus para a duração do cativeiro do Seu povo na Babilônia seria de setenta anos (Jr 25.11-12; 29.10). Aquele era o primeiro ano de Dario, o medo. O império babilônico já havia passado, e estava para se cumprir o tempo determinado por Deus através de Jeremias. Isto levou o profeta Daniel a buscar ao Senhor “com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza” (v. 3), ou seja, apoiado nas misericórdias e na fidelidade do próprio Deus, para que Ele operasse, segundo a Sua palavra, a libertação e restauração do Seu povo. Em resposta à oração do profeta, o anjo Gabriel é enviado para instruir Daniel sobre um novo período de tempo, nunca antes citado – não mais de setenta anos, mas setenta semanas. Literalmente, setenta vezes sete (uma semana equivalendo a sete dias). E assim como os setenta anos, já passados, foram suficientes para a realização do propósito de Deus quanto ao cativeiro de Israel na Babilônia (cf. 2 Cr 36.21), agora esse tempo de setenta semanas seria absolutamente perfeito e suficiente para a realização de propósitos divinos ainda mais elevados e abrangentes. Vários objetivos são propostos para esse novo período de tempo determinado por Deus. Todos eles se relacionam com a redenção e felicidade eterna dos santos, de modo que, no cumprimento de todo o propósito das setenta semanas, o povo de Deus terá alcançado a plenitude de tudo quanto Deus havia prometido antes por boca de outros profetas. Portanto, esta visão abrange um período de tempo muito mais amplo do que a contagem literal de setenta semanas poderia sugerir, sendo um tempo do conhecimento exclusivo de Deus – a expressão “setenta semanas” apenas indicando simbolicamente sua perfeição e completude para o cumprimento dos desígnios divinos (cf. 2 Pe 3.8). Embora se trate de um período cuja duração de tempo exata é do conhecimento exclusivo de Deus, o avanço das setenta semanas é assinalado por eventos que são claramente identificáveis nas Escrituras e na História. Podemos analisar esses eventos, revelados na própria visão, em dois períodos principais: o primeiro, nas primeiras “sessenta e nova semanas”, e o segundo, na última “semana”. O marco inicial das setenta semanas, e do seu primeiro período, peculiarmente descrito como “sete semanas, e sessenta e duas semanas”, se dá no reinado de Ciro, o persa, por volta de 445 a.C., quando foi dada a “ordem para restaurar e reedificar Jerusalém” (2 Cr 36.22-23; Ed 1.1-3; cf. Is 44.24-28; 45.1, 13). No período pós-cativeiro, aconteceu a reconstrução do Templo e da cidade de Jerusalém, mas, como diz a profecia, em “dias angustiosos”. Conforme registrado nos livros de Esdras e Neemias, a obra de restauração esteve sob constante ameaça dos inimigos vizinhos, chegando até a ser interrompida por influência destes. E os próprios israelitas viram-se novamente sujeitos às fraquezas e infidelidades de seus antepassados, como nos revelam os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse período se estende até a chegada do Messias, o Príncipe – isto é, Jesus Cristo. Neste ponto da história, o tempo avançou sessenta e nove semanas no “relógio” divino, restando tão somente uma semana para a conclusão dos desígnios de Deus para o Seu povo na terra. Quer dizer que, desde a manifestação do Senhor Jesus em carne, há aproximadamente 2000 anos, até o fim, transcorre apenas uma semana na visão de Deus. O período final é de apenas uma semana. Mas, atenção, pois aqui ocorre uma repartição na septuagésima e última semana em dois novos períodos de meia semana cada. Os versos em relevo destacam os eventos que devem suceder tanto na primeira como na segunda metade desta última semana. Em primeiro lugar, é dito no verso 26 que o Messias “será tirado, e não será mais”. Isto se refere a Jesus sendo rejeitado e morto pelos judeus (Is 53.8; Jo 1.10) e, pela Sua ressurreição e ascensão, deixando este mundo e voltando para o Pai (Lc 9.22; Jo 14.19). O verso 27 afirma também, ainda em relação ao Messias, que Ele “firmará um concerto com muitos” – uma clara referência ao Concerto da salvação eterna (“por uma semana” – sete tempos), selada no Seu sangue para a remissão dos pecados de muitos – do Seu povo (Mt 1.21; 20.28; 26.26-28). Voltando ao verso 26, ali é dito, na sequência da rejeição do Messias, que “o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário”. O povo aqui citado é o romano que, no ano 70 d.C., liderado pelo general Tito, cercou Jerusalém com seus exércitos e arrasou a cidade e o Templo, não deixando pedra sobre pedra (cf. Mt 24.2; Lc 21.20-24). O verso 27 volta a este acontecimento, pela citação de que, no meio da semana, o Messias faria “cessar o sacrifício e a oferta de manjares”. Isto se cumpre, primeiro, quando Cristo, pelo sacrifício único e perfeito de Si mesmo, tornava inúteis e obsoletos os sacrifícios e ofertas determinadas pela Lei (Hb 9.11-12; 10.1, 8-12). Mas, para que cessasse de fato toda religiosidade judaica, o Templo foi destruído, e nunca mais os judeus puderam realizar tais sacrifícios. A partir desse acontecimento, transcorre a segunda metade da última semana. Com o fim de toda a ordem mosaica baseada no Templo e na missão de Israel como povo de Deus – fim esse assinalado pela destruição de Jerusalém e do Templo, entramos no período final das setenta semanas. No verso 26, lemos que “até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações” – que é uma referência aos acontecimentos catastróficos e aflitivos que se abateriam sobre as nações até o fim do mundo, como Jesus avisaria os Seus discípulos (Mt 24.6-7). Observemos ainda, pelo verso 27, que esse é o tempo em que o Assolador, isto é, o espírito do anticristo, se faz presente no mundo (Jo 14.30; 1 Jo 2.18; 4.3; 2 Ts 2.1-5), manifestando-se na multiplicação do engano e da iniquidade (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-2; 2 Tm 3.1-4; 2 Ts 2.7, 9-12). Contudo, esse período também inclui o derramar da ira de Deus sobre todo o sistema e poder das trevas, com a destruição do próprio Assolador (cf. 2 Ts 2.7-8; Ap 20.10). Enfim, os principais objetivos descritos no capítulo 9 de Daniel aqui descritos nestas linhas foram: extinguir a transgressão; dar fim aos pecados; expiar a iniquidade; trazer a justiça eterna; selar a visão e a profecia; ungir o Santo dos Santos. Inicialmente há um período destacado de sete semanas e 62 semanas (as sessenta e nove semanas) tendo o seu início no reinado de Ciro, quando foi dada a “ordem para restaurar e reedificar Jerusalém” e que iria até a chegada do Messias, Jesus, e, então, até a vinda de Cristo são 69 semanas, faltando apenas uma semana. Nesse período final de uma semana é já a semana de número setenta; e no verso 26 e depois o 27 separadamente. No verso vinte e seis é dito que nesta última semana o Messias Jesus seria tirado e, mais, “o povo do príncipe que há de vir, destruirá a cidade e o santuário” e “até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações”. Já o verso 27 traz mais detalhes desta mesma última semana: o Messias “firmará um concerto com muitos por uma semana”. E, agora, há uma repartição desta semana final ao dizer: “na metade da semana fará cessar o sacrifício e a ofertas de manjares” e, ainda acontecerá que “sobre a asa das abominações virá o assolador e isso até a consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”. Enfim, o verso 27 primeiro refere-se ao concerto eterno (sete dias) que Jesus faz pela morte na cruz e “com muitos”, com os creem em seu nome é o concerto da salvação eterna, no perdão dos pecados pelo seu sangue. O clímax das setentas semanas acontece a partir da metade da última semana, os três e meio dias finais, quando, então, o Messias “faria cessar o sacrifício e a oferta de manjares” cumpriu-se isto quando Cristo morto pelos judeus tornava inútil os sacrifícios e ofertas determinadas pela lei e para que cessasse de fato toda religiosidade vã definida pela lei é que foi destruído o templo e a cidade de Jerusalém pelo “povo do príncipe que havia de vir” - os romanos, que, no ano 70 aD, com seus exércitos, não deixou pedra sobre pedra e desde então nunca mais se realizou tais rituais levíticos. Então de Jesus morto até o fim dos tempos faltam apenas três dias e meio.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Sacrifício de expiação do pecado

Eram rituais de expiação específicos aos seguintes casos: A – Pelos erros dos sacerdotes (cap. 4.1 a 12) B – Pelos erros do povo (cap. 4.13 a 21) C – Pelo erro do príncipe (cap. 4.22 a 26) D – Pelo erro de uma pessoa do povo (cap. 4.27 a 35) E – Por pecados diversos de alguma pessoa (cap. 5.1 a 13). Estes sacrifícios eram para expiação de pecados por erros em que, parece-nos, não envolviam uma ação direta ou voluntária do pecador ou pelo pecado no seu aspecto geral. Consistiam no sacrifício de um substituto (novilho, bode, cabra, cordeira, duas rolas ou pombos, ou uma porção de farinha), que em alguns casos eram totalmente queimado (parte sobre o altar e parte fora do arraial) e casos em que parte era queimada sobre o altar e o restante pertencia ao sacerdote. Pela distinção destes rituais observemos que quanto maior a responsabilidade (ou posição) do pecado, maior gravidade era atribuída à sua falha. Dos casos apresentados o Senhor aponta como mais graves o erro do sacerdote, ou seja, do que ministra (Tg. 3.1; Luc. 12.48) Outro detalhe digno de nota é que a transgressão do ministro (que gera escândalo – cap. 4.3) e o erro de toda a congregação, devem ser expiados à porta da tenda da congregação (cap. 4.4 e 14; I Tm 5.2). 5 – Sacrifício de Expiação de Culpa (cap. 5.14 a 6.7 e cap. 7.1 a 10) Este ritual era para expiação da transgressão por ignorância contra as coisas sagradas (5.15) e contra os mandamentos (5.17) ou por pecado voluntário (mentira, falso testemunho, outros – 6.2 e 3). Consistia no sacrifício de um carneiro (Is 53.4 a 7), segundo o ritual do sacrifício em expiação pelo pecado (visto no item 4, acima). 6 – Oferta pela Consagração do Sumo-Sacerdote (cap. 6.19 a 23) Era a oferta feita pelo sumo-sacerdote no dia de sua consagração (vs. 22). Constava da oferta de manjares, diferenciando no fato de ser determinada e de ser totalmente queimada sobre o altar. Cremos referir-se à entrega total ou dedicação total de Jesus ao seu ministério (Sl. 40.6). Observações gerais: Repetimos que os sacerdotes, em sombras e figuras, ministravam. Estavam descritos, nesta seção, vários rituais, sob diversos aspectos e formas, todos simbolizando a expiação, remissão, santificação que há em Jesus. Foram muitos símbolos usados, porque cada um, de per si, era insuficiente para bem apontar ou apresentar tudo o que é e fez por nós o Senhor Jesus. Ou seja, tudo o que a lei determinava é cumprido e toda a necessidade do pecador é suprida em um único sacrifício de Jesus (At 13.37 a 39; Rm 3.19 a 22; 8.1 a 4; I Co 1.30; Hb 7.25, 10.9 a 14).

Sacrifício Pacífico

Parece-nos que se apresentava em três modalidades: sacrifício pacífico, sacrifício pacífico de louvores e sacrifício pacífico por voto ou voluntário (cap. 7.11, 12 e 16). As duas últimas consistiam do mesmo cerimonial da primeira, acrescentando-se uma oferta de manjares e algumas prescrições específicas a cada caso (cap. 3.1, 6, 7 e 12), cujos órgãos, gordura e sangue eram queimados sobre o altar; o peito e a espádua direita eram do sacerdote e o restante do ofertante (cap. 7.28 a 36). Nesta oportunidade a Palavra frisa várias vezes a proibição de se comer o sangue e outras coisas consagradas ao Senhor. Cremos significar este sacrifício a expressão da comunhão entre Deus e o salvo. A nossa paz deve-se à morte redentora de Jesus (Is 53.5; Rm 5.1, 9 a 11; Lc 19.42; Jo 16.33; Ef 2.14).

Oferta de manjares

Era a oferta voluntária de cereais (em grãos, farinhas, etc.), a qual deveria ser acompanhada com azeite e incenso, mas sem fermento e mel. Observemos o azeite símbolo da unção do Espírito, enquanto o incenso, símbolo da oração, era todo destinado a Deus. Parte do cereal era queimada sobre o altar (chamada de memorial) e o restante era do sacerdote. Esta oferta é a do reconhecimento da bondade do Senhor e da gratidão pelo sustento da vida. Ver ainda os versos I Tm 4.4 e 5; Rm 8.26; Ap. 5.8.

Ofertas ao Senhor: holocausto

Era o sacrifício oferecido pelo israelita para sua dedicação ao Senhor, através de seu substituto, um animal (macho das vacas ou ovelhas, rolinhas ou pombos), que era queimado por inteiro sobre o altar. Era também chamado oferta queimada de cheiro suave ao Senhor (vs. 17). Significava a entrega total e voluntária do ofertantes (vs. 4). Tipificava a entrega voluntária e total de Jesus, de amplitude eterna e nós nEle (Hb 7.24 a 28; 10.8 a 14). Esta entrega total (sem reservas) ao Senhor deve ser levada a efeito por todo o crente, conforme expresso acima e na segunda epístola aos coríntios e aos romanos (II Co 5.14 e 15 e Rm 12.1).

Como estudar os regulamentos do sacerdócio levítico

Assim, este pequeno estudo foi dividido em 11 seções e elas de igual forma subdivididas, de acordo com cada caso, em partes de acordo com os assuntos. Na seção I são tratadas das ofertas ao Senhor e subdividida em 6 partes sendo descritos desde o holocausto até a oferta pela consagração do sumo-sacerdote. Em seguida, na Seção II será explicada a consagração do sacerdócio desde a consagração de Arão e seus filhos até a morte de Nadabe e Abiú. Após, na Seção III é analisada as leis relativas à purificação até a lei do fluxo. A Seção IV é utilizada para examinar o dia da expiação e outras instruções sobre os sacrifícios. Já na Seção V são relatadas as advertências contra as abominações (cap. 18 a 20) e na Seção VI são descritas as instruções para os sacerdotes (cap. 21 e 22). Na seção VII são descritas as solenidades do Senhor (cap. 23) até a festa dos tabernáculos (vs. 33 a 44). Na seção VIII é narrada a lei das Lâmpadas e dos pães da proposição (cap. 24) seguida pela seção IX que estuda o ano sabático e o ano do jubileu (cap. 25). A seção X descreve as bênçãos e maldições (cap. 26) e na seção XI é terminada esta análise com os votos particulares e a avaliação deles (cap. 27).

Deus é um

Através da convivência ou do modo de se relacionar com o Altíssimo é quem vem às respostas para a pergunta: “Quem é Deus?”. Além dos sentidos que cada um pessoalmente exprime e atribui a Ele em seu trato próprio o Eterno, há ainda, vários outros encontrados na Palavra de Deus e uma das peculiaridades principais defendidas por estas linhas é a sua unicidade com o Filho Jesus e o Espírito Santo. Ao iniciar estas primeiras linhas, por cuidado e conveniência, faz-se necessária uma breve elucidação de um dos temas mais discutidos e cujos teólogos são interpelados cotidianamente que é saber quem é Deus na Bíblia pois concorda-se com a tese de Gehman (1957, p.12) na qual ele diz que a Bíblia tem autoridade pois espelha a revelação do Altíssimo, isto é, Ele se revela aos homens através dela, e, é, a única pela qual os dogmas devem ser julgados, “a verdade infalível” para os cristãos. Para Boff (2004, p.2) experimentar o transcendental é “sentir Deus com a totalidade de nosso ser”, não sendo pensar nEle, nem falar dEle para os outros, destacando a oportunidade/dever de toda a criatura usufruir do direito de relacionamento com o Altíssimo pois “ele arde em nossos corações e em nossa vida”, isto é, provar a Deus (DE FREITAS DA SILVA, CLAUDINEI APARECIDO, 2017), e, uma das formas é através da Palavra e ela destaca o ser superior como “Único” (Dt 6.4; 1 Co 8.6), o Todo-Poderoso (Gn 17.1; Ex 6.3), o Criador do céu e da terra (Gn 1.1), que se autodenomina “Eu Sou o Que Sou” (Gn 20.14). Alguns não se equivocam quando ao tentar entender o caráter eterno do Senhor e que a morte física do homem-Jesus, não altera a sua divindade, pois ressuscitou e vive para sempre? (CAVES,1996, p.96) e Mota (2012, p.897) destaca que o pensamento ocidental sempre acreditou em Deus como o ser original, uma definição que precisa ser alcançada pela inteligência humana, e,contrapõe a essa “imposição” de forma a negar e assim tentar compreender a questão maior que é: “como advém Deus para nós?” (MOTA, 2012, p.914). Há muitos estudiosos que não conseguem conceber a ideia de um Deus amoroso, como a sua imagem construída no mundo, principalmente ocidental, que classifica Deus como sujeito, sábio, único, a razão de toda a ciência, eterno (TASSINARI 2015, p.331), mas também precisam ser respeitados em suas visões particulares. Por exemplo, o ceticismo aflora em Hilda Hilst, como destaca Coelho (2005) que, ao tentar entender Deus, indo contra os atributos divinos da onisciência, onipotência, etc. Para ela o Criador, que é explanado de forma poética, configura-se em contrariedade ao entendimento cristão, como um ser que “descansa”, não acompanha o desenrolar dos fatos históricos. Contudo, Jeremias assim se expressou: “o Senhor Deus é a verdade”, “o Deus Vivo”, “o Rei eterno” e “o Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10.10;16). À Moisés, Ele disse: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6). Os serafins louvaram a Deus por sua perfeita santidade proclamando: “Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3). Outra forma de percepção de Deus é quanto à nossa consciência? A lei dEle está escrita nos corações humanos como proclama o autor do livro aos Romanos e aos Hebreus (Rm 2.15; Hb 10.16) e em outra partes bíblicas com assuntos correlacionados (Jr 31.33), por isso Artaud (1983) questiona como acabar com a cobrança de nossa consciência quanto a um julgamento divino por nossas ações? No livro “Deus existe” de Flew (2008) há o relato de um filósofo ateu contando as suas experiências particulares com Deus, destaca-se que ele era um homem, segundo ele próprio dizia, que não acreditava em nada. O povo de Israel aprendeu a “duras penas” (exílios) que não se pode colocar outros deuses para adoração, mas os teólogos criam deuses imaginários? Porém, o homem tendo conhecido a grandeza de Deus, não o glorificaram como Deus e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis (Rm 1.21,23), criando “outros deuses ou ídolos” que “são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta” (Sl 115.4-7). Jeremias afirmou que esses deuses são vaidade, obras de enganos, uma mentira e não há espírito neles (Jr 10.14-15) e o apóstolo Paulo aos Romanos diz que a “as coisas criadas” testifica de Deus (Rm 1.20). Por fim, acata-se a sugestão de Pfandl (2005) diz que ao se deparar com uma dificuldade de compreensão bíblica de qualquer assunto, faz-se necessário dispor de uma análise mais harmoniosa possível com todo o conteúdo da Palavra.