Chegamos
à última lição sobre as parábolas de Jesus. Não encerramos o assunto, pois é
muito extenso para ser abordado em apenas um trimestre. Abordamos as principais
parábolas; as demais devem ser estudadas à parte por cada um nós. Para isso,
devemos utilizar os princípios básicos de buscar o assunto principal da
narrativa, atentando para a verdade ilustrada, dar atenção ao contexto e não
nos atermos demasiadamente aos detalhes da parábola. Para concluir o trimestre,
estudaremos mais três parábolas: a do rico insensato, a da figueira estéril e a
do mordomo infiel.
A
parábola do rico insensato deve ser entendida à luz de seu contexto imediato,
que neste caso está nos versículos 13 a 15. Ela é parte da argumentação de
Jesus em relação ao pedido de um jovem que lhe roga para intervir em uma
disputa por uma herança. Jesus responde ao jovem, condenando o buscar a Deus
com interesses puramente materiais; então, para alertar acerca dos perigos da
avareza, conta esta parábola que ilustra a pequenez e insensatez de um homem
que vive apenas em função das riquezas e dos bens materiais. Jesus não está
condenando o ter riquezas, mas a ganância e a avareza, que é a insatisfação da
alma desejando cada vez mais, idolatrando e divinizando o dinheiro e
dobrando-se diante dele (Pv 11.24-28).
De
forma negativa, ilustrando como não se deve fazer, Jesus nos ensina com essa
parábola que a conquista dos bens materiais não deve ser o nosso objetivo.
Vejamos por que Deus chama o homem de insensato: ele busca a autossuficiência
nos bens materiais, ao invés de depender de Deus; ele deseja a segurança para o
futuro e se prepara para evitar qualquer imprevisto; ele opta por um modo de
vida egoísta, pensando exclusivamente em si mesmo; o objetivo final da sua vida
era descansar, comer, beber e folgar; ele não considera que todos hão de
comparecer perante Deus e prestar contas. Toda a sua vida estava em desacordo
com os ensinamentos das Sagradas Escrituras.
A
Bíblia ensina a nunca confiarmos nas riquezas (Sl 62.10) e que o amor ao
dinheiro é a raiz de toda espécie de males (1 Tm 6.9-10). Além disso, a Bíblia
diz que nosso sustento vem do Senhor (Sl 104.27-30). É Ele o dono de todas as
coisas (Sl 24.1; Ag 2.8). É uma loucura querer o controle sobre o futuro – o
dia de amanhã é incerto e imprevisível. Jesus nos ensinou a não ficarmos
ansiosos pelo futuro, bastando “a cada dia o seu mal”. Entretanto, é do ser
humano o desejo de controlar o que ainda está para vir e de estar preparado
para o inesperado. Quão enganoso é este desejo – naquela mesma noite aquele
homem seria surpreendido sem a mínima condição de concretizar seus planos e projetos
(Tg 4.13-17). O cristão não deve se inquietar por coisa alguma, muito menos
pela incerteza do futuro. Os que confiam no Senhor estão seguros, não pelos
bens que possuem, mas pelo Deus que servem (1 Pe 5.7; Mt 6.25-34; Fp 4.6; Sl
125.1).
O
contexto da parábola da figueira estéril é o ensino de Jesus sobre a
necessidade do arrependimento verdadeiro. Citando os galileus que Pilatos
matara, alguns atribuíam a ocorrência de calamidades somente sobre os que, não
sendo judeus, cometem pecados grosseiros. Jesus ensina que os que sofrem tais
calamidades não são necessariamente mais pecadores que os outros, mas que todos
necessitam igualmente de se arrependerem. Ele demonstrou que todos os homens,
não importando se judeus ou gentios, estão em igual condição diante de Deus.
Deste modo, caso os judeus, que se consideravam privilegiados diante de Deus
por serem descendentes de Abraão, não mudassem de conceito, de igual modo
pereceriam – passariam para a eternidade sem Deus e sem salvação.
O
ensino ilustrado é que, conforme a pregação do profeta, o Senhor espera que
aqueles que se arrependem produzam frutos dignos da sua nova natureza. A
ausência de frutos significa ausência de arrependimento e tem como consequência
a perdição – não é admitido ocupar a terra inutilmente. Nas palavras do Mestre,
toda vara que não dá fruto é cortada e lançada no fogo. São vários os textos
paralelos que se relacionam com essa parábola: os servos do Senhor estão
plantados na Sua casa, são a Sua vinha, comparados a árvores de justiça, são galhos
da videira verdadeira e chamados lavoura de Deus. Todas essas passagens remetem
à necessidade de sermos frutíferos, e o fruto esperado é nada menos que o fruto
do Espírito (Gl 5.22).
Há
na narrativa referência também à longanimidade de Deus. Antes da condenação, o
Senhor concede todas as oportunidades, todos os recursos, todo o tempo
necessário; somente diante do desprezo a todas as manifestações do amor de Deus
o juízo alcança o pecador de forma definitiva (2 Pe 3.9; Ap 2.21; 2 Pe 2.5).
Na
parábola do mordomo infiel, Jesus narra a situação de um administrador dos bens
do seu senhor, que diante da iminência de ser destituído dos seus recursos, usa
de esperteza e desonestidade para garantir o seu sustento depois de ser
destituído do seu cargo. A busca da interpretação desta parábola tem causado
muita controvérsia, pois, à primeira vista, seria um incentivo à desonestidade.
Lancemos
mão de passagens semelhantes como a de Lucas 18.1-8, na qual a atitude de Deus
é comparada com a atitude de um juiz sem justiça, ou da leitura de Mateus
10.16, na qual Jesus convida os discípulos a terem atitudes semelhantes às das
serpentes; convenhamos que o Senhor não está dizendo que os seus seguidores são
serpentes ou que Deus não é um juiz justo. O Mestre usa determinado aspecto de
uma situação para ilustrar uma verdade específica.
Jesus
está ensinando que todos os bens deste mundo, em comparação com os celestiais,
são considerados riquezas de injustiça (lembremos quanta injustiça há no
mundo), e que os que estão empenhados em chegar aos céus devem utilizar os bens
colocados à sua disposição em prol do reino de Deus, com o mesmo ânimo e com a
mesma prudência que os ímpios usam os seus para atingir os objetivos neste
mundo. Encerrando a parábola, Jesus alerta que aquele que não for fiel nas
riquezas injustas não receberá as verdadeiras. O que é elogiado no mordomo é a
sua prudência, não a sua desonestidade (Lc 7.4-5; At 4.34-37; At 10.1-2).
Encerrando
o nosso estudo das parábolas, vimos o ensino de Jesus sobre o cuidado com as
riquezas e a loucura que é a avareza; a necessidade dos que estão plantados na
casa do Senhor de serem frutíferos, e o uso adequado dos bens colocados sob a
nossa administração. Como verdadeiros mordomos do Senhor, vamos usar com
sabedoria todos os dons que Ele graciosamente nos tem concedido, pois com
certeza havemos de prestar contas da nossa mordomia. Coloquemos, pois, em
prática a Palavra de Deus.
* Texto cedido por: EBD – 2º. Trimestre de 2017
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
ASSEMBLÉIA DE DEUS
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP
“PARÁBOLAS”
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