quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O senhorio de Cristo sobre o povo de Deus.







A natureza humana prefere o que se pode ver, sentir e, principalmente, compreender; aliás, é por isso que, nos assuntos de fé, foi preciso que Deus nos tivesse dado esse dom, ou nunca entenderíamos nem aceitaríamos a Sua verdade. A aula de hoje enfocará o Senhorio de Cristo sobre o povo de Deus e a Sua superioridade em relação a Moisés e Josué, além de nos alertar sobre o perigo de desobedecermos à voz de Deus e permanecermos na incredulidade, que nos impede de entrar no descanso de Deus.

No capítulo 3, os destinatários são identificados como: “irmãos santos, participantes da vocação celestial”. Eles são chamados de santos por causa da ação do Santificador, e irmãos porque constituem uma família com a qual Cristo estava disposto a se identificar. Eles não partilham de um chamado terreno, tal como o dos israelitas para a terra de Canaã, mas de uma “vocação celestial” (1 Co 1.26; Ef 4.1 e 4). O chamado vem do céu e os leva para o céu; uma voz que vem de Deus e nos convoca a Deus, por isso é de suma importância fixar em “Jesus Cristo” a nossa atenção e não permanecermos desinteressados ao Seu convite.

O autor refere-se a Jesus Cristo com os títulos de “apóstolo” e “sumo sacerdote da nossa confissão”. O apóstolo é alguém enviado com pleno poder e autoridade para representar aquele que o enviou. Enquanto o sacerdote era aquele que intermediava o contato entre os homens e Deus. Se, no antigo concerto, Moisés era também um apóstolo (vv. 2-5), e Arão, o sumo sacerdote do povo de Deus (5.1-5), agora, sob o novo concerto, esses dois ofícios estão unificados em Jesus. Ele é o apóstolo supremo de Deus e o sumo sacerdote perfeito, porque é perfeitamente homem e Deus – n’Ele Deus vem aos homens e os homens vão a Deus.

No verso 2, é afirmado que Cristo, por meio da obediência, foi “fiel ao que o constituiu”, isto é, a Deus. Em paralelo, recorda-se que Moisés também foi fiel em sua posição com referência à casa de Deus, o povo de Israel (Nm 12.7). Todavia existe uma grande diferença entre Cristo e Moisés. O propósito dessa comparação é exaltar a Cristo, reconhecendo o valor da antiga aliança e provando que a nova é melhor. Jesus é tido por “digno de maior glória e honra”, pois Ele é o grande edificador da casa (vv. 3-4; cf 1.2, 10), enquanto Moisés é parte da grande construção de Deus. A distinção ainda é acentuada ao apresentar Moisés como um “servo” na casa e uma figura daquele que havia de vir (v. 6; Dt 18.15), porém, Cristo é o “Filho de Deus”, o Senhor absoluto de Sua própria casa, o Seu povo – a Igreja, formada por aqueles que conservam firmes a confiança e a glória da esperança até o fim (1 Co 3.9, 16; 1 Pe 2.5; 1 Tm 3.15).

Nestes versos, os leitores são exortados sobre o perigo de desobedecerem às orientações da parte de Deus. O autor afirma que as palavras anunciadas nas Escrituras não são meras palavras de homens, mas quem fala é “o Espírito Santo” (v. 7). A advertência é a seguinte: “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto”. É salientado que a plenitude dos tempos chegou e o tempo oportuno para a salvação é hoje. Deus convida os homens à salvação, estes devem corresponder a esse maravilhoso convite e se arrependerem dos seus pecados, para que sejam perdoados e se tornem participantes de Cristo (3.7, 13; 2 Co 6.2).

O conselho é claro e objetivo: não se deve rebelar, nem tentar a Deus como ocorreu com o povo de Israel durante “os quarenta anos” que peregrinaram no deserto (Sl 95.7-11; Nm 14.1-38); por isso a indignação de Deus contra esta geração: “Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos” (v. 10). Este exemplo demonstra que Deus estava imensamente desgostoso com os rebeldes israelitas, o que justifica Seu voto solene contra eles: “Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (v.11). O descanso referido era a terra de Canaã, que 6 havia sido providenciada pelo próprio Deus (Dt 12.9). Porém, em vista de seus desvios habituais, os “desobedientes” e “incrédulos” perderam a oportunidade de entrar em Canaã e pereceram no deserto.

No verso 12, a exortação do autor torna-se agora direta: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo”. Percebe-se que a apostasia é a última consequência da incredulidade, e esta, como indica o versículo 13, surge de um coração endurecido pelo pecado. O autor esclarece que voltar à antiga religiosidade é abandonar o Deus vivo (Gl 5.4), e assim, rejeitar a Cristo é também rejeitar ao Deus verdadeiro. O capítulo iniciou demonstrando a fidelidade de Cristo e termina apresentando que a infidelidade foi o motivo da queda de Israel.

Não há interrupção de pensamento entre os capítulos 3 e 4. O autor deixa claro que, por causa da desobediência e da incredulidade, os israelitas foram impossibilitados de entrar no descanso de Deus; porém, ainda hoje, a promessa de Deus do Seu descanso continua à disposição de todos os homens (v. 1). Sabe-se que tanto os cristãos quanto o povo de Israel receberam as boas novas, porém, os israelitas, depois de as terem ouvido, não confiaram suficientemente em Deus para acreditar que Ele iria acompanhá-los e conquistaria uma terra para eles (Nm 13.1-33). Assim como na parábola do semeador, a dificuldade não estava na mensagem, mas nos ouvintes. Diante desse exemplo, os leitores da epístola são exortados a abraçarem a fé para que possam entrar no repouso (v. 3).

A entrada no descanso divino se dá exclusivamente mediante a fé em Cristo. A advertência aos desobedientes e incrédulos é solene: “não entrarão no meu repouso” (v. 3, 5, 6). O descanso é o descanso de Deus, sendo d’Ele não só porque foi quem o originou como porque Ele mesmo entrou no descanso depois de ter terminado as obras da criação. Jesus disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos ... e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.28-30).

 Vemos, pois, que a terra de Canaã foi um descanso, mas em forma de sombra, para além do qual os crentes têm de prosseguir. É nesse sentido que o apóstolo afirma que Josué não lhes deu descanso, porque, sob sua liderança, o povo entrou na terra prometida a fim de empenhar-se por alcançar o céu ainda com maior zelo. Se este descanso tivesse sido adequado, o salmo não falaria “de outro dia” (v. 8).

O autor conclui dizendo que restava um descanso para o povo de Deus, ou seja: um descanso espiritual, para o qual Deus nos convida diariamente.


Embora Moisés tenha efetivamente realizado muitas obras importantes em prol do reino de Deus aqui na terra e, naturalmente, tenha se tornado conhecido e reverenciado pelo povo judeu, ele foi apenas um instrumento nas mãos de Deus, como depois o foi Josué. Eles nada poderiam fazer por si mesmos, nem pelos outros, sem a capacitação e orientação divina. Desta forma, entendemos que cada um de nós poderemos ser bênção nas mãos de Deus para Sua glória. Porém, somente Deus deve ser exaltado. Cristo é o alvo da nossa devoção, adoração, gratidão e serviço, o nosso referencial. Nunca idolatremos qualquer homem que seja, mas somente a Cristo.





* Texto cedido por: EBD – 1º. Trimestre de 2018


EPÍSTOLA AOS HEBREUS 

ASSEMBLÉIA DE DEUS 
MINISTÉRIO GUARATINGUETÁ-SP


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