quinta-feira, 26 de abril de 2018

Sinais da vinda de Cristo.







Falando publicamente aos judeus, ou aos discípulos em particular, Jesus ensinou e advertiu várias vezes sobre uma futura e última vinda, em poder, glória e majestade. Mas é por ocasião do presente discurso que o Mestre dá maiores detalhes sobre este acontecimento. Tudo começa quando os discípulos, querendo impressionar Jesus, chamam a Sua atenção para a estrutura magnífica do Templo, que era o orgulho de todo o israelita. Cristo então declara que tudo aquilo seria arrasado, e que não ficaria “pedra sobre pedra, que não fosse derribada” (v. 2). Diante desta predição, os discípulos fazem a pergunta chave que originou o grande discurso profético: “Dize-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (v. 3).

Os judeus eram ansiosos por sinais para que pudessem crer (Mt 16.1; 1 Co 1.22). Os povos pagãos, por sua vez, se assustavam com qualquer sinal do céu (Jr 10.2). Por isso, em resposta à pergunta feita pelos discípulos: “Que sinal haverá”, Jesus trata primeiro daquilo que não deveriam considerar como sinais da Sua vinda.

Nesta predição, o Senhor admoesta os discípulos a estarem atentos contra a operação do engano, pela qual muitos creriam que Cristo já teria voltado, mediante falsos mensageiros e falsos sinais ou prodígios (vv. 11, 24). Ao contrário de uma manifestação particular, o sinal da vinda de Cristo será evidente e inequívoco perante o mundo todo (vv. 25-28; cf. 2 Ts 2.1-2; Ap 1.7).

Pequenas e grandes guerras têm manchado o planeta com sangue e destruição. A todo momento surgem novas ameaças de conflitos, desestabilizando qualquer tentativa de paz duradoura entre as nações. Mas até ao fim haverá guerras e, portanto, não podem servir como sinais da vinda do Senhor. Assim também outras mazelas da sociedade humana, como fomes, doenças e catástrofes naturais, assim como eventos no céu (Lc 21.11), ocorrem a todo o tempo, não podendo ser apontadas de modo particular como sinais. São antes juízos de Deus sobre as nações, por rejeitarem o senhorio de seu Filho Jesus, e por adorarem à criatura ao invés do Criador (Sl 2.1-5).

Jesus refere-se metaforicamente às dores de parto de uma mulher, que anunciam a hora de dar à luz uma criança. Os acontecimentos descritos até aqui, embora não sejam propriamente sinais da vinda de Cristo, demonstram a perplexidade e o desespero da criatura diante dos males que se evidenciam na terra (Lc 21.25-26; Dn 12.4); é o pressentimento da chegada do fim dessa agonia (Rm 8.20-22). Ante o caos dos acontecimentos em que o mundo se precipita, o crente não deve se assustar, mas considerar que tais coisas apenas prenunciam um juízo ainda mais terrível sobre o mundo, e vigiar para não se deixar entorpecer pelas distrações desta vida (Lc 21.34-36; 1 Ts 5.1-5).

Nestes versículos, Jesus previu acontecimentos que afetariam os Seus discípulos em particular, mas em todo o tempo – desde os apóstolos até a consumação dos séculos.
Às dores que atingem as nações em comum, acrescenta-se a prova da fé a que os cristãos deveriam se submeter, em aflições e perseguições por amor ao Evangelho (At 14.22; 1 Pe 4.12-14) – até a própria morte (Jo 16.1-4). O mundo aborrece a Cristo; logo, aborrecerá também a todos os que quiserem segui-lO (v. 29; Jo 15.18-20; 2 Tm 3.12).

Jesus aponta os problemas que ocorreriam internamente na igreja. Muitos haveriam de se escandalizar, abandonando a fé, por causa das perseguições (Mc 4.17; Lc 7.23). Outros ainda fomentariam contendas, divisões e heresias (1 Jo 2.18-20; Lc 17.1; Rm 16.17,18; 1 Co 11.18-19). Falsas doutrinas seriam sorrateiramente introduzidas (1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2.1-3; 2 Ts 2.3-4), pelas quais muitos seriam engodados (2 Tm 4.1-4). O aumento da iniquidade, ou seja, da violação dos princípios divinos, acabaria solapando o amor a Cristo e ao próximo, e isto traria a ruína de muitos crentes e igrejas (Ap 2.4-5). Porém, contra esta situação geral de abatimento e indiferença, haveria aqueles que “perseverariam até ao fim”, ou que “na paciência possuiriam as suas almas” (Lc 21.18,19).

Apesar das dificuldades externas e internas, é certo que a igreja subsistiria em todo o tempo, até o fim, pois a ela fora confiada a obra de pregação do evangelho (Mt 28.18-20; Ap 6.11; 7.3). E, mesmo quando sob as circunstâncias mais aflitivas, os cristãos ainda poderiam glorificar a Deus pelo seu testemunho (Lc 21.12-15).

Em resposta à pergunta dos discípulos, Jesus também fala sobre “quando serão essas coisas” – no caso, a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém. Isto já havia sido predito por Daniel (Dn 9.26), e em outras ocasiões pelo próprio Senhor (Mt 23.33-36; Lc 13.33-35). Em complemento à palavra falada a princípio (vv. 1-2), Jesus orienta Seus discípulos para que, quando a destruição do Templo pusesse fim a todo o sistema de adoração mosaico, eles não se escandalizassem, como os demais judeus (cf. At 6.13-14).

O sinal claro de que a destruição da cidade havia chegado seria a aproximação das legiões romanas (Lc 21.20-22); ao invés de mandalos ficar e resistir obstinadamente ao inimigo – como muitos judeus fizeram – Jesus aconselha os discípulos a abandonarem Jerusalém, e a região da Judéia, o mais rápido possível. Observamos que os particulares destacados por Cristo representam as circunstâncias e características da época, como a estrutura das casas, o trabalho no campo, a dificuldade de viajar no inverno e as limitações do dia do sábado.

Os dias do cerco e da destruição de Jerusalém seriam dias de terrível e incomparável aflição para o povo judeu. Além da assolação da cidade e do Templo, do morticínio de milhares e da humilhação dos sobreviventes, toda essa destruição seria o juízo de Deus sobre o povo de Israel (Lc 21.22-24), por terem rejeitado o Filho de Deus e por perseguirem os Seus enviados (Mt 21.42-44; 1 Ts 2.14-16).

Tanto os acontecimentos particulares que se deram no ano 70 d.C., como também os acontecimentos gerais e os falsos alardes sobre a vinda de Cristo, preditos como acontecimentos atuais, na verdade foram todos presenciados por aquela geração, como os próprios apóstolos testificam em suas epístolas. Jesus queria que tanto eles como nós estivéssemos igualmente preparados e alertas para a Sua vinda iminente (v. 42), porque o fim vem para todas as gerações – seja por guerras, fomes, pestes, terremotos, perseguições ou assolações como a que os discípulos presenciaram na destruição de Jerusalém.


Diante dos acontecimentos previstos por Cristo, e que presenciamos se cumprirem em nosso próprio tempo, estejamos certos de que o dia da Sua vinda está muito perto de nós – na verdade, está às portas da nossa geração. Não sabemos exatamente quando Ele virá, por isso a exortação será sempre atual: “Vigiai”.



Texto cedido por: EBD –  2º. Trimestre de 2018


ESCATOLOGIA 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP


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