Na
lição anterior estudamos o contexto histórico em que foi escrito o livro do
profeta Malaquias e a relevância da sua mensagem para igreja em nossos dias.
Nesta, vamos estudar a primeira profecia proferida por Malaquias ao povo de
Israel, onde o Senhor responde às murmurações e aos questionamentos feitos
pelos israelitas descontentes. Compreenderemos a prova do amor de Deus para com
o Seu povo eleito por Ele desde a fundação do mundo, e suas implicações para
uma verdadeira adoração.
As
aflições e prejuízos ocasionados pelo cativeiro babilônico induziram os
israelitas a questionarem o amor de Deus para com eles, bem como Sua fidelidade
em cumprir Suas promessas de paz e prosperidade. Duvidar do amor de Deus
subtrai toda e qualquer motivação para se oferecer a Ele um culto repleto de
reverência e gratidão. Estes israelitas eram incapazes de adorar ao Senhor
considerando Seus maravilhosos atributos e Seus grandes feitos que marcaram toda
a história de Israel, pois, para eles, o que realmente importava era o favor de
Deus para a presente situação em que viviam.
No
entanto, o Senhor, por meio do profeta Malaquias, mostra aos israelitas a
grandeza do Seu amor pelo Seu povo revelado desde Jacó, o patriarca amado e
eleito incondicionalmente para gozar de um papel privilegiado na história da
redenção como portador da promessa messiânica. Ora, se o Senhor, ao invés de
ter escolhido Jacó, tivesse escolhido Esaú para gozar do Seu soberano favor, os
israelitas seriam um povo rejeitado e desfavorecido diante d’Ele. Desde o parto
de Jacó até ao término do cativeiro babilônico, a mão do Senhor sempre esteve
estendida para o Seu povo eleito, contudo, os mesmos conservavam seus corações
endurecidos e indiferentes ao seu Criador (Rm 10.16-21; Hb 3.7-19).
Se
os israelitas nos dias de Malaquias conseguissem enxergar o amor de Deus para
com eles, revelado na eleição incondicional de Jacó e de seus descendentes,
certamente teriam abundantes motivos para adorar ao Senhor, mesmo sofrendo
severas adversidades (Hc 3.17-19).
Ao
longo de vinte anos, Isaque orou instantemente ao Senhor por sua mulher,
porquanto esta era estéril. Somente no tempo determinado pelo Senhor, Rebeca
foi curada de sua esterilidade e feita uma alegre mãe de filhos. A longa espera
foi recompensada com dois filhos gêmeos, dos quais o Senhor elegeu o mais novo,
segundo Seu incondicional e livre amor, para ser agraciado como o ramo da
genealogia do Messias, bem como o patriarca das doze tribos de Israel. Na
concepção e na designação da identidade e do propósito tanto de Jacó como de
Esaú, o Senhor revela Sua soberania para que a glória seja inteiramente Sua (Gn
25.19-27).
Para
os contemporâneos de Malaquias, deve ter parecido que o profeta tinha cometido
um engano ao apelar para os destinos contrastantes de Israel e Edom como prova
do amor de Deus por Israel, porquanto os edomitas não sofreram com o cativeiro
babilônico como os israelitas. Os edomitas não apenas se alegraram com a ruína
de seus irmãos israelitas como também ajudaram ativamente os invasores
babilônicos, ao cortarem as rotas de fuga de seus irmãos (Sl 137.7; Ez
25.12-14; Ez 35.15; Ob 8-21).
Enquanto
os israelitas sofreram com a devastação total de seu país pelas mãos dos babilônios
em 587 a.C., os edomitas experimentaram o juízo do Senhor pelas mãos dos
árabes, que gradualmente os forçaram a abandonar sua terra natal, entre 550 e
400 a.C., fazendo com que se fixassem em uma área ao sul da Palestina chamada
Idumeia. Enquanto Judá seria graciosamente restaurado após sofrer a severa
correção do cativeiro babilônico, o juízo sobre Edom seria permanente e
irreversível. O Senhor, como um pai que ama os Seus filhos, corrigiu Judá a fim
de conceder ao Seu povo a participação em Sua alegria e santidade (Hb 12.1-11).
Vemos
no testemunho pessoal do apóstolo Paulo o exemplo da devoção apaixonada do
cristão, em contraste com a cegueira espiritual dos judeus nos dias de
Malaquias. Paulo era tão convicto do amor do Pai provado pelo sacrifício de Seu
Filho na cruz do Calvário que não permitia as densas trevas do sofrimento
ocultarem a resplandecente luz do Evangelho em seu coração. O santo apóstolo
compreendia o propósito de seus sofrimentos presentes, bem como aguardava sua
recompensa definitiva no arrebatamento da igreja. Observe que Paulo, ao
contrário dos judeus contemporâneos de Malaquias, sabia muito bem como o
sofrimento provocado pelos inimigos do Evangelho contribuiria para o propósito
eterno estabelecido por Deus em sua vida.
Da
mesma maneira, nós, discípulos de Cristo nesta geração, precisamos encarar o
sofrimento com uma perspectiva positiva, convictos da nossa soberana eleição,
segundo a eterna graça de Deus, a qual nos destinou para a redenção eterna (1
Ts 5.1-11; 2 Ts 2.13-17; 1 Pe 1.3-12). O dom da fé que nos foi concedido
graciosamente para nos apropriarmos da justiça de Cristo é também responsável
por nos sustentar firmes durante nossa peregrinação, para permanecermos
confiantes em Deus mesmo quando as circunstâncias são extremamente adversas (1
Pe 5.10-12). Além disso, contamos com o Consolador, responsável por cooperar
conosco a fim de assegurar o êxito da nossa peregrinação (Jo 15.26-27; Jo
16.7-14).
Portanto,
a adoração cristã é produto da verdadeira fé cuja confiança está firmada no
amor incondicional e eletivo do nosso amoroso Pai Celestial. As adversidades do
tempo presente são incapazes de sufocar nossa apaixonada adoração por nosso
Senhor, pois estamos certos do Seu amor por nós e da recompensa que nos aguarda
(2 Co 4.6-18).
Embora
os judeus contemporâneos de Malaquias fossem incapazes de perceber o amor de
Deus por eles em função de todo o seu sofrimento, nossa fé em Cristo nos
permite enxergar o amor de Deus além do véu do sofrimento, pois estamos
convictos da nossa eleição em Cristo, bem como somos esperançosos quanto à
recompensa reservada na eternidade para nós.
Texto cedido por: EBD – 4º. Trimestre de 2018
LIVRO DE MALAQUIAS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário