quinta-feira, 31 de maio de 2018

O anticristo, a apostasia e a grande tribulação.







As Escrituras Sagradas, particularmente o Novo Testamento, mencionam três eventos relacionados com os últimos tempos: a atuação do anticristo, a apostasia da fé, por parte de muitos, e uma grande tribulação sobre os fiéis. Quanto mais nos aproximamos do fim, maior será a frequência e intensidade com que veremos a manifestação desse espírito de rebelião e inimizade contra Deus e Cristo, e contra os Seus santos, até que o próprio Senhor se manifeste na Sua vinda, para salvar o Seu povo e destruir toda a oposição.

Considerando que o prefixo “anti” significa oposto; naturalmente, anticristo refere-se àquele que se opõe a Cristo. O texto da leitura bíblica caracteriza-o como “homem do pecado”, “filho da perdição”, “iníquo” (vv. 3, 8); por outro lado, João se refere a muitos que se têm feito anticristos, assim como a um “espírito do anticristo” (1 Jo 2.18; 4.3). O sentido de anticristo também pode ser o de colocar-se “em lugar de Cristo”, ou seja, de se apresentar como o verdadeiro Messias que haveria de vir (v. 4; cf. Mt 24.5, 23-24). Enfim, o anticristo não é um indivíduo particular, mas um espírito maligno que atua nos homens, nos filhos da ira, nos mais diversos campos de existência e ação desse mundo, que jaz no maligno (1 Jo 5.19).

Partindo da visão das Setenta Semanas, vemos que o tempo da atuação do anticristo tem início exatamente na metade da última semana, ou seja, a partir da subida de Jesus ao céu (Dn 9.26, 27). É aí que Satanás, o dragão, vencido pelo testemunho, e o perdão e a justiça assegurados pelo sangue do Cordeiro, foi precipitado na terra com os seus anjos (Ap 12.1-5, 7-11; cf. Jo 14.30; Lc 10.18). Até o fim, o adversário agirá com grande ira contra os santos (Ap 12.12-13, 17). Paulo afirma, no texto da leitura bíblica, que o “mistério da injustiça” já está em operação (vv. 6-8), ou seja, o anticristo já estava atuando em seu tempo. O que resta apenas é que ele seja manifestado, na vinda de Cristo, para ser destruído.

O principal objetivo do anticristo é opor-se formal e sistematicamente ao Senhor Jesus. Ele faz isto de diversas maneiras. No domínio político, atua através da “besta que subiu do mar”, ou seja, o conglomerado das nações deste mundo que se reúnem em oposição ao Cordeiro e aos santos (Ap 13.1-4, 5-7). No âmbito religioso, manifesta-se como a “besta que subiu da terra”, também chamada de “falso profeta” (Ap 13.11-14), com todo o engano das falsas religiões, filosofias e ideologias, levando a humanidade a se colocar em dependência do sistema desse mundo e a não se sujeitar a Cristo Jesus, o Rei dos reis. Essa atuação inclusive é acompanhada de sinais, para que sejam enganados aqueles que fizeram rejeição à graça de Deus oferecida no evangelho (vv. 9-12; 2 Co 4.3-4). E é o próprio diabo, Satanás, que inspira todas as estruturas de poder e pensamento deste mundo em oposição a Deus (Ap 16.13-14), além de atuar diretamente, com os seus demônios, em regiões espirituais (cf. Ef 6.11-13, 16; 1 Pe 5.8-9).

O termo apostasia significa o abandono deliberado e consciente da fé cristã anteriormente confessada. Isto ocorre de forma progressiva, na medida em que a verdade, ou a doutrina bíblica, é negada, alterada e substituída por doutrinas de homens, finalmente levando ao afastamento completo de Deus, à cauterização da consciência e ao naufrágio da fé. Os apóstolos, em suas epístolas, falam de muitos que em seu tempo já haviam incorrido nesse caminho de perdição (2 Tm 2.16-19; 2 Pe 2.12-20; 1 Jo 2.19).

Na visão das Setenta Semanas, na metade da última semana, o assolador viria “sobre a asa das abominações”, ou seja, sobre a multiplicação da iniquidade e do engano. Em outras palavras, o tempo da apostasia é o mesmo da vinda do anticristo, e tem início com a precipitação de Satanás na terra, e se estende até o fim. Paulo afirma, pelo Espírito de Deus, que isto ocorreria nos “últimos tempos”, em “tempos trabalhosos” (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 4.3); e Pedro declara que, assim como houve falsos profetas em Israel, no passado, a Igreja também seria incomodada por falsos mestres e heresias (2 Pe 3.1-4; cf. Jd 3-4, 17-19). João diz que já estamos na “última hora” seu próprio tempo como já sendo a “última hora”, em razão do abandono da verdade (1 Jo 2.18, 22; 4.1-3).

As provas de que a Igreja atravessa um momento claro de apostasia são muitos, incluindo: vida frívola de cristãos descomprometidos com a piedade, a oração, a santidade (Ap 2.4-5; 2 Tm 3.1-5); desprezo e indiferença pela Palavra de Deus, substituindo-a por tradições humanas (1 Tm 4.1-4; 2 Tm 4.3-4); o aumento da ganância de cristãos, inclusive pastores, por poder, dinheiro e fama (Tg 4.1-4; 1 Tm 6.9; 1 Pe 5.1-3); e muitas outras perversões, das quais as Epístolas estão repletas de exemplos, como coisas que já ocorriam no tempo dos apóstolos.

Um período de grande aflição e angústia para os servos de Deus está previsto nas Escrituras. Isto se deve à oposição do mundo, que odeia a Cristo e, portanto, odeia também aos que O seguem (Jo 15.18-21). A tribulação se manifesta nas perseguições, aborrecimentos, opressões, ofensas e até a morte por amor à verdade (Mt 5.11). Na verdade, é necessário que os cristãos passem por tribulações (At 14.22; 2 Tm 3.10-12).

É nas visões que teve o profeta Daniel que encontraremos referência ao tempo em que se dá essa grande aflição do povo de Deus. Nas Setenta Semanas, estão determinadas assolações até o fim, particularmente após a vinda do assolador, o anticristo (Dn 9.26, 27). Na visão do capítulo 7 do mesmo profeta, encontramos que os santos serão entregues nas mãos do reino representado pelo chifre pequeno “por um tempo, e tempos e metade de um tempo”, para serem afligidos e mortos (Dn 7.21, 25). Com a precipitação do dragão, Satanás, na terra, este imediatamente se levantou com grande fúria contra a semente da mulher, a Igreja, e os combaterá até o fim (Ap 12.17). Começando com os apóstolos, a maioria – se não todos – foram martirizados por amor ao evangelho. Outros também tiveram de dar sua vida por amor ao evangelho (At 7.57-60; cf. Hb 10.32-34). E assim, até aos nossos dias, temos incontáveis testemunhos, de todas as partes do mundo, de cristãos passando por grande tribulação. Mesmo que em alguns lugares, em algum momento, haja relativa tranquilidade, e alguns cristãos não sejam diretamente confrontados pelo mundo, entendamos que, no sofrer de um só membro, toda a igreja deveria se compadecer, como se todos sofressem (1 Co 12.26; Tg 5.13; Rm 12.2).

O que a torna a tribulação particularmente grande são os fatores já mencionados na lição: a atuação direta e em grande ira da parte do próprio diabo e de suas hostes infernais, que sabem que lhes resta pouco tempo; o propósito da besta – os reinos deste mundo – de se por em lugar de Deus, perseguindo e destruindo aqueles que não reconhecem o seu poder; o engano do falso profeta, ridicularizando o evangelho, obscurecendo a luz da verdade; e a humanidade sem Deus, que jaz prisioneira do pecado e ferrenhamente apegada ao amor deste mundo, e por isso odeia os que seguem a Cristo e os censura por não andarem no mesmo desenfreamento das paixões pecaminosas da carne.

A Igreja realmente se encontra nos últimos dias, no fim dos tempos. Não há nada mais que se esperar, senão a vinda de Cristo Jesus, nosso Salvador e Senhor, que porá fim a todo o sistema pecaminoso e corrupto deste mundo, vencendo os falsos reis da terra e os falsos profetas, assim como destruindo a todos os Seus adversários. Só então a Igreja será livrada de todas as suas aflições, e estará para sempre, em paz, com o Senhor.


Texto cedido por: EBD –  2º. Trimestre de 2018




ESCATOLOGIA 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário